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Caminho para Varna

Estação rodoviária de Sófia. Foto J.E.M. 1996. Clique para ampliar.

Felicidade é a certeza de que a nossa vida
não está se passando inutilmente.

Érico Veríssimo

Quantas não são as viagens esquecidas? Aéreas, por vias férreas ou rodovias, parte considerável dos deslocamentos não é lembrada. A memória, com as sucessivas viagens, não pode reter todas elas. Permanecem aquelas em que algo inusitado acontece. Uma primeira vez, visita diferenciada a determinado lugar, relacionamentos novos, transportes os mais diversos, tudo torna indelével uma jornada, ainda mais se fatos quebram a normalidade que se espera.
As décadas acumuladas fizeram-me sentir sensível diferença entre os deslocamentos aéreos e os terrestres. Aeroportos ocidentais de maior porte têm quase sempre características muito próximas. Cosmopolitas, alguns bem mais equipados que outros, todos ostentam certas semelhanças. As pessoas, tanto no check-in como na sala de embarque, mostram-se sérias, geralmente incomunicáveis, algumas até arrogantes, por função profissional que buscam evidenciar através de gestos, trajes, utilização ostensiva de celulares e parafernália outra. Para aqueles que não pertencem à classe econômica, esse distanciamento em relação à categoria “social inferior” fica mais evidente no momento do embarque. Essa atitude pode ser observada também nos comboios no Exterior, mormente nos ótimos e rápidos TGVs, bem mais caros, ainda mais na primeira classe. Mas, nos trens comuns, uma maior interação entre as pessoas fica evidente. São fatos que a simples observação constata. Quanto à viagem coletiva por rodovia, mais abertamente social, chega a haver até congraçamento, a depender das circunstâncias.
Estava a percorrer álbuns de fotografias quando encontro algumas tiradas em 1996, durante viagem de ônibus de Sófia a Varna, na Bulgária. Convidado para um recital nessa cidade às margens do Mar Negro, foi-me oferecida passagem de avião, em percurso de curta duração. Pedi aos organizadores que providenciassem uma por rodovia, jornada que leva sete horas em média, pois tencionava pelo menos ver terras outras, cidades, vilas, aldeias, paisagens e captar uma mínima parcela da índole do povo búlgaro.
A estação rodoviária, simples e um pouco desorganizada, chamou-me a atenção pelas destinações as mais diversas de tantos veículos, assim como a presença desse povo humilde, muitos camponeses, pequenos comerciantes, mulheres com crianças, idosos. Cristãos e muçulmanos entravam nos vários autocars. Liam-se as localidades fixadas em cada um: Atenas, Istambul, cidades da antiga Iugoslávia – havia ainda litígios fratricidas grassando nos países recém-constituídos – e outras mais da região, ilegíveis para um leigo na escrita cirílica.

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O ônibus para Varna saiu lotado. Os passageiros, muitos com traços ciganos, conversavam com certa desenvoltura e em voz alta. A visão do cerne de um país, pois a estrada corta a Bulgária de oeste a leste, ficou marcada pela presença de pequenas florestas nas encostas de montanhas, onde se destacavam pinheiros, plantações de legumináceas, rebanhos esparsos de carneiros, minas ou pedreiras, muitas serras, pequenas cidades e aldeias, campesinos a trabalhar a terra ou a andar pelas margens da rodovia e muitas carroças bem típicas, puxadas por dois animais. Percebia-se em todas as moradias, mesmo as mais singelas, uma certa estrutura, a fim de suportar invernos rigorosos. Tornovo, parada obrigatória no meio do percurso, é a maior delas até chegar-se a Varna. Duas ou três outras paradas mínimas serviram para que eu descesse do veículo, a fim de fotografar camponeses em suas andanças.
A Bulgária abandonara há pouco o regime comunista, com o esfacelamento da antiga União Soviética. Sete anos é tempo curto para a recuperação, e nesse belíssimo país podia-se sentir a dificuldade financeira, pois tudo estava imensamente barato para um ocidental. A moeda era a leva, e refeições e o cotidiano mostravam-se a preços irrisórios.
Algo bem curioso ocorreu durante a ida e o retorno. Dois filmes foram exibidos em cada trajeto, fato normal numa longa viagem. Contudo, sem legendas, todos estavam dublados em búlgaro por uma voz única masculina. Como o sonoro idioma búlgaro é pleno de consoantes, há uma tendência natural às vozes mais graves. Estava eu preferencialmente a observar a paisagem ou a repousar, mas ocasionalmente via alguns segmentos do filme em exibição. Em um deles, a escultural Kim Bessinger estava em cena idílica, possivelmente a declarar amor ao parceiro, mas dublada por voz masculina grave sem nenhuma expressão. Dei boas risadas. Controlei-me ao observar o espanto dos outros passageiros. Em um outro filme, uma criança de cinco ou seis anos entra no quarto dos pais e diz “papa, papa” com voz de adulto. Novamente não me contive, e os olhares dos companheiros de viagem bem evidenciaram que eu não apenas nada estava a entender, como desconhecia essa prática, normal em tempo de transição política. E de pensar que os barítonos búlgaros são excepcionais, assim como as vozes femininas, existindo na Bulgária alguns dos mais perfeitos conjuntos vocais do planeta.

Cartaz do recital de piano de J.E.M. em Varna. 1º de Setembro de 1996. Clique para ampliar.

Ao chegar a Varna, um deslumbramento e a sensação de estar em uma cidade às margens do Mar Negro de tantas lendas, guerras e histórias outras. Mar interior, entre o Sudeste da Europa e a Ásia Menor, banha várias costas: Géorgia, Rússia, Ucrânia, Romênia, Bulgária e Turquia. Sua área total é de 422.000 km2, tendo profundidades bem acentuadas. Saber que esse mar interior apresenta-se frente às cidades como Sebastopol (palco de violentos combates históricos, mormente no famoso cerco durante a Guerra da Criméia -1854-1855, e em episódios épicos em plena Segunda Grande Guerra); Odessa (lá nasceu meu saudoso professor José Kliass); Ialta (cenário da célebre conferência – conjunto de reuniões – em Fevereiro de 1945, com a presença de Churchill, Roosevelt e Stalin, meses antes do término da Segunda Grande Guerra), Constança, antiga Tomis (para onde Ovídio – 43 a.C-17 d.C, o autor de Metamorfoses, foi desterrado); Varna; Istambul (outrora Constantinopla e Bizâncio de fantástica história), causa impacto.

De belo jardim em Varna, pormenor do Mar Negro. Foto J.E.M. 1996. Clique para ampliar.

Como estávamos nos estertores do verão, após o recital, que se deu no fim da manhã, fui até o jardim bem cuidado a proporcionar uma visão única do mar em momento ensolarado. Dele, descendo por escadaria bem antiga, tem-se acesso a uma das praias. Tirei sapatos e meias e caminhei cerca de vinte minutos, a sonhar com lendas e tradições do Mar Negro. Uma sensação de alegria e de emoção ao pisar aquelas águas que povoaram meu imaginário juvenil, quando leituras dimensionavam o misterioso Mar. Lembro-me, ainda miúdo, de um conto russo que minha mãe me leu, e aquele Mar pareceu-me ter uma importância descomunal, pois envolvia barcos tragados misteriosamente pelas águas. Era a primeira revelação. Meu grande amigo Gilberto Mendes pediu-me que incluísse no programa uma peça sua, pois Varna tem para ele uma aura especial, a povoar há muito tempo o seu rico imaginário. Esqueceram-se de colocar o nome impresso, mas toquei Viva-Villa a anteceder obras de Villa-Lobos. Ficou feliz, mas gostaria de ver seu nome no programa. Grande Gilberto.
O regresso deu-se tranquilamente. Os mesmos filmes foram reprisados, mas as paisagens eram diferenciadas, pois apreendidas em sentido contrário. Havia a certeza de que valera a pena ter trocado o meio de transporte, pois, se aéreo, poderia perder-se no esquecimento. O inusitado a ficar gravado. Perenemente.

On my way to Varna:
Unexpected events are hardly forgotten, specially when one is travelling. Flipping through an old photo album brought back memories of singular moments lived in Bulgaria in 1996: embarking on a seven hour trip by bus from Sofia to Varna among locals; strolling barefoot on the shores of the mythical Black Sea.

Um Paraíso Possível

Firmino a costurar rede de pesca em Sagres. Foto J.E.M. Clique para ampliar.

…e as histórias que a velha Quitéria me contava
das mouras encantadas que sempre se casavam
com um príncipe cristão.

António Menéres

Em Silves já não há moiras encantadas
Lopes-Graça (11ª das Viagens na Minha Terra).
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De Lisboa, passamos por Cascais, a fim de visitar o Museu da Música Portuguesa, que contém o espólio musical do notável compositor Fernando Lopes-Graça. A Diretora, Doutora Maria da Conceição de Mendonça Almeida Correia, explanou o trabalho competente que está a se fazer na Instituição. De lá, deslizamos rapidamente para Lagos, no extremo sul do Algarve, com o amigo José Maria Pedrosa Cardoso e sua esposa, Maria Manuela. Descer pela auto-estrada até o Algarve dá a realidade da planura alentejana, única em sua constituição natural, assim como a diferença palpável ao se adentrar terras algarvias. Montanhas abrigam a costa do Algarve dos ventos mais intensos.
Lagos situa-se em lugar privilegiado e novamente Regina e eu nos hospedamos em casa dos sogros de José Maria: Firmino, o homem do mar (vide Breves II, 14/06/07) e Maria Elias. Aposentado das águas por vezes bravias, não deixa de visitá-las, de conversar e aconselhar os mais jovens pescadores, assim como de escolher os melhores peixes. Um sábio no olhar as coisas e no preparar os assados únicos. Repetiu-se o desfilar de peixes à mesa, todos preparados pelo velho Firmino. Sardinhas gordas e no ponto, pois mês exato; cavalas; carapaus naquilo que o homem do mar denomina limada, uma iguaria; ostras frescas e seguras, pois Firmino entende sua evolução após retiradas do mar. Os doces inigualáveis, onde amêndoas e ovos fazem o amálgama perfeito com outros ingredientes, nas mais variadas combinações; o queijo de figo, uma quintessência gastronômica quando preparada por Maria Elias, assim como seu arroz doce insuperável.

Ponta da Piedade. Foto J.E.M. Clique para ampliar.

Certa tarde encontrei Firmino costurando os buracos de uma longa rede que deveria voltar às águas algarvias. O mestre considerou que perto do Extremo de Sagres há surpresas no mar, como navios afundados que dilaceram certas malhas. Especialista, é convidado para repará-las. Fá-lo com presteza e maestria. Uma só falha e está tudo a perder. Na região de Lagos, é de beleza ímpar o promontório que receberia a denominação de Ponta da Piedade. Do alto vislumbram-se águas em várias colorações, grutas, rochedos. Diminutas praias intermedeiam essas abruptas elevações e dimensionam a magia do lugar, a contrastar com a imensa praia entre Lagos e Portimão. Essas paisagens tornam Firmino não apenas o pescador e mestre dos assados oriundos da fauna marítima, como um poeta de poucas palavras, mas intensas na mensagem a ser transmitida.

Uma visão do alto da serra de Monchique. Foto J.E.M. Clique para ampliar.

Foram três dias, após a tournée pianística plena de emoções. Subimos a serra de Monchique, que se eleva a 900 metros do nível do mar. As cercanias do pico da Fóia são deslumbrantes. A visão é magnífica, a estender-se até o mar, e o olhar capta Lagos à direita, Portimão mais ao centro e perde-se na Lagoa. Pode-se vislumbrar Silves, cidade plena de lendas e situada entre o mar e a serra de Monchique. Nesta, a passarada fascina com seus cantos mágicos, pois a vegetação é rica. Um rouxinol a cantar insistia em visitar um dos galhos perto da mesa onde almoçávamos. Tentei em vão fotografá-lo. O casal Pedrosa Cardoso, José Manuel e São, Maria Elias, José, Regina e eu captávamos o encanto do entorno, enquanto, ao final do almoço, o aguardente feito da fruta da região, medronho, selava congraçamentos.
No regresso a Lisboa, José Maria preferiu outra rota, a antiga estrada. Tortuosa, ladeia à certa distância o litoral. As curvas acentuadas e a paisagem deslumbrante, mormente na serra do Espinhaço de Cão, indicam que se está a mudar de região. A Vila de Aljezur e seu velho castelo medieval em ruínas, pequenos vilarejos e aldeias eram atravessados no cerne das localidades, o que faz o viajante inteirar-se um pouco mais de atávicos costumes. O serpentear do asfalto, subindo e descendo serras menores, levar-nos-ia ao Alentejo, bem maior em terras do que o Algarve. Belezas outras. Rente ao litoral, a região alentejana tem características próprias e diferencia-se bem daquela fronteiriça à Espanha.

Travessia de Ferry Boat. Foto J.E.M.Clique para ampliar.

A caminho de Lisboa, José Maria reservou-nos a surpresa da travessia por Ferry Boat, que nos levaria a Setúbal. Belo passeio, apesar da forte cerração. Lembro-me de outras travessias, no final dos anos 50, antes da construção da histórica ponte 25 de Abril, a ligar Lisboa ao sul de Portugal.
As impressões de viagem ficam ratificadas, mormente pela trajetória do Minho ao Algarve nesta tournée pianística que se finda. Portugal é um imenso jardim preenchido pela história que está a todo instante, como as flores de tantas espécies, a revelar intensidades infindas.

After the end of my concert tour in Portugal I took a short holiday in the Algarve region: good company, breathtaking landscape and endless variety of seafood and traditional desserts, examples of the Portuguese taste for all that is good and sweet.

Estudo V Die Reihe Courante

Jorge Peixinho. Foto: José Manuel. Clique para ampliar.

Como su vida – la biografia de Peixinho
es como uma apasionada, confusa y contradictoria novela -,
sus composiciones alternan
claridades deslumbrantes y dramáticas tinieblas.
Esperamos su resurrección.

Ramón Barce

A amizade com Jorge Peixinho (1940-1995) data dos anos 80. A meu pedido, o grande compositor português já escrevera Villalbarosa, que constou de um caderno em homenagem a Villa-Lobos (1887-1959), no ano do centenário de seu nascimento, e publicada pela Universidade de São Paulo, com mais outras nove obras específicas de vários compositores, como tributo ao nosso notável músico.
A fazer parte da coleção que iniciei em 1985, solicitando a compositores do mundo inteiro criações para um extenso arquivo de Estudos representativos para piano, Jorge Peixinho escreveu em 1992 o Estudo V Die Reihe-Courante. Tão significativo se mostrava, devido aos ingredientes inusitados e renovadores utilizados por Peixinho, que pedi ao saudoso amigo um ensaio a respeito, publicado na Revista Música da USP e mais tarde no livro Jorge Peixinho – In Memoriam (Lisboa, Caminho da Música, 2002). A minha contribuição no livro encontra-se no item Essays de meu site.

Jorge Peixinho apresenta J.E.M. Recital no Conservatório Nacional em Lisboa. 03 de Fevereiro de 1992. Clique para ampliar.

O Estudo V Die Reihe-Courante é, antes de tudo, uma obra-prima. Nele, o compositor aplica em profusão elementos de sua vasta gama escritural. Material tradicional, aleatório, ambos mesclados, clusters em glissandos vertiginosos, escalas cromáticas com intersecções, movimentos assimétricos, trinados e tremolos e, a preponderar, a série, palavra que designa a sequência dos doze sons cromáticos existentes em uma oitava, aplicação técnica composicional que seria dogma durante tantas décadas para autores a partir dos primeiros decênios do século XX e que surgia numa tentativa de substituir a antiga escala diatônica e seus graus diferenciados, entendida esta, pelos proponentes da série, como exaurida. Jorge Peixinho escreve sobre a série: “Finalmente, e acima de tudo, é de assinalar a presença constante e quase avassaladora da série (Die-Reihe), constituindo esta o núcleo, a raiz e a fonte primacial da obra, ao mesmo tempo que assume uma função emblemática e simbólica. E se considerarmos também metaforicamente a série como uma imagem (visível, reconhecível e projetável em mil reflexos), então poderemos transpô-la ainda para uma dimensão iconográfica”. É sobretudo o rico tratamento dado à série em suas múltiplas aparições no incomensurável todo da escrita que proporciona ao ouvinte o alumbramento. Die Reihe-Courante tem esse último termo que remonta à Courante das suítes barrocas: “tal como a corrente de um rio que flui e se espraia, tal como uma corrente de laços encadeados e interligados”, como bem afirma Jorge Peixinho.
Na tournée a cargo de nós ambos, realizada em 1994 pelo Brasil, um pouco menos de um ano antes de sua morte, ele apresentando obras de Filipe Pires, Clotilde Rosa e as de sua lavra, e eu algumas de suas criações e a extraordinária 5ª Sonata de Lopes-Graça, pude observar a riqueza quanto ao emprego da pedalização. O Estudo V é igualmente uma magnífica criação no que se refere à utilização dos pedais. No texto, publicado no livro citado, já observara a virtuosidade do pianista-compositor quanto ao emprego dos pedais, a buscar unicamente o universo das reverberações sonoras. O resultado mostrava-se surpreendente.
Desde 1992 apresento Die Reihe-Courante. É impossível ficar-se indiferente ao magistral Estudo de Jorge Peixinho. Um dos nomes referenciais da composição contemporânea em Portugal, Eurico Carrapatoso escreveu-me após o recital na Academia de Amadores de Música em Lisboa: “Queira saber que a comoção de o ouvir e de ouvir os meus mestres Jorge Peixinho e Lopes-Graça através de si causaram uma memória indelével”.
Se os comentários dos ouvintes focalizam preferencialmente a estrutura da obra e seus resultados sonoros, a leitura que do Estudo fez a excelente gregorianista Idalete Giga fugiu a todos os ditames. Confessou-me que custou a dormir após a audição de Die Reihe-Courante no recital em Évora, tamanho o impacto causado pela composição que finalizava as apresentações. Escreveu um poema. Traduz a poesia a interpretação de alma sensível ao torrencial Estudo V. Transcrevo-o, após a gentil autorização da autora:

Ars longa vita brevis

Veloz cascata
arrastando
fios de esperança
entrelaçados
em laivos de angústia
e transparentes
ilusões

Alma inquieta
correndo
desnudada
bebendo a
pura loucura
no vazio
do Tempo

Morte anunciada
nas levíssimas asas
da Libertação
obra inacabada
vida incumprida
dor estilizada
escondida
numa doce
e amarga solidão

Fragmento do Estudo V Die Reihe-Courante de Jorge Peixinho. Clique para ampliar.

Que Die Reihe-Courante, assim como outras composições de Jorge Peixinho e de tantos importantes autores contemporâneos portugueses, como Clotilde Rosa, Filipe Pires e Eurico Carrapatoso que muito têm feito pela Música em Portugal, penetrem cada vez mais acentuadamente no repertório dos pianistas. Há a necessidade imperiosa dessa divulgação que, felizmente, está em ascensão. A gravação não profissional, mas plena do espírito de colaboração, realizada pelo dileto amigo Alexandre Branco Weffort durante a apresentação de Die Reihe-Courante na Academia de Amadores de Música em Lisboa, no dia 26 de Maio último, dará ao leitor e ouvinte a possibilidade de conhecer essa obra rigorosamente singular.

J.E.M. a interpretar Die Reihe-Courante. Tomar, 7 de Maio de 2009. Foto: Ludovico António Alves Rosa. Clique para ampliar.

Clique aqui para ouvir Estudo V Die Reihe-Courante, de Jorge Peixinho (1940 – 1995), na interpretação de José Eduardo Martins. Gravação ao vivo realizada na Academia de Amadores de Música, Lisboa, em 26 de Maio de 2009.

This post gives my view of the work “Estudo V Die Reihe-Courante” by the Portuguese composer and my dear friend Jorge Peixinho (1940-1995). With a variety of compositional techniques, I personally consider this etude a masterpiece and it has been part of my repertoire since it was written in 1992. By selecting the link at the end of the post, readers my listen to my performance of “Estudo V Die Reihe Courante” last May at the Academia de Amadores de Música in Lisbon.