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“Macchiette” op.2  – 12 “Piccoli Pezzi” (1878-1883)

E que dizer dos ouvintes habituais das salas de concerto?
Seu repúdio pela mudança é inacreditável!
Seus cérebros obscurecidos não registram que certas combinações sonoras,
à exclusão de todas as outras.
Olivier Messiaen (1908-1992)

Salientáramos, no blog referente às seis peças op. 4 de Henrique Oswald, que esse gênero de composição – peças isoladas formando coletânea – foi frequentado por parte considerável daqueles que escreveram para piano. Teve ampla aceitação nos saraus musicais, mormente no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Uma fronteira tênue separa o op. 4 de Oswald das suas miniaturas. Estas constituem a síntese da síntese, traduzindo a maestria do músico através do espírito voltado ao essencial, desprovido de quaisquer artificialismos. Descritivas ou abstratas, as miniaturas encantam pelo despojamento. Três outras coletâneas de miniaturas que gravei na Bélgica me dizem muito: as “Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste”, do notável compositor açoriano  Francisco de Lacerda (1869-1934), que podem ser ouvidas pelo Youtube; as 28 “Músicas de piano para as crianças”, do grande Fernando Lopes-Graça (1906-1994), lançadas em Portugal em álbum duplo a contemplar outras criações do mestre português e as dez miniaturas que constituem “Bluettes” de Oswald, lançadas no Brasil pelo selo Sesc juntamente com outras composições do autor.

Sempre a divulgar compositores e intérpretes pátrios, o Instituto Piano Brasileiro introduziu no Youtube as doze miniaturas de Henrique Oswald (1852-1931) que compõem “Macchiette”, 12 piccoli pezzi compostas entre 1878-1883 em Firenze. Intercala títulos a sugerir determinadas cenas – como “La Campane dela Sera” que, após exposição, leva suavemente o badalar dos sinos à extinção; “Ninna-Nanna”, que corresponderia à curta “Niania” de Moussorgsky (1839-1981) ao se lembrar de sua babá; “Pastorale” que conduz o ouvinte à cena bucólica; “La caccia” e as cornetas excitando ritmicamente os praticantes da prática esportiva nas pradarias – com outros relativos à dança. O resultado é uma coletânea plena de um charme inefável. Deveria estar presente nos currículos das escolas de música, pois “Macchiette” corrobora ensinamentos voltados ao gosto musical e à condução das frases musicais.

Pelo fato de as miniaturas estarem inseridas em 12 links, dividi “Macchiette”  em três segmentos:

La Campane Della Sera op. 2 nº 1

Henrique Oswald – Le campane della sera [Os sinos da noite] Op.2 No.1 (José Eduardo Martins, piano) – YouTube

Scherzo op. 2 nº 2

https://www.youtube.com/watch?v=qZg85NviF1U

Valsa op. 2 nº 3

https://www.youtube.com/watch?v=POnXFOg11OQ

Cançoneta op. 2 nº 4

https://www.youtube.com/watch?v=65lbaRnaAfs

O álbum da “Macchiette” op.2, publicado na Itália, corroboraria a didática de Henrique Oswald voltada, no caso, aos alunos já com conhecimentos pianísticos básicos. O título da coletânea tem diversas apreensões. Há um desenho de Francesco Lazzaro Guardi (1712-1793) que é nomeado “Macchiette”. O termo “Macchietta” relaciona-se a ato de comédia vigente no período em que a coletânea foi composta. Seria também possível que Oswald tivesse observado criações de jovens que buscavam pintar naquelas décadas ao ar livre, privilegiando a natureza em tonalidades contrastantes. O grupo, denominado “Macchaioli”, nasceu em Florença (1855 – década de 1870). Anos após o surgimento do grupo de artistas na Toscana, suas pinturas marcantes tiveram influência no impressionismo francês.

Ninna-Nanna op. 2 nº 5

https://www.youtube.com/watch?v=7i8cNwZrKqI

Marcia op. 2 nº 6

https://www.youtube.com/watch?v=pIAPtcOTeOg

Romance op. 2 nº 7

https://www.youtube.com/watch?v=thpwnhYYsd4

Gavota nº 2 op. 2 nº 8

https://www.youtube.com/watch?v=ke8FfQRqyiw

“Macchiette” favoreceria a comparação, em parte, com a criação pictórica. Reuni-las em dimensão adequada, a ter sempre em mente o caráter que as une, é um dos fatores que torna “Macchiette” uma coletânea tão harmoniosa. Não se iluda o leitor. Nosso grande Nelson Freire (1944-2021), em entrevista décadas atrás, confessou que as peças singelas eram as mais difíceis de serem gravadas. Corroboro a opinião do pianista, pois, despojada de qualquer artificialismo, a miniatura sinaliza a síntese da síntese, como afirmo acima.

Pastoral op 2 nº 9

https://www.youtube.com/watch?v=KcT7hreFq5o

Minueto op. 2 nº 10

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=BUjangG9Nus

Sarabanda op. 2 nº 11

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=vQae0skmcwI

A Caça op. 2 nº 12

https://www.youtube.com/watch?v=y7p0F_OY1Vw

Assim como as obras portuguesas citadas anteriormente, extraordinárias na feitura, mas quase nulamente frequentadas pelos pianistas, “Macchiette” segue a mesma sina. Poder-se-ia fazer uma edição fac-similada, mas haveria interessados em apresentá-la em público? Assistimos, a cada ano mais acentuadamente, à atração provocada pelos holofotes por parte de intérpretes numa acelerada conquista de recordes velocistas. Essa aparência da verdade pode satisfazer egos de excepcionais virtuoses, habitués do repertório que atrai o público, pois a reverência a tantos magistrais compositores basicamente ignotos parece não os interessar. O não engajamento à imensa porção do iceberg repertorial submerso tipifica intérprete e público. Uma lacuna absoluta existe e é negligenciada pelos protagonistas envolvidos. Há esperanças. Que se concretizem.

“Macchiette”, a collection of 12 short pieces, is one of Henrique Oswald’s most sensitive piano creations: 12 miniatures, a synthesis of compositional synthesis.

“O Piano Intimista de Henrique Oswald”

Continuo a pensar que o músico é alguém
com quem se pode contar para levar a paz ao seu semelhante,
mas que é também um lembrete do que é a excelência humana;
acredito que o nosso mundo finito segrega esforços individuais finitos para dar corpo a um ideal.
Yehudi Menuhin (1916-1999)

Alvissareira a atitude do Instituto Piano Brasileiro, dirigido pelo competente Alexandre Dias, ao disponibilizar para o Youtube composições para piano de Henrique Oswald que gravei na Bélgica e foram lançadas em CD para o selo da Academia Brasileira de Música. Cuidadosamente o Instituto as inseriu com as partituras, fator decisivo para que tais obras despertem o interesse daqueles que porventura  desejem estudá-las.

A anteceder a vontade do Instituto do Piano Brasileiro, várias outras gravações que realizara na Bélgica já pontuavam no aplicativo, mormente as de música de câmara com piano. O CD “O piano intimista de Henrique Oswald”, lançado em 2012 pela Academia Brasileira de Música, ABM, contém unicamente peças para piano, entre elas duas coletâneas sensíveis, “Machiettes” op. 2 e “Six Morceaux” op. 4, compostas no longo período em que Henrique Oswald viveu em Florença.

A inserção da “Rêverie” op. 4 nº 2 no post anterior levou dois atentos leitores a pedir-me para introduzir outras peças desse opus em um próximo blog. São cinco outras composições. A fim da ideia de conjunto, posiciono os seis links, divididos em três segmentos. No substancioso catálogo do Instituto Piano Brasileiro, as seis peças estão individualizadas. Três leitores gostariam de saber mais sobre o romantismo “nostálgico”, segundo um dos ouvintes por ele detectado na expressiva “Rêverie”. Meu dileto amigo e ilustre compositor francês François Servenière observou que o romantismo oswaldiano “vai direto ao coração”. As seis peças que compõem o opus 4 têm títulos convencionais.

Valse op. 4 nº 1

https://www.youtube.com/watch?v=efR9ENaw50I&t=3s

Rêverie op. 4 nº 2

https://www.youtube.com/watch?v=kQVASBH6oRM

Entender a destinação das pequenas peças para piano de Henrique Oswald nos faz penetrar no período em que elas foram compostas. Há certamente uma herança, recebida pelos compositores do século XIX, de patrimônio amplamente praticado pelos autores desde a segunda metade do século XVII e destinado ao cravo. A Suíte constituída por diversas peças, mormente danças de índoles e andamentos diversos, preponderou na primeira metade do século XVIII. Durante o século XIX compositores organizaram coletâneas de peças curtas. Essas breves composições reunidas não mantinham a rigorosa observância da tonalidade, fator existente nas peças das Suítes para cravo. Poder-se-ia acrescentar que a imaginação dos compositores, distante das “amarras” que a Suíte impunha, foi povoada por temáticas outras e a dança deixou de ser essencial.


Oswald estaria rigorosamente a professar tendência tão apregoada, pois muitos compositores que perduraram pela qualidade escreveram coletâneas, sendo que essas curtas peças ou poderiam ser interpretadas isoladamente ou reunidas de acordo com a intenção do criador. As curtas composições poderiam, ao gosto do autor, ter ou não um título. Sob outra égide, o termo Suíte continuou a ser utilizado e um exemplo claro é a Suite Bergamasque de Claude Debussy (1862-1918). Maurice Ravel (1875-1937) comporia Le Tombeau de Couperin a ter em mente a Suíte barroca e a nomenclatura das peças.

Quanto a Oswald, frise-se a fluência dessas pequenas e expressivas criações e a recepção pela comunidade, graças ao lirismo inerente em suas composições. A dificuldade média, sob o aspecto técnico pianístico, resultaria na absorção pelos estudantes de piano que as interpretavam em saraus da burguesia florentina.

Minueto op.4 nº 3

https://www.youtube.com/watch?v=mJw238kXbZk&t=38s

Berceuse op. 4 nº 4

https://www.youtube.com/watch?v=0yU3gEcXvVU&t=9s

As dezenas de pequenas peças de Henrique Oswald obedeciam a destinações claras e bem adequadas ao meio em que vivia. Compõe danças e peças a sugerirem estado de alma, observação da natureza e temáticas mais. Não obstante, titulações que permanecem pela tradição são bem comuns na obra para piano de Oswald e as que apresento neste blog são incontestáveis exemplos.

Tendo pleno domínio da escrita, contudo Oswald prima pelo emprego de melodias de fácil apreensão, mercê de uma enorme capacidade em criar temas cativantes. Se Oswald é incontestavelmente um grande melodista, deve-o também ao fato de que, na Itália, o culto à ópera e à melodia produziu temas contagiantes nesses gêneros praticados na península.

Barcarolle op. 4 nº 5

https://www.youtube.com/watch?v=AVZCFB_v_ro

Impromptu op. 4 nº 6

https://www.youtube.com/watch?v=HW5wC-wlFbw

The Brazilian Piano Institute, which has been developing a unique revival of Brazilian composers and performers, recently introduced recordings from the CD I recorded in Belgium and released by the Brazilian Academy of Music, under the title “The Intimate Piano of Henrique Oswald”. The six pieces that make up op. 4 are of rare beauty and bear witness to a sensitive period lived by the composer in Firenze.

 

Como não se comover com as mensagens recebidas?

Ó minha velha companheira, minha música, você é melhor do que eu.
Sou um ingrato, eu te dispenso.
Mas não me deixas, não deixas que os meus caprichos te afastem.
Tu me desculpas, sabes que estou a brincar.
Eu nunca te traí, tu nunca me traíste, estamos seguros um do outro.
Vamos embora juntos, minha amiga. Fica comigo até ao fim!
Romain Rolland (1866-1944)
(“Jean Christophe”)

Na manhã sequente à chegada a São Paulo, após o recital derradeiro em Santos, fui ao estúdio e, distraído, o primeiro pensamento surgiu a respeito de qual repertório para um próximo recital. Diria que um automatismo me fez assim pensar. Passado o instante do acontecido, fiquei sim a refletir, nesse day after, sobre as partituras não lidas que me darão certamente prazer de ler, estudar e transmitir a amigos em reuniões privadas. Como a respiração não pede férias, os pianos não ficarão silentes.

Guardando todas as reservas necessárias quanto à intenção de divulgar mensagens generosas que chegam, separei algumas, dado o fato de ter sido a última apresentação pública. Agradeço profundamente neste espaço aos sensíveis remetentes mencionados e a todos que escreveram.

“José Eduardo, sem palavras…
Você não poderia ter encerrado seus concertos em público de uma maneira mais majestosa, no seu auge, sem concessões…
Assim como no seu concerto maravilhoso de outubro do ano passado no Teatro Guarani, pude notar a modernidade de todas as obras, de todos os compositores de todos os tempos, como se todos obedecessem a uma única linha atemporal.
Por exemplo, no seu concerto do último dia 31, as obras de Liszt são tão modernas quanto os estudos do Almeida Prado e do Gilberto, como se não houvesse uma separação do tempo em que elas foram compostas.
Enfim, o que podemos notar é que os Grandes são eternos, assim como você, José Eduardo, como intérprete de toda essa grandiosidade que nos é oferecida pelo potencial criativo maior do ser humano.
Obrigada a todos eles, e OBRIGADA a você, José Eduardo!
Com admiração e carinho”,
Eliane Mendes (viúva do notável compositor Gilberto Mendes)

“Na noite de ontem, não pude fugir à tentação de ouvir a extraordinária mensagem artística daquele que eu sempre desejara ouvir e que tanto sucesso fazia, lá fora, a bem das artes do nosso Brasil.
Confesso que valeu a pena e também valeram os meus esforços em troca do que me foi ofertado. Que família abençoada a sua, caro dr. Ives! Que esbanjamento de talento!
Apesar de José Eduardo Martins ter confirmado que sim, repito o que pessoalmente ontem eu lhe disse, ou seja, que não acredito que ele consiga parar, em definitivo, a sua carreira naquela brilhante noite, como divulgado.
Em abono ao que penso, completo o que foi naquele momento interrompido: – impossível sufocar tanta arte dentro de um corpo que transborda o mais apurado anseio e capacidade de repassá-la! – É o mesmo que tentar podar, no cerne, um fantástico tronco em pleno desenvolvimento que sequer necessita de incentivo, porque sabe que alcançou o estágio máximo sem necessidade alguma de crescer mais.
Reconheçamos que a decisão é sábia, difícil de ser seguida, e… sem dúvida alguma, dolorosa para quem ainda pede mais!
Santista que sou, entretanto, comove-me a decisão, ou tentativa, desse portentoso artista de encerrar sua brilhante carreira na minha querida Santos, justamente onde foi começada, o que mais uma vez comprova a sua sensibilidade”.
Carolina Ramos (destacada poetisa santista. Mensagem ao meu dileto irmão Ives Gandra)

“Agora segue-se a pura síntese pianística, sem a presença do público. É outro nível de licor artístico, ainda, aquele que reservarás à família e aos amigos íntimos.
Ouvi o Alfred Brendel em 30 de Novembro de 2008, em Lisboa, na tournée de despedida. Tocou um concerto de Mozart. Mas o que mais me impressionou foi o encore, após muita insistência do público que o vitoriou ruidosamente. Tocou uma transcrição de Busoni de um êxtase quintessencial de Bach, a obra mais bela que conheço: Nun komm’, der Heiden Heiland
Néctar. Não há maior consolo do que a companhia deste hidromel de Bach nas mãos taumaturgas de um xamã. Provavelmente assim terá sido 18 dias depois, em Viena, onde o Luiz de Godoy esteve”.
Eurico Carrapatoso (ilustre compositor português)

“Fico feliz que o encerramento se deu de motu proprio e do jeito que você escolheu. Como diz Shakespeare, all’s well that ends well!
Gildo Magalhães (professor titular da FFLECH-USP)

“Só quero muito saber como foi e como o senhor está se sentindo… Pode estar certo de que seus alunos continuarão o seu legado. Mas não o deixarão encerrar sua carreira e o senhor terá muitos outros últimos concertos.
Fique bem e ensaie muito para a sua grande e eterna audição, mestre feliz”.
Leila Kyomura (jornalista do Jornal da USP)

“Que belíssima carreira musical!!!!
BRAVO!!!!!
Aplaudo de pé!!!!
Grande abraço”
Maria Clara (bisneta do compositor Henrique Oswald)

Clique para ouvir, de Henrique Oswald, “Rêverie” op.4 nº2, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=kQVASBH6oRM

“Li com emoção seu relato dos momentos que envolveram seu último recital, mas não se engane, o som maravilhoso que você sempre arrancou dos pianos de todo o Planeta com mágica beleza continuarão pairando pelo éter de todo o Universo. O seu amor pelo teclado e o empenho com o qual você sempre se dedicou na busca da excelência não se perderão pelo tempo, continuarão sendo formas de energia, sutil mas vigorosa, se expandindo além do nosso limitado mundo material, uma luz a clarear os ainda pouco entendidos horizontes do espírito que espera algo mais do que as palmas  da plateia, mas segue, com retidão e caridade, o instinto do coração que almeja o contato com o Divino.
Uma honra contar com sua amizade”.
Marcos Leite (arquiteto)

“Bom quando um ouvinte diz que o pianista poderia estar a tocar por mais alguns anos. Sinaliza que foi acertada a decisão de finalizar gloriosa carreira. Sempre será dele a ocasião de terminá-la. Tranquilidade e prudência são determinantes”.
Belisário M. Bettencourt (leitor)

Acredito firmemente que, se não tivesse gravado os 25 CDs, a grande maioria a privilegiar o repertório pouco frequentado ou jamais registrado, poderia penetrar no sombrio caminho depressivo. As palavras proféticas de meu querido amigo belga-flamengo e diretor da De Rode Pomp, André Posman, “é preciso deixar o seu legado”, deixando-me absolutamente livre para escolher repertórios, resultaram. Inúmeras gravações estão presentemente no Youtube e Spotify. Se, dos cinco LPs gravados do final da década de 1970 ao princípio dos anos 1990, guardo reservas quanto à técnica da gravação e à qualidade dos pianos, não há uma só faixa dos meus 25 CDs que eu lamente. Atravessava o Atlântico sabedor de que encontraria as melhores condições possíveis para as sucessivas gravações. A acústica da mágica capela Saint-Hilarius (séc. XI) em Mullem, na região flamenga da Bélgica, Johan Kennivé, extraordinário engenheiro de som, pianos impecáveis…

Sob outra égide, quantos não foram os blogs dedicados a excelsos pianistas que deixaram as suas marcas digitais impregnadas de elementos essenciais: labor, respeito à composição, criatividade, imaginação e poesia? Quando Pierre Boulez afirmou que o culto respeitoso à música é uma questão de vida ou de morte, expressava verdade insofismável.

Continuarei estudando obras novas e voltando meu olhar às criações eleitas que apresentei em público. Regina e eu visitaremos composições a quatro mãos e a dois pianos. Não deixaremos de apresentá-las em reuniões privadas. Em área outra que também amo, dois livros fervem em minha mente. Resultarão.

Tenho à cabeceira de meu leito o expressivo testemunho ao final da saga de “Jean Christophe”, um dos grandes romances do século XX. Creio que não poderia ser outra a epígrafe do presente blog. Bem hajam os leitores que me privilegiaram nessa transição, com palavras que já penetraram no meu de profundis.

Clique para ouvir, de J.S,Bach, Awake, the voice is sounding, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=0nQUzeqdu4s&t=2s

I’ve received generous messages about my last public performance and chose some of them for this post. The city of Santos was the right choice. I’ve lived some unforgettable moments there since my first recital on November 20, 1957. There have been 15 recitals over the decades in eight different halls in the beautiful city by the beach. My friendship with the remarkable composer Gilberto Mendes, a native of Santos and a brother-like friend, was a highlight in my life.