Navegando Posts publicados em maio, 2016

Sublime soneto de Camões a inspirar o compositor Eurico Carrapatoso

Vê bem, se da razão se não desvia,
O altíssimo Ser, puro e divino,
que tudo pode, manda, move e cria;
Luís Vaz de Camões
(Terceto extraído da Elegia – “Se quando contemplamos as secretas”, Rimas, edição de 1616)

Foram inúmeros os posts em que comentei o fluxo que leva à obra de arte. Há a ideia, origem originária de qualquer criação. Haverá sempre o impulso, que pode ter os mais variados estímulos, para que o criador apreenda a mensagem e a concretize. Para o músico, o papel pautado a receber o resultado da ideia que se amalgamou a todo seu acervo cognitivo da área e, é de se louvar, de outras também, torna-se consequência natural da qualidade, se talento houver. Hoje, o teclado do computador recebe o jorro criativo através de vários programas disponíveis. Fixada  e havendo qualidade, a obra ganha dimensão e terá o provável destino da interpretação a dar-lhe a possibilidade da recepção acolhedora do elo final, o ouvinte. A obra de arte musical, tantas vezes escondida através dos séculos, pode ressurgir com força inaudita, redescoberta, estudada e aceita. Apesar de fazer críticas insistentes ao repertório repetitivo, jamais me posicionei contra a qualidade dessas criações. Bato-me e continuarei a lutar pela inclusão de tantas e tantas obras magnificentes que têm de encontrar o espaço devido, primeiramente na mente de intérpretes e professores. Sei que o embate é quase que intransponível na atualidade, mas é necessário insistir. A ação de empresários e sociedades de concerto, amantes do status quo, impede essa ascensão de composições do passado à contemporaneidade que causariam o maravilhamento. Forçar o novo como atenuante das consciências é solução paliativa.

Em blog relativo à digressão em Portugal, escrevi sobre almoço com dois amigos preciosos, José Maria Pedrosa Cardoso e Eurico Carrapatoso, musicólogo e compositor, respectivamente, ambos professores. Também mencionei a obra monumental que está sendo gestada por Eurico. Será o novo a brandir espaços!!! Dois fatores essenciais, já mencionados em blog anterior, chamaram-me a atenção. Um primeiro relacionado à síntese da síntese representada pela Missa sem Palavras (cinco Estudos Litúrgicos) para piano, de Carrapatoso, que fará parte de minha última gravação de Estudos para piano, a ser lançada em França num CD previsto para 2017. CD contrastante, a ter os magníficos Études Cosmiques + Outono Cósmico de François Servenière, extremamente pianísticos e de plasticidade ímpar, o Iterum Venturus de Gheorghi Arnaoudov, grande compositor búlgaro que explora as fronteiras possíveis do timbre sob a aura de uma profunda espiritualidade, assim acredito, e mais o telúrico Étude V – Die Reihe Courante, de Jorge Peixinho. Missa sem palavras profundamente intimista. Diria que o segundo fator a me causar impacto relaciona-se ao opposite, pois se a Missa sem palavras tem o “aparente” despojamento que encobre uma riquíssima trama polifônica, creditando-se soberanamente uma inspiração hors concours, a narrativa de Carrapatoso, durante nosso almoço, sobre uma composição rigorosamente antagônica sob o aspecto de recursos a serem utilizados, quando massas corais e seis órgãos – da Epístola, do Evangelho, de São Pedro de Alcântara, de Santa Bárbara, do Sacramento e da Conceição – estarão “benfazejamente inundando” a Basílica de Mafra no dia 17 de Dezembro próximo com sons seráficos, deixou-me admirado.

A inspiração primeva, insofismável e intransferível surgiria para Eurico do absoluto soneto  “Dece do Ceo” de Luís Vaz de Camões. O compositor me escreveria no dia seguinte: “Aqui te envio o soneto camoneano, solar e sonoro como um sino de Mafra”. Todo o soneto misticamente construído para o verso a finalizar e a traduzir a transcendência do homem frente ao mistério insondável: Se o homem quis ser Deus / que Deus seja homem. O derradeiro verso a penetrar as entranhas da mente de Eurico e a jorrar como lava vulcânica sonora. O soneto encanta também pela presença desse diálogo com um alguém imaginário. O pleno sentido do cristianismo no que concerne à Encarnação do Filho de Deus. Despoja-se o imenso vate e o Filho é cantado na proverbial humildade:

Dece do Ceo imenso Deus benino
Para encarnar na Virgem soberana.
“Por que dece Divino em cousa humana?”
“Para subir o humano a ser divino”.

“Pois como vem tão pobre e tão minino,
Rendendo-se ao poder de mão tirana?”
“Porque vem receber morte inumana,
Para pagar de Adão o desatino”.

“Pois como? Adão e Eva o fruto comem,
Que por seu próprio Deus lhe foi vedado?”
“Si, porque o próprio ser de Deoses tomem”.

“E por essa razão foi humanado?”
” Si, porque foi com causa decretado:
Se o homem quis ser Deus, que Deus seja homem”.

O impacto foi fulminante sobre o músico, utilizando-me de palavra dita por Eurico, “fere” de tão sublime.

O Palácio-Convento Nacional de Mafra, ao qual pertencem a notável Basílica e a renomada Biblioteca, é monumental. Sua construção iniciou-se em 1717, sob o reinado de D. João V. A Basílica possui seis órgãos desde a regência de D.João VI, que os encomendou. Foram construídos nas fronteiras dos séculos XVIII e XIX. Dão uma imponência ímpar à Basílica e tiveram restauração relativamente recente.

Finalizando, incluiria o plano “arquitetural” da criação de Eurico Carrapatoso. Escreve-me: “Eis a informação que me pediste: A minha obra ‘Dece do Ceo’ será criada em 17 de Dezembro de 2016, na Basílica de Mafra. Foi composta para Soprano Solo, Coro de Câmara (ca.20 vozes), Coro Grande (ca.150 vozes), Coro de Crianças (ca. 90 vozes) e para os seis órgãos históricos daquele espaço singular. Resulta de uma encomenda da Academia de Música de Santa Cecília, uma instituição ilustre de ensino geral e integrado de música, considerada como a melhor escola portuguesa Deseja-me sorte.

Abraço amicíssimo.

Eurico”.

Em torno do imenso Camões e da obra musical de Carrapatoso pude apreender as dimensões de um último verso de “Dece do Ceo” através da compreensão maiúscula de um dos maiores nomes da composição em Portugal.

One of the tracks of my new album to be released in 2017 is “Missa sem Palavras”, by Eurico Carrapatoso, one of the greatest names of Portugal’s contemporary classical music. In this post I address one of his new works, to be premiered on 17 December 2016 in Mafra. Commissioned by Academia Santa Cecília de Música, it has been written for soprano, chamber choir, large mixed choir, children choir and the six pipe organs of the Basilica of the Palace of Mafra. It was inspired by Luís de Camões’ (1524/5-1580) religious sonnet “Dece do Ceu”, transcribed here. Camões is generally regarded as the greatest poet of the Portuguese language.

 

 

 

 

 

Portugal e seu compositor maior, Fernando Lopes-Graça

Car le bonheur se sent en soi
ainsi qu’un fruit qui est plein de sa saveur.
Antoine de Saint-Exupéry

Como não tinha possibilidade de acesso a alguns arquivos em São Paulo, fiquei comprometido na transmissão e arquivamento de fotos, principalmente. Que o leitor compreenda, pois acima de tudo paira minha quase que absoluta ignorância em relação às novidades tecnológicas que surgem a cada dia. Impede-me de segui-las. Nada a fazer. Pela primeira vez, nestes mais de nove anos de blogs ininterruptos, insiro uma série de fotos. Foram tiradas pela dedicada Manuela, esposa do prof. Pedrosa Cardoso.

Já em São Paulo, selecionei imagens que dizem muito do que aconteceu nessa viagem musical. A digressão foi antecedida pela entrevista, bem divulgada, que o prof. José Maria Pedrosa Cardoso e eu concedemos ao experiente Paulo Guerra para o programa Antena 2, da RDP. A longa conversa, entremeada por gravações que realizei ao longo dos anos com obras de Lopes-Graça, corroborou para sensibilizar muitos ouvintes que seguem o aclamado programa.

Entusiasmou-me a acolhida calorosa às obras de Fernando Lopes-Graça, o nome maior da música portuguesa do século XX, e a recepção aos 12 Cantos Sefardins, pela primeira vez interpretados na íntegra em Portugal. Cascais, Évora, Tomar e Almada (Convento dos Capuchos) entenderam a nossa proposta e a mezzo-soprano Rita Morão Tavares, o musicólogo José Maria Pedrosa Cardoso e eu peregrinamos pelas terras a divulgar a coletânea sefardita  para canto e piano, Canto de Amor e de Morte e Viagens na Minha Terra para piano solo. Instrutivas as palestras de Pedrosa Cardoso sobre os Cantos Sefardins e documental a apresentação do data show para Viagens na Minha Terra.

Os Cantos Sefardins provocaram emoções. A competente gregorianista Idalete Giga, sob o impacto da audição da obra, dedicou-lhes um poema:

Cantos Sefardins

Toadas dolentes
Cantos de amor
Vivendo cativos
Ocultos
No seio da dor

O Rei Nimrod
Canta e dança
Que viu no céu?
Que sonho foi o seu?
Rei Nimrod
Porque choro eu?

Ai, Israel, Israel
Terra Prometida
Abandonada
Partida
Em mil pedaços

Avraham avinu
Pai Bendito
Pai Querido
Luz de Israel
Onde estás?
Onde vives?

Vivo na alma magoada
Do povo eleito
Disperso
Por toda a Terra

O canto dolente
Jamais esquecido
Ficou suspenso
No fio antiquíssimo
Do Tempo
E abraça docemente

O doloroso Amor
Na noite adormecido
O Rei Nimrod
Canta e dança
Que viu no céu?
Que sonho foi o seu?
Rei Nimrod
Porque choro eu ?

Évora, 9 de Maio/2016

Deixávamos para o final das apresentações a música extraprograma, apesar de os Cantos Sefardins precederem sempre as Viagens na Minha Terra, obra com que encerrava o programa. Explicava para público rigorosamente seleto, ao fim do concerto, que tocaria a música fúnebre dedicada ao grande poeta e amigo de Lopes-Graça, Morto, José Gomes Ferreira, vais ao nosso lado, peça em que o compositor insere várias vezes o tema de Jornada, sobre poema de Gomes Ferreira. Solicitava após a presença de Rita Morão Tavares – impecável em todas as apresentações -, que cantava Jornada, de Lopes-Graça, canção que integra o conjunto das Marchas, Danças e Canções do compositor. À medida que apresentávamos os concertos nas cidades mencionadas, mais vozes integravam o refrão, e qual não foi nossa alegria na última récita, quando parte significativa de público numeroso que compareceu ao Convento dos Capuchos, na Almada, cantava a plenos pulmões o refrão: “Vozes ao alto! / Vozes ao alto! / Unidos como os dedos da mão, / havemos de chegar ao fim da estrada, / ao sol desta canção”.

Na cidade de Tomar, Pedrosa Cardoso ofereceu palestra à tarde na Sinagoga da cidade, edifício que remonta a meados do século XV, mas que teve através dos tempos, vários períodos a serviço de outras funções. Somente em 1921 passou a ser considerada Monumento Nacional.

Deu-se o recital na Escola Canto Firme, hoje sob a direção do competente prof. Simão Francisco. Como acontece quase todas as vezes em que me apresento em Tomar, houve reunião festiva após o concerto e o ex-diretor, regente coral António Sousa, profundo conhecedor da obra coral do compositor nascido na cidade, dirigiu o coro da Escola, que cantou exemplarmente várias canções harmonizadas por Lopes-Graça. Um regalo acompanhado por generoso vinho e iguarias. O coral fará apresentações em Julho na cidade de Praga.

Se em Cascais e Évora a recepção ao repertório apresentado foi acolhedora, frise-se que o concerto promovido pela Associação Lopes-Graça reservara ao final do evento a entrega de algumas honrarias. O ilustre musicólogo Mário Vieira de Carvalho e eu recebemos o título de Sócios Honorários da entidade. O meu, das mãos da ex-presidente, a dedicada Maria Celestina Gomes Leão. A Associação tem lutado com afinco pela divulgação e publicação das obras de Lopes-Graça e o coral apresenta-se regularmente, a preservar o riquíssimo manancial composto para vozes pelo compositor.

Durante a digressão estive com diletos amigos, que prestigiaram as apresentações. O notável compositor Eurico Carrapatoso e eu ouvimos a gravação, a ser lançada em 2017 na França, de sua Missa sem Palavras (cinco Estudos Litúrgicos para piano). Gravei-a na Bélgica no ano passado. Comunhão absoluta compositor-intérprete. Momentos inefáveis vivemos também na escuta dos magníficos Études Cosmiques, de François Servenière, do Et Iterum Venturus, de Gheorghi Arnaoudov, e do telúrico Étude V – Die Reihe Courante, de Jorge Peixinho. O CD encerra um ciclo de cinco que gravei, unicamente dedicado aos Estudos para piano. Soneto magistral de Camões, a inspirar o dileto amigo Carrapatoso, será tema de próximo blog. Com Romeu Pinto da Silva conversamos longamente sobre obras de Lopes-Graça a serem estudadas. Estimado amigo.

Em encontro agendado com a Drª Conceição Correia, responsável pelo Museu da Música Portuguesa e coordenadora do CDI, não apenas obtive fotocópias de obras que deverão povoar minha mente, meu coração e meus dedos, como emocionei-me ao manusear o manuscrito único de Canto de Amor e de Morte para piano solo, obra que, corroborando a opinião de ilustres músicos que me precederam na avaliação, Jorge Peixinho (1940-1995) e Mário Vieira de Carvalho, é  cumeeira da criação musical portuguesa. Acrescento, uma das maiores da segunda metade do século XX em termos mundiais.

Projetos já estão a ser elaborados para 2017. Retornar às terras lusíadas e reencontrar público fiel e amigos músicos que pertencem ao meu restrito universo de afetos é sempre grande dádiva.

My recent tour in Portugal had great reception, in special thanks to the premiere in the Portuguese territory of “12 Cantos Sefardins” and the presentation of “Canto de Amor e de Morte” and “Viagens na Minha Terra”, all works by Lopes-Graça (1906-1994), the outstanding Portuguese composer. Taking part in the event, the mezzo- soprano Rita Morão Tavares shined on stage, while the musicologist José Maria Pedrosa Cardoso gave a talk on Cantos Sefardins and prepared image projections for Viagens na Minha Terra. Selected photos illustrate this week’s post.

 

Évora, Tomar e outras considerações


Prossegue a viagem. O recital em Évora, na igreja do belo Convento Nossa Senhora dos Remédios, teve recepção calorosa. Abrigado pelo Eborae Musica e patrocinado pelo Centro Ward de Lisboa, o concerto fez parte das apresentações de obras basilares de Fernando Lopes-Graça, inclusive dos 12 Cantos Sefardins. Ao regressar a Oeiras (próximo a Lisboa), o consagrado compositor Eurico Carrapatoso, o competente musicólogo Pedrosa Cardoso e eu almoçamos e apreendi algo inusitado, que terá apresentação marcada para Dezembro próximo. Se no ano passado, na Bélgica, gravei Estudos Contemporâneos de François Servenière, Carrapatoso, Arnaoudov e Peixinho para selo francês (lançamento 2017), considere-se que do CD constará a Missa sem Palavras (cinco “Estudos Litúrgicos”), de Carrapatoso, verdadeiramente multum in minimo. Eurico presentemente parte para uma empreitada hercúlea, inédita em termos musicais, pois o multum em sua amplidão será revelado ao final do ano. Trata-se da criação majestosa “Dece do Ceo”, sobre soneto natalício de Luiz Vaz de Camões. Encomenda da Academia de Música Santa Cecília, a composição está sendo escrita para soprano solo, coro de câmara, coro misto grande (300 vozes!!!), coro infantil (100 vozes) e para os seis órgãos históricos do Convento de Mafra: órgãos da Epístola, do Evangelho, de São Pedro de Alcântara, de Santa Bárbara, do Sacramento e da Conceição. Esses instrumentos, todos das fronteiras dos séculos XVIII-XIX, estão integrados na majestosa Basílica de Mafra. Deverá ser espetáculo a não ser esquecido, mormente graças à maestria do compositor Eurico Carrapatoso.

Estive em Sintra, na bela e ampla morada de Romeu Pinto da Silva. Estamos a estudar as obras de Lopes-Graça que deverão frequentar minha mente e meus dedos proximamente. Repertório dos afetos, diria, pois Lopes-Graça é largamente um de meus eleitos. Durante a semana tivemos outro encontro, a fim de desenvolver projetos. Romeu Pinto da Silva colheu durante décadas observações do compositor e é autor do catálogo mais abrangente das criações de Lopes-Graça, ao meu ver. Trata-se da “Tábua Póstuma da Obra Musical de Fernando Lopes-Graça”.

Tivemos recital em Tomar e o calor receptivo foi intenso. Gosto imenso de tocar nessa encantadora cidade por razões claras. No início da década de 1980 lá me apresentei em três recitais promovidos pelo Conservatório, então dirigido pela sempre lembrada professora Manuela Tamagnini. A partir dos anos 2000 já foram inúmeras as vezes em que toquei sob o patrocínio do Canto Firme. Tomar, a cidade dos templários e do Convento de Cristo (patrimônio da humanidade), é aquela que viu nascer o compositor homenageado, Fernando Lopes-Graça (1906-1994). Pela primeira vez a cidade ouviu os 12 Cantos Sefardins para canto e piano na bela voz da mezzo-soprano Rita Morão Tavares. O recital foi apresentado à noite e no período da tarde, Pedrosa Cardoso realizou magnífica palestra sobre os “Cantos…” na vetusta Sinagoga de Tomar sobre o tema “A alma da portugalidade em Viagens na Minha Terra e em 12 Cantos Sefardins”. Completei o programa com Canto de Amor e de Morte e Viagens na Minha Terra. A acolhida tomarense caracteriza-se pela empatia e confraternização. António Sousa, professor e regente coral do Canto Firme, ao longo dos anos tem desenvolvido trabalho imprescindível para a preservação e divulgação do rico repertório coral de Lopes-Graça.

Neste 14 de Maio teremos a última apresentação do programa Lopes-Graça. Dar-se-á no Convento dos Capuchos, na Almada, em recital promovido pela Associação Lopes-Graça e pela Câmara Municipal de Almada. No próximo blog deverei inserir algumas fotos da digressão. Tive problemas, mercê de minha “idiossincrasia” com a parafernália tecnológica. Perco-me, eis a verdade. Em São Paulo saberei selecionar imagens. Narrarei um crescendo que esteve a acontecer em torno da música oferecida extra-programa.