Interpretações Diferenciadas de Tema Crucial
Detesta o cientista toda a contradição;
o artista não a julga;
o religioso a absorve no melhor do seu deus.
Agostinho da Silva
Foram inúmeros os e-mails e telefonemas recebidos após a panorâmica que apresentei do ano de 2011, quando não sentia o que comemorar nesse mundo tão conturbado. Frases curtas, incisivas, desalentos e esperanças marcaram as mensagens. Somos constituídos dessa ambiguidade, razão pela qual ainda encontramos tanto interesse na existência. Há a intenção dialética a nortear os posts, uns mais amenos, referentes ao cotidiano que me encanta, outros a tentar atingir o cerne de determinados temas sócio-culturais.
Selecionei três e-mails recebidos de França, Portugal e do Brasil. François Servenière, compositor, orquestrador e arguto pensador francês colocou posições de esperança, a acreditar nos ciclos permanentes, na juventude e na renovação do espírito do homem após graves crises.
“A crise é terrível para a juventude européia, mas não é desesperadora. As crises são sempre momentos iniludíveis de tomada geral de consciência, mas também de renovações, da colocação em seus verdadeiros lugares do trabalho, da coragem, justamente quando a verdade dos homens e das mulheres se apresenta por inteiro. Os políticos frente à crise tornam-se também melhores, por definição em todos os países do mundo e em todos os períodos históricos, diferentemente daqueles que se alimentam fartamente nos tempos de riqueza, quando a corrupção mais prospera. As crises permitem zerar aferidores, valorizar e evidenciar pessoas mais sólidas e mais meritórias que tantas vezes, em períodos de vacas gordas, não têm a ‘capacidade’ nem o cinismo de criar seu espaço nos meandros tortuosos dos negócios escusos. Segundo antiga fórmula, ‘desgraça é bom para qualquer coisa’, o que significa que dos escombros há sempre e invariavelmente o renascimento. Eu não acredito no ‘depois de mim o dilúvio’, que tantas vezes ouvi de antigos desesperados (também, paradoxalmente, viveram períodos mais negros do que nossa atualidade), que em determinados momentos acreditaram que o mundo iria deteriorar-se inteiramente ou ter trágico fim. A força da juventude estará sempre presente para enfrentar novos desafios, sejam eles quais forem. Nós fomos, somos e continuaremos a ser idênticos no fundo de nossas almas. O período é difícil, e o Brasil, através das suas descrições, parece inclinado a conviver com certa facilidade corruptiva. Suas comparações fubebolísticas relacionadas às equipes do Brasil e da Europa devem ser lidas com atenção. É necessário saber que as equipes européias vivem da mesma maneira que os Estados onde se situam e que elas estão endividadas de uma maneira análoga a esses Estados, sem contar que o esporte espanhol, que domina o mundo, é também acusado de abrigar método inusitado de dopping, pois até hoje não detectável. Corrupção, pois, lá também!”
Idalete Giga, especialista em canto gregoriano e pedagoga sensível em Portugal, é mais cáustica e vê a atualidade um pouco à maneira que a entendo, onde a corrupção e a ganância, sem limites de governantes e empresários inescrupulosos estão a destruir costumes, ética, moral e… o planeta.
“Impressionou-me também o post de hoje, E um Outro Final de Ano – Há o que comemorar neste País? O balanço que faz do Brasil e do mundo actual, com tantos problemas por resolver e cheio de políticos cada vez mais corruptos e insensíveis é, infelizmente, uma realidade. Continua a haver uma imensa hipocrisia, mesmo naqueles organismos mundiais que deveriam defender os povos e os mais fracos, como a ONU, FMI, BCE,OMC , etc.etc,etc. Estes organismos estão cheios de corruptos. Se assim não fosse, a fome, as doenças, as guerras, ( que são um negócio absurdo, aberrante), o analfabetismo, a escravização dos que produzem riqueza, o tráfico de seres humanos, a droga e tantos outros males já não existiriam no nosso planeta tão massacrado, tão violentado pela ganância vampiresca do lucro. Mas o sistema económico e financeiro do mundo actual, baseado nesta ganância insaciável, tem os dias contados. Não poderá manter-se. Cairá por si, porque os povos revoltar-se-ão cada vez mais, em escala planetária. Os ditadores estão caindo um a um!!!! A sociedade civil está a organizar-se um pouco por toda a parte para uma desobediência civil generalizada. É uma questão de tempo…. Serão verdadeiras bombas atómicas que destruirão os perversos e criminosos mercados bolsistas que (des)governam o mundo inteiro!”
Flávio de Araújo, radialista, comentarista e jornalista esportivo de grande mérito apreende a mensagem que tentei transmitir da pobreza de nosso atual futebol.
“Aproveitei para me aprofundar em seus conhecimentos sobre a tão falada crise do euro e que trouxe em seguida a excelente análise sobre o nosso futebol. Como temos compreensões que se identificam… Na Copa São Paulo até me inspirou a fazer uma pequena modificação em um texto que estou preparando para segunda-feira. Comentara o assunto e me esquecera dos empresários de cadernetas na mão”.
Oxalá possamos ser mais otimistas neste novo ano. As premissas não são alvissareiras, mas caminhemos. É o que podemos fazer.
Readers of my post about the New Year submitted online comments with their own opinions about the future. The post of this week is a selection of some messages I received, each expressing a different view.
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