Utopia?
A escuta se forma pouco a pouco,
e três ou quatro gerações modificam os ouvidos de uma nação.
Voltaire (1694-1778)
A profética frase do grande escritor, ensaísta e filósofo francês, contida em uma de suas missivas ao se referir à música, pode ser aplicada a qualquer área do conhecimento. Voltaire teria ido além, pois vaticina nessa carta que o interlocutor “dar-lhe-á notícias daqui a cento e cinquenta anos”. Essas “três ou quatro gerações” de que nos fala o ilustre pensador têm sido abreviadas, pois a escuta teve uma transformação brutal nessas últimas décadas. O gosto majoritário da juventude desligou-se da tradição erudita, popular de raiz ou elaborada a partir de diversos procedimentos como o jazz, a canção francesa e italiana, o samba-canção, a bossa-nova, como exemplos dessas criações. Transferiu-se para a parafernália acústica, à qual dezenas de milhares de alucinados acorrem quando dos megaeventos onde essa barulhada persiste madrugada adentro. Entoam a descartabilidade com a convicção de que se ouve o mito “eterno”. As cenas do último festival LollaPolooza bem evidenciam a histeria coletiva frente a ídolos que se utilizam de tantos recursos eletrônicos e visuais para favorecer a ideia do “demiurgo” vociferando “músicas” e “letras” de baixíssima qualidade, que fariam corar versejadores de canções autênticas. E, dias antes, muitos desses jovens frequentadores acampam no entorno, vindos dos rincões desse país. O sertanejo-brega e a barulhada dos trios elétricos no nordeste inebriando as massas são outras tipificações. Tem-se apenas um exemplo daquilo que Mario Vargas Llhosa entende como a decadência irrefutável da cultura tradicional.
Diariamente somos invadidos por uma quantidade crescente de mensagens eletrônicas. Há os antivírus que têm, de maneira razoável ajudado a combatê-las, mormente as “comerciais” ou aquelas imbuídas de conteúdos de toda ordem, mas nocivas. De um amigo de Portugal recebi uma foto com dizeres que, além da mensagem intrigante, provocativa, mas repleta de verdades, levou-me à reflexão. Partilho com o leitor a foto e teço algumas considerações.
A hipotética viagem para um mundo melhor, ainda mais tendo uma criança como símbolo, não seria a certeza de que neste planeta ainda se pode sonhar? O cenário mundial mostra-se instável. Europa em crise e um dos poderosos da KGB da antiga URSS, a dar sinais de senhor da guerra, estaria a vislumbrar uma Grande Rússia. Apesar da gritaria oficial do Ocidente, pouco a pouco acalenta suas aspirações, pois parece que esse mandatário permanecerá num ad eternum possível a governar o “Império”. Sob outro aspecto, regimes democráticos estáveis e com governantes probos, mormente em alguns países tradicionalmente afeitos à alternância do poder, sabem, na medida do possível, controlar seus gastos, a economia e a vida social. Estão fundamentados num pilar irrefutável, a Educação. Pode estar em alguns desses países um mundo melhor. Alternância do poder é resultado da Educação. Sem ela, a teia formada pela não compreensão por parte do povo dos problemas graves de um país, faz sucumbir liberdades inalienáveis, mercê dos votos dos rigorosamente desinformados. Tivesse o povo acesso pleno à Educação, mãe de todas as virtudes, a alternância do poder seria inevitável.
Um Mundo Melhor é o almejo da grande maioria dos humanos. Como admiti-lo, se povos de um mesmo país se digladiam em conflitos cujo estopim não teria curso houvesse ponderação e respeito, quando de fases preliminares, em que diálogos são rompidos tantas vezes por disputas inconsequentes? É o fanatismo a sufocar as mentes lúcidas.
Mundo Melhor. Teremos de sonhar ainda. A menininha da ilustração deseja estar nesse utópico planeta, onde a fraternidade entre as pessoas seja real; em que uma paz possível seja almejada; no qual lucro e tributos sejam apenas justos e não escorchantes; em que a família, tal qual a conhecemos de antão seja preservada e não desestruturada; onde – em nosso país particularmente -, saúde e segurança não existam apenas nos discursos de todos os candidatos em palanque, friso, todos, sem exceção; onde a palavra corrupção, mãe de todos os vícios, inexista no dicionário; no qual político seja sinônimo de honradez. Um mundo… melhor, aqui e alhures.
A photo that has recently swept the web led me to reflect on society as it is today and on the political, economic and social utopia it could be were men different.