Navegando Posts publicados em julho, 2023

“Aspectos do pensamento político”

Tenho eu frequentemente protestado não ser escritor
– não obstante a larga atividade de plumitivo
que tenho exercido e a meia dúzia de livretos
que tenho dado à estampa.
(…) Se se nasce qualquer coisa ou marcado para qualquer coisa,
eu creio que nasci músico, marcado para a música,
e não literato ou marcado para as letras.
A minha primeira situação no mundo
foi como músico e não como publicista”.
Lopes-Graça (1906-1994)
(“Cartas com alguma moral” (1973)

Ao longo dos mais de dezesseis anos de blogs hebdomadários ininterruptos, não poucas vezes me debrucei sobre a bibliografia referente a Lopes-Graça, o mais notável compositor português do século XX, quiçá da sua história.

Vários pesquisadores relevantes escreveram sobre Lopes-Graça, abordando sua obra composicional e também a literária. Teses acadêmicas já foram sustentadas. Entre os estudiosos, mencionaríamos Mário Vieira de Carvalho, magnífico decano nesses aprofundamentos; Antônio de Sousa, desvendando essencialidades na formação do compositor e publicista; José Maria Pedrosa Cardoso; Alexandre Branco Weffort; Fausto Neves; Teresa Cascudo; Romeu Pinto da Silva, este tendo colhido, durante anos, preciosos depoimentos de Lopes-Graça para a montagem da “Tábua póstuma da obra de Fernando Lopes-Graça”.  Resenhei neste espaço alguns dos livros desses desbravadores dedicados ao músico nascido em Tomar.

Alexandre Branco Weffort, que anteriormente nos brindara com o significativo pormenorizar sobre “A Canção Popular Portuguesa em Fernando Lopes-Graça” (Portugal, Caminho, 2006), ofereceu-me um exemplar de seu último livro: “A força da palavra em Fernando Lopes-Graça – Aspectos do seu pensamento político” (Lisboa, Página a Página, 2021). Weffort tem sido um estudioso da criação de Lopes-Graça, não apenas a composicional, mas igualmente de seus textos literários, manancial este basilar para a compreensão do todo.

Entender Lopes-Graça compositor não seria possível sem estudar seu pensamento. Inúmeras criações necessitam da busca de subsídios essenciais. E estes estão depositados em incontáveis escritos de Lopes-Graça sobre a sua escolha ideológica, que tem origem ainda na juventude, não a buscar poder, mas sim a acreditar em credo que o acompanhou durante a existência. Diria, um puro na acepção. Quantos não são os títulos de suas composições que nos levam a esse entendimento? Seja na música coral em que o autor depositou, veladamente ou não, sua ideologia amalgamada através da colaboração, inúmeras vezes, de poetas e escritores que professavam o mesmo credo, seja também em obras para outras destinações. Perpassar parte da criação musical de Lopes-Graça é conviver com o que de mais profundo existe no seu pensar ideológico, que o levou por duas vezes às prisões, e com sua afeição às raízes da música portuguesa. O compositor de talento, que descortina horizontes novos, deixa suas impressões digitais. A despicienda imitação não faz parte do seu vocabulário criativo. Lopes-Graça deixou suas impressões digitais. Sabe-se que tal obra é oriunda de sua mente, das mais simples às de grande complexidade. Se a ideologia é determinante em obras precisas com esse desiderato, a maior parte da criação de Lopes-Graça independe dessa orientação preliminar. Sua escrita composicional tem virtudes inalienáveis.

Em “A força da palavra em Fernando Lopes-Graça”, as tantas citações extraídas por Alexandre Weffort dos dezesseis livros que compõem a opera omnia literária do compositor têm uma precípua intenção: “Assume-se também, como foco, uma vertente específica daquela obra – a do exercício da escrita enquanto publicista -, aquela vertente em que o seu gesto, interventivo e criador, se manifesta através da palavra. Procuramos, assim, conhecer a força da palavra em Fernando Lopes-Graça”. Bem anteriormente, resenhei  livro de António de Sousa ( vide blog ”Escritos lampantes da vida e obra de Lopes-Graça”, 02,06,2018), que penetra nas colaborações em jornais de Tomar, assim como na ação do ilustre tomarense frente aos percalços que adviriam com o golpe militar de 1926, a instauração do Estado Novo salazarista e a sequência persecutória.

Alexandre Branco Weffort amplia o debate através da extração sensível de testemunhos depositados na opera omnia literária de Lopes-Graça, selecionando-a, interpretando-a, no desiderato precípuo de entender o mestre em sua opção ideológica, enquanto fluía a criação musical. O aprofundamento de Branco Weffort reforça a tese de que a coerência de Lopes-Graça permeia a produção literária. Traduz igualmente o polemista que, apesar da perseguição sistemática dos regimes vigentes, mercê de suas convicções ideológicas rigorosamente contrárias a eles, prosseguiu a compor com destemor. “Canto de Amor e de Morte”, que, segundo Mário Vieira de Carvalho e Jorge Peixinho, é a cumeeira da composição em Portugal, foi composta em momento de pleno desalento. Na realidade, a imensa produção composicional de Lopes-Graça contém a chama da coragem, sem esmorecimento, em defesa dos valores que lhe serviam de alento. Weffort insere a “Carta a um amigo e antigo companheiro de luta que traiu a sua fé artística”, datada de 1944. Creio fulcral o segmento: “(…) Um homem ou se dá totalmente a uma ideia e a ela tudo sacrifica – bem-estar, interesse, consideração – ou, uma vez que a atraiçoa, nada há que o possas trazer aos braços, à comunhão dos seus antigos companheiros de luta, à amizade dos que eram seus irmãos em espírito e em verdade. Por mim, a minha norma de fidelidade foi sempre esta: ou tudo ou nada. O homem ou é ou se dá inteiro, ou posta uma vez à prova e quebrada a sua fé, a sua inteireza, nenhum pacto já é possível com o passado, ainda que o coração sangre e um pedaço da vida nos fique nas asperezas e emboscadas do caminho”.

Weffort, num vasto capítulo dedicado à “Recepção do pensamento de Fernando Lopes-Graça”, debruça-se sobre trabalhos, acadêmicos ou não, de estudiosos de Lopes-Graça. O autor comenta com perspicaz atenção os escritos de Manuel Deniz Silva, Teresa Cascudo, Fausto Neves, António Pinho Vargas e Mário Vieira de Carvalho. Posicionamentos nem sempre unânimes, que enriquecem o desvelamento do músico-pensador.

No substancioso capítulo “Aspectos do pensamento político de F. Lopes-Graça”, o autor penetra em várias sendas, subcapítulos, e delineia outros traços a envolver o compositor: ideologia, práxis, recepção pública, combate ao nacionalismo como dogma e a submissão a determinados postulados musicais vindos do Exterior.

O anexo “Sobre a religião em Lopes-Graça”, Wefforf dedica-o ao musicólogo José Maria Pedrosa Cardoso (1942-2021), meu saudoso amigo-irmão. Apesar de agnóstico, Lopes-Graça tem inúmeras obras sob a égide do cristianismo para várias organizações vocais e instrumentais, inclusive dois cadernos para piano solo, “Natais portugueses” (1954-1967). Pontua, nesse conjunto sacro, o “Réquiem para as vítimas do fascismo em Portugal” (1979).

Weffort comenta: “A obra musical de Lopes-Graça guia-se sobretudo por critérios estéticos, pelo que não vemos condição para estabelecer uma correlação entre a sua criação enquanto compositor e as sua posição perante a questão religiosa”.

De especial interesse o subcapítulo “O problema da recepção em Lopes-Graça”, inserido no capítulo “Aspectos do pensamento político de F. Lopes-Graça”, mormente para um intérprete. A posição de Fausto Neves tem propriedade: “É difícil a música de Fernando Lopes-Graça? Ficou claro que a música de Fernando Lopes-Graça pode pôr bastante dificuldades técnicas aos seus intérpretes. (…) A linguagem de Lopes-Graça é exigente. Excluindo as obras de carácter pedagógico ou as de carácter interventivo, Lopes-Graça escreve sem concessões, colocando na sua arte toda a honestidade e genuinidade de procedimentos”.

O fascínio pela obra para piano de Lopes-Graça se acentuou durante  minha formação pianística e teórica em França (1958-1962), muito pelo entusiasmo do extraordinário Louis Saguer, tão amigo do compositor de Tomar. Sob sugestão de Lopes-Graça, Saguer foi meu professor de matérias teóricas em Paris.

Fernando Lopes-Graça é um dos meus compositores eleitos, tendo me dedicado mais profundamente a algumas de suas obras primordiais para piano no final do século, gravando-as em primeira audição, da mais elementar sob o aspecto técnico-pianístico, “Música de piano para as crianças” (1968-1976), às de profunda estruturação composicional, “Canto de amor e de morte” (1961), “Músicas Fúnebres (1981-1991)” e, intermediando-as nesses quesitos extremos, “Viagens na Minha Terra” (1953-1954) e “Cosmorama” (1963), criações distribuídas em três CDs lançados pela Portugaler e PortugalSom. Em primeira audição igualmente, após profunda pesquisa de José Maria Pedrosa Cardoso, apresentamos, a excelente mezzo soprano Rita Morão Tavares e eu, os encantadores 12 “Cantos Sefardins” em São Paulo e várias cidades portuguesas. O ilustre compositor Eurico Carrapatoso gravou-os em vídeo quando de recital no Centro Cultural de Cascais, aos 6 de Maio de 2016. Em breve o vídeo estará no Youtube.

“A força da palavra em Fernando Lopes-Graça” é livro a ser consultado. Weffort extrai da opera omnia literária de Lopes-Graça passagens basilares, que explicam o caminhar do compositor em sua multifacetada vivência como músico pleno, pois compositor, pianista, regente coral, professor; escritor e militante comunista em período totalmente adverso a suas convicções.

Enquanto Fernando Lopes-Graça não ocupar o lugar que lhe é merecido internacionalmente, haverá uma lamentável lacuna na História da Música.

Clique para ouvir, de Fernando Lopes-Graça, “Viagens na Minha Terra”, na interpretação de J.E.M. As imagens e textos foram cuidadosamente preparados pelo ilustre musicólogo José Maria Pedrosa Cardoso e sua esposa, Maria Manuela:

https://www.youtube.com/watch?v=n0PwLys54GU

Alexandre Branco Weffort, a Fernando Lopes-Graça scholar, gives us a fascinating book commenting on writings by Fernando Lopes-Graça himself and also by notable researchers of the major Portuguese composer, thus deepening our understanding of Lopes-Graça’s  ideological convictions in either politics or art.

 

A passagem natural direcionada à renovação

Qual é esta sensação nova?
Que nasce em nós?
Que misteriosamente
Em nós desperta?
Alexander Scriabine (1872-1915)
(“L’Acte Préalable”)

Foram muitas as mensagens salientando com ênfase e simpatia a minha continuação na atividade pianística em solo europeu, continente dezenas de vezes visitado para recitais e outras vertentes musicais. Agradeço a todos pelos gestos de solidariedade. Não obstante, esse término europeu foi longamente gestado durante a pandemia. Estou a me lembrar de ter lido em sites e periódicos que muitos artistas de teatro já idosos encerraram naquele triste período as suas atuações frente ao público. Várias vezes neste espaço teci comentários sobre a dádiva da ação artística, pois, diferentemente dos esportes que sinalizam já na terceira ou quarta década o caminho final, nós que trabalhamos com a arte não temos cronologia determinada. Há variações, mas prioritariamente depois de se adentrar largamente a terceira idade.

A preponderar sobre todas as possibilidades, vem o sentimento de gratidão a todos os amigos, mormente em Portugal, Bélgica e França, que jamais deixaram de me apoiar em projetos por vezes não desbravados. Interpretar o extraordinário repertório do passado, verdadeiro culto ao sagrado, é venturoso, mas pode dar ao intérprete a sensação da perene reprise. Tantos não têm consciência dessa situação, pois, ao adentrarem o circuito de concertos com exigências específicas, obliteram reflexões. A grande pianista Marta Argerich, que forjou sua carreira no repertório tradicional, teceria comentário fulcral a respeito da atividade de concertista consagrada: “O prazer é raro. No palco, encontramo-nos diferentemente do que em casa, não realizamos os mesmos gestos com as mãos frias, os joelhos tremem, a coriza se instala. A interpretação se modifica. Após, o peso dos olhares sobre você… O efeito do ouvinte sobre você… e que julga. Não suporto ser prisioneira de uma programação, eu que hesito… Hoje, quando a admiram, fixam a sua agenda para daqui a três anos. De pensar, tenho pesadelos” (1997, apud, Jean-François Arcier, ‘Le Trac – stratégies pour le maîtriser’, 2004). Sviatoslav Richter, na sua monumentalidade interpretativa, não chegaria no final da existência a dizer que, num balanço geral, não estava feliz com o todo da carreira? Guardando as devidas proporções desses mestres, apesar do prazer em tocar obras pertencentes ao grande repertório que estudei com afeto, foi principalmente nas redescobertas de tesouros ocultos, no estudo do repertório pouco frequentado e nas interpretações de segmento da música contemporânea que eu mais me identifiquei. De Johan Kuhnau (1660-1722) a François Servenière (1961-), Eurico Carrapatoso (1962-) e Maury Buchala (1967-), os três últimos entre os mais recentes, encontrei o caminho a ser percorrido, fosse ele pouco trilhado ou inédito. Logicamente houve o tributo a saldar, pois jamais tive empresário, essencialmente por motivos repertoriais. A agenda se tornou forçosamente escassa, fator que me possibilitou a liberdade de desvendar um universo de criações quase jamais visitadas ou brotadas nestas últimas décadas de mentes privilegiadas. Estou a me lembrar do notável compositor e ensaísta cubano-norte americano Aurelio de la Vega (1925-2022) que me honrou com bela composição “Homenaje” (1987), por ocasião do centenário de Villa-Lobos. Gravei-a em Sófia na Bulgária para o CD “Music of Tribute”, juntamente com obras do nosso grande compositor e de outros que prestaram homenagem a ele. Foi lançado pelo selo Labor nos Estados Unidos. Posteriormente, Aurelio enviou-me várias mensagens, sempre que “Homenaje” era interpretada pelo planeta por vários pianistas. Nos programas vinha a menção do meu nome como dedicatário. Escrevi-lhe para agradecer e lhe indagar o porquê da permanente menção nessa obra realmente singular. Respondeu-me que jamais a teria escrito se não tivesse sido provocado. Ao longo das décadas provoquei, chegando às minhas mãos cerca de 150 músicas, a maioria apresentada em público, compostas por muitos compositores relevantes do mundo. Como dizia sempre meu padrinho de crisma, que oficiou em 1963 meu casamento com Regina: sentir o “santo orgulho”.

O ato voluntário de não mais retornar à Europa e já salientado neste espaço não poucas vezes poderá trazer saudosismo, mas não sentimento de tristeza. O momento chegou, como também chegaria em 2019 ao gravar meu último CD na Bélgica.

O cotidiano se apresenta mais difícil para o idoso. Uma funcionária de uma Companhia aérea, ao passar por mim nessa derradeira viagem ao Exterior, apesar de me sentir bem, perguntou se eu necessitava de uma cadeira de rodas. Declinei a sorrir. A impressão que me ficou dos aeroportos atuais é a mesma que senti ao ver em Barretos, uns bons quarenta anos atrás, após recital e visita a um frigorífico não mais existente que patrocinou o evento, o gado subindo uma ladeira e sendo empurrado. Superlotados, aqui e alhures, os aeroportos internacionais europeus, contudo, são fonte para a observação das raças, vestuários e costumes de viajantes de todas as procedências. Esse, acredito, é possivelmente o único prazer que proporciona ao observador nato. O dom da observação foi levado ao extremo da excelência através do olhar agudo de Dostoiewsky ou de Debussy, aquele atento às reações humanas, este extasiado frente às oscilações da natureza, do vento tenebroso ao oscilar das folhas que fenecem.

Gand, na Bélgica flamenga, Paris e inúmeras cidades portuguesas estarão indelevelmente presentes através da memória, mormente quatro: Lisboa; Coimbra, berço de Carlos Seixas (1704-1742); Tomar que viu nascer Fernando Lopes-Graça (1906-1994) e Évora. Nesses três países vivi os melhores momentos de minha vida musical, tendo o privilégio de manter amizades perenes. Se os aprofundamentos, alicerces para os resultados, deram-se em São Paulo, mercê de essencialidades, formação com o nome maior do ensino voltado ao piano no Brasil, o russo José Kliass (1895-1970), e bem posteriormente estudos pianísticos e teóricos em Paris, foi principalmente na Bélgica, que tive o privilégio de realizar cerca de duas dezenas de recitais solo e camerísticos, assim como gravações divulgadas em CDs. Profético, meu dileto amigo-irmão gantois, André Posman, Diretor do selo belga De Rode Pomp,  já dizia em 1998: “é necessário deixar a sua herança musical”. Dos 25 CDs gravados no Exterior, a maioria se deu na mágica capela Saint-Hilarius (século XI), não distante de Gand, com  o magistral Johan Kennivé como engenheiro de som. Pouco mais de 100 peças estão presentemente no Youtube.

Vários leitores me perguntaram qual a sala que mais me causou impacto no longo caminho. Respondi-lhe que foi a Biblioteca Joanina em Coimbra, uma preciosidade do século XVIII, situada no Paço das Escolas da Universidade de Coimbra. Ao longo dos anos, inúmeras vezes, tive o privilégio de apresentar recitais naquele espaço único.

 

Clique para ouvir, de Carlo Seixas, Sonata nº 68 in A minor, na interpretação de J.E.M.:

(315) Carlos Seixas – Sonata nº 68 in A minor – José Eduardo Martins – piano – YouTube

Como assinalado em blogs anteriores, encerro definitivamente a atividade pianística pública em Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto (24/08/2023), um dos espaços que elegi ao longo das décadas, mormente pela presença do meu  saudoso e diletíssimo amigo, o imenso compositor Gilberto Mendes (1922-2016), sempre presente com sua esposa Eliane aos meus recitais na bela cidade praiana. A pedido do meu estimado amigo santista Flávio Amoreira, escritor, poeta e crítico literário do maior quilate, devo inserir não apenas obras de Gilberto Mendes, mas igualmente criações de outro santista, o também saudoso Almeida Prado (1943-2012), que estaria a completar neste ano o seu 80º aniversário. Debussy e Liszt completarão o programa.

Há ainda tantas obras que gostaria de apresentar. O repertório pianístico é oceânico e quantidade imensa de composições do passado estão ainda submersas! Haverá tempo de estudar algumas e apresentá-las na intimidade para as poucas amizades que me enriquecem o cotidiano. O blog seguirá seu curso e dois livros começam a ferver em minha mente. Quiçá os escreva, se o Tempo me for concedido.

Some reflections on the end of my performances in Europe, in Belgium and Portugal. I will continue to play in private, just for my family and a closed circle for friends.