Mensagens estimuladoras em torno do poeta

Sim, o crítico dos críticos é só ele – o tempo.
Infalível e insubornável.
As grandes obras são como as grandes montanhas.
De longe, vêm-se melhor. E as obras secundárias,
essas quanto maior for sendo a distância,
mais imperceptíveis se irão tornando.
Guerra Junqueiro (1885)

Surpreendi-me com o número de leitores que admitem ter lido muitos dos poemas do notável poeta português. Causou-me igualmente esperanças, pois é a evidência de que Guerra Junqueiro permanece presente para tantos aficionados pela poesia excelsa.

Aurora Bernardini, professora titular da FFLECH-USP, tradutora e escritora, escreve: “Grande poeta, grandes lembranças…”

Gildo Magalhães, professor titular da FFLECH-USP, sempre presente neste espaço, tece considerações: “Muito gostei de você relembrar Guerra Junqueiro. ‘O melro’ é poesia filosófica, considero que não é antirreligiosa, ao contrário, é contra os religiosos, que, mesmo praticantes, não têm sentimento religioso. Li na juventude e ainda tenho ‘A velhice do Padre Eterno’ numa edição da Editora Lello, de 1973, comprado em Portugal”.

Maria Stella Orsini, professora titular da FFLECH-USP, comenta: “Que prazer saber que seu pai, como o meu, admirava o grande poeta GUERRA JUNQUEIRO. Recitava suas poesias com muita propriedade. Meu pai tinha uma memória prodigiosa. Recitava poesias que tinha aprendido na escola primária. Bons tempos em que a educação era valorizada! É verdade que foi esse talento que propiciou que ele tivesse e mantivesse três profissões. Exerceu as três até a sua aposentadoria. Feliz de quem teve pais como os nossos”.

Poderia parecer saudosismo, mas era comum, para aqueles nascidos nas fronteiras do meio século anterior, o culto à Cultura Humanística. Maria Stella Orsini, colega nos tempos da ECA-USP, bem salienta “Bons tempos em que a educação era valorizada”. A poesia era ferramenta essencial no aprendizado e a Cultura Humanística fazia parte essencial dos currículos escolares. Qual não foi meu desprazer ao testemunhar, num telejornalismo, um repórter com o mapa da Itália em vermelho e, como ajuda, acrescentando que o país também era conhecido como “bota”, perguntar a estudantes adolescentes que país era aquele. Respostas desconcertantes e nenhum acertou. Um deles se esmerou e disse “África”! O que esperar, quando aqueles que deveriam dar o exemplo, mas que se tratam por “Excelências”, figuras que pululam no Poder, escorregam no vernáculo e buscam quase que exclusivamente os seus interesses políticos! A Educação, e dela a integrar a Cultura Humanística, não é preocupação da extensa maioria de “Suas Excelências”.

O compositor e professor titular da UFRJ, Ricardo Tacuchian, focaliza o blog sobre a mudança de residência, que precedeu o dedicado a Junqueiro, mas recebido por esses dias:

“Somos de uma geração que sobreviveu à mais aguda transformação da história da humanidade. Alcançamos nossas plenitudes emocional e cultural num mundo absolutamente analógico e conseguimos sobreviver num mundo cada vez mais digital. Esta foi para nós uma verdadeira mudança de moradia, permanecendo no mesmo planeta, mas numa outra atmosfera. Assim, a mudança de endereço que foi o berço de tantas conquistas fica pequena diante do novo mundo em que vivemos, novos valores, novos questionamentos. Você mudou de endereço mas não mudou de ‘casa’: porque o espaço físico ficou diferente, mas o espaço espiritual continua o mesmo e em eterna evolução. Que você seja feliz no novo endereço, junto a Regina, suas filhas, suas netas e bisnetos. E, também, seu piano divino”. Rapidamente estamos nos acostumando com a inédita realidade no apartamento.

Flávio Viegas Amoreira, poeta, escritor e crítico literário, amplia o tema direcionando-o à literatura portuguesa: “Nesta semana de 16 de março que comemoramos 200 anos do imenso romancista e poeta Camilo Castelo Branco, que alegria reler os poemas ‘Fim de Tormenta’ e ‘Regresso ao lar’ cotejando mesma temática suscitada por esse blog clássico em ‘Visita à Casa Paterna’ de Luís Guimarães Junior! Que preciosidade sua abordagem interdisciplinar abarcando múltiplos aspectos da Cultura Luso-Brasileira querido amigo José Eduardo!”.

Guerra Junqueiro permanece vivo na memória dos nascidos no período mencionado e presente em parcela menor, mas esclarecida, na mente de jovens que herdaram o culto à poesia etérea.

In this post I transcribe messages received with comments on the previous one, dedicated to the great Portuguese poet Guerra Junqueiro.