Os que dela não gostam são raros

Se, de todas as artes, a música é a mais acessível,
não é pelo fato de ser mais cosmopolita,
mas sim por ser cósmica em sua natureza.
Ignaz Paderewski (1860-1941)

Ao longo da existência conheci duas pessoas que realmente não gostam de música. Não a detestam, apenas têm por ela indiferença. Foi com surpresa que, no início deste ano, ao encontrar na feira-livre que frequento desde os anos 1960 um velho amigo que não via há tempos, disse-me ele que segue assiduamente meus blogs, repassando-o aos seus conhecidos, mas nunca acessa os links que insiro com gravações diversas, muitas retiradas de meus CDs. À minha pergunta a querer saber a razão, recebi resposta tranquila, mas certeira. Disse-me que a música sempre lhe foi absolutamente indiferente e que nada lhe transmitia, seja ela a que gênero pertença, erudito ou popular.

Esse posicionamento existe e responde, em termos, às palavras de Franz Liszt (1811-1886), que, em carta à Condessa d’Agoult (1805-1876), com quem viveu durante alguns anos, tendo com ela três filhos, afirmava que “há almas que amam os sons”. Liszt não generaliza e as escassas exceções existem.

Um dos autores que se debruçou sobre o tema, o musicólogo francês Paul Roës, em seu livro “La Musique – Mystère et Realité” (Paris, Lemoine, 1955), aborda essa não apetência pelas “ondas sonoras”. Idealiza dois amigos que passeavam na praça San Marco em Veneza e que, após diálogo sobre tema espinhoso, continuaram silenciosos a caminhar, pois um abismo os separava. Roës descreve a cena em que um deles “acabara de reafirmar que era completamente desprovido de qualquer senso musical, e essa afirmação soou como uma ofensa aos ouvidos do outro, o músico. Este repetira muitas vezes que a ausência de qualquer senso musical é tão rara, que não há quem seja totalmente dele desprovido. Cansado de reiterar seus argumentos, reportou-se a Shakespeare, que, ácido, descreve em ‘O Mercador de Veneza’ a insensibilidade em relação à música quando o personagem Lorenzo responde à filha de Shylock: ‘Você diz que nunca está feliz ouvindo a doce música? E bem, o homem que não tem a música dentro dele, que não é tocado pela bela harmonia, esse homem é propenso às traições, às intrigas, às querelas e aos roubos; os impulsos de seu espírito são obscuros como a noite, suas afeições de alma, sombrias como o Erebus… desconfiemos de tal ser…’. Paul Roës divaga a seguir em sua história, a dizer que “Subitamente um sino de tom grave soou no campanário de San Marco. A pujança do som de bronze surpreendeu os dois amigos e balançou suas divergências; a brusca sonorização provocou a revoada dos pombos, que fugiram assustados da praça”. O badalar sucessivo dos outros sons em tons diversos, o ambiente, a atmosfera do verão, a progressiva extinção sonora até o silêncio incitam o não músico a afirmar: “Experimento uma sensação bem estranha, os sons dos sinos me sugeriram um recuo no tempo como se vivesse num longínquo passado, séculos e séculos atrás…”, frase seguida das considerações do músico “Estou surpreso… feliz por suas palavras e encantado pelo fato de o amigo ter descoberto aquilo que eu denomino uma profunda musicalidade”. Essa narrativa faz lembrar outra “conversão” em termos distintos, a de Paul Claudel à religiosidade no interior grandioso de Notre Dame em Paris.

Clique para ouvir o repicar dos Sinos do Campanário da Praça San Marco em Veneza:

https://www.google.com/search?q=youtube+Musica+dalle+campane+del+campanile+di+Piazza+San+Marco+a+Venezia&oq=youtube+Musica+dalle+campane+del+campanile+di+Piazza+San+Marco+a+Venezia&aqs=chrome..69i57.20319j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:c82e3e84,vid:k0z8G936qjA

O pensamento de Shakespeare se insere numa peça e obedece ao contexto. Os raros que simplesmente são indiferentes à música não sofrem das desordens mentais apontadas em “O mercador de Veneza”. As únicas pessoas que conheci que são indiferentes à música não têm a mínima semelhança com a figura teatral proposta pelo imenso dramaturgo, poeta e ator inglês. Contudo, há nuances. Meu amigo acima mencionado, após minha insistência na indagação sobre gêneros musicais, mormente sendo ele brasileiro, sob forte presença dos ritmos pátrios durante quase todo o ano, ratificou que para ele não faziam diferença alguma, quaisquer músicas ou ritmos, simplesmente tudo lhe era indiferente. Não obstante a resposta incisiva, afirmou-me que gostava de poesia, ao que retruquei a dizer que, segundo o notável poeta e escritor Guerra Junqueiro (1850-1923), “a música é poesia incorpórea”.

Ao consultar sites do hemisfério norte, verifiquei que pesquisas científicas recentes (1993) têm demonstrado que essa dificuldade ou incapacidade das raras pessoas que não sentem satisfação ao ouvir música é uma condição neurológica. Mais recentemente (2011), atribuiu-se a designação “anedonia musical”. A não apreciação ou mesmo o gosto musical podem estar ausentes por completo, sem que, paradoxalmente, aquele que se insere nessa condição não possa distinguir gêneros musicais e mesmo analisá-los, mas permanecendo indiferente à escuta musical. A “anedonia musical sem danos cerebrais” não tem disfunções do cérebro e atinge de 3 a 5% da população. Entretanto, a “anedonia musical adquirida” devido a danos ou traumas cerebrais tem porcentagem ainda menor. O fato de ter conhecido até o momento apenas três pessoas nessas condições se enquadra na estatística mencionada.

Num aprazível café de nosso bairro fiz inúmeras perguntas ao amigo citado acima, quando de um “longo” curto na semana que ora finda. Queria saber mais sobre a sua condição. Perguntei-lhe sobre outras artes e também não se mostrou minimamente entusiasta. Quanto à literatura, é um devorador de livros, preferencialmente em inglês e norteados nas temáticas aventura, suspense e… poesia. Longe de ser uma pessoa expansiva, é muito inteligente e lê em vários idiomas, mas é um tanto quanto misantropo. Revela franqueza em não ter o menor apreço pela música como um todo, sendo, porém, uma pessoa que admiro pela cultura, fala impecável a preservar a língua portuguesa, hoje tão sofrida nos meios de comunicação. Em acréscimo, conduta e lhaneza que tem para com este amigo músico, sendo que a indiferença às “ondas sonoras” não interferiu minimamente no diálogo substancioso que mantivemos.

Ao nos despedirmos ainda ousei uma última pergunta. “Dos blogs que assiduamente o amigo lê, nenhum link musical deveras o interessou?”. A sorrir, sem outras intenções duvidosas, respondeu “nenhum”. Sem dúvida aprendi o elementar sobre a rara “anedonia musical”, que, confesso, desconhecia nesses termos revestidos pela ciência, pois só ultimamente tem sido estudada com profundidade.

Na consulta aos sites especializados verifiquei que pesquisadores da Northeastern University, em Boston, fizeram investigações sobre música e cérebro e ações que pudessem alterar o relacionamento social. Há possibilidades de que imagens do cérebro de um autista tenham semelhanças com aquelas dos que se enquadram entre os raros com “anedonia musical”. Outros estudos revelariam que determinados tratamentos, tendo a música como base, podem ser utilizados tanto para a “anedonia musical” como para a depressão.

I have known in the course of my existence only three people for whom music is totally indifferent. Educated, intelligent people who appreciate literature and poetry, but to whom “musical sound waves” say nothing. For three decades researchers in the northern hemisphere have been studying this subject, and more recently, in 2011, they gave a name to this brain disfunction: “musical anhedonia”.

O cosmopolitismo e seus comprometimentos

Não admitimos que a tendência à uniformidade de costumes e de gostos
tenha um efeito inelutável de um novo regime civilizatório,
que imponha a todos os países interesses solidários,
uma vida e uma história comum.
Apesar dos sintomas dessas tendências existirem,
acreditamos que não prevalecerão.
Gustave Bertrand (“Les Nationalités Musicales”, 1872)

Como nada entenderam do passado nada podem sonhar com o futuro.
Agostinho da Silva

Entre as muitas mensagens tecendo comentários sobre o último post, três enfatizam o fato de que a decadência dos costumes, moral, artes, política e tantas outras áreas é generalizada, a não poupar os países. Quanto ao nosso vasto torrão, essa degeneração é também acentuada. As mensagens me fizeram lembrar de um livro do escritor e musicólogo Gustave Bertrand “Les Nationalités musicales étudiées dans le drame lyrique” (Paris, Didier, 1872), que adquiri em sua edição original nos anos 1960 em Paris. O autor, àquela altura, já sinalizava circunstâncias que podem ser observadas 150 anos após!!!

Extraio alguns parágrafos do livro, a fim de considerações. Gustave Bertrand observa determinado resultado das célebres Exposições Universais que em Paris têm início em meados do século XIX, sendo que a mais célebre Exposição Universal, em 1889, para a celebração do centenário da Revolução Francesa de 1789, dar-se-ia 17 anos após o livro mencionado. Profeticamente, comenta que “Nessa era de Exposições que começa, a França se pertencerá cada vez menos; pois não se trata de hospitalidade: os estrangeiros marcam os encontros em nossas terras. À força de ser cosmopolita, Paris esquecerá de ser nacional. A honra é grande, sem dúvida, de ser a capital cosmopolita, mas ao invés de aproveitar, findaremos por sofrer. As opiniões são bem divididas nesse assunto. Essa situação pode parecer magnífica para aqueles que acreditam e que ficam felizes sob o aspecto da sociabilidade europeia; todavia, outros tantos veem confusão, promiscuidade de gostos, e temem que o resultado dessa bela química internacional busque finalmente apagar o que há na arte a mais característica, de extirpar uma das fontes essenciais da originalidade, de fazer com que a música seja pasteurizada em todos os países do mundo”.

A seguir, Gustave Bertrand tece comentários a respeito da necessidade de as nações e seus indivíduos guardarem suas características: “Acreditamos que os cidadãos podem se conhecer, ter negócios conjuntos, manter laços estreitos, sem abdicar minimamente dos seus caracteres, fisionomias e personalidades. Eles podem admirar e estudar qualidades alheias numa reciprocidade, assimilar alguma coisa de experiências outras, sem que por isso cessem de viver suas individualidades”. Frise-se que, em 2019, a França tinha 6,7 milhões de imigrantes, o que correspondia a 9,9% da população do país, sendo que 37% se naturalizaram e que 7,4 milhões são considerados estrangeiros, o que perfaz 4,9 milhões de pessoas. Grande parte dessa imigração é oriunda do Magreb, que compreende os países ao norte da África: Marrocos, Argélia, Tunísia, Mauritânia e Líbia (fonte: CIMADE (Comité Inter-Mouvements Auprès Des Évacués).

Essa imigração também se verifica em muitos países europeus. O esquecer de ser nacional, apregoado por Bertrand, é nos nossos dias uma consequência natural e hoje não há mais a necessidade daquelas grandiosas Exposições, pois as práticas ditadas pelos países do propalado primeiro mundo, mercê inclusive do desenvolvimento cotidiano da tecnologia, influem nessa perda do sentimento nacional que, frise-se, ressurge sempre, mormente nos grandes eventos esportivos ou em conflagrações.

Sobre o intercâmbio entre as nações, Bertrand afirma: “É possível que uma nação capte por certo tempo os ensinamentos de uma outra, sem contudo ser condenada a se alimentar da imitação, a viver por reflexo. Que um artista emigre na busca de circunstâncias favoráveis ao seu gênio, isso não se traduz em uma ordem imutável do Destino a regulamentar as coisas de um país a outro”.

Contrapondo à frase mencionada, “À força de ser cosmopolita, Paris esquecerá de ser nacional”, Bertrand observa: “Nenhuma nação é fatalmente deserdada de algumas das grandes faculdades essenciais que constituem a humanidade em si. Eu cito ao acaso: a lógica, a coragem, a atividade industrial, agrícola ou comercial, a eloquência, a fantasia, o espírito filosófico, a observação moral, a imaginação e o sentimento artístico em suas diversas formas, poesia, drama, arquitetura, pintura, música, etc…; somente, cada nação guardará, nas suas diversas aplicações, seu caráter e gosto particulares”.

Entendo bem as posições de leitores sobre a problemática das transformações por que passa a humanidade nos itens elencados no post anterior relacionados a costumes, moralidade, gostos e à nítida decadência qualitativa em áreas como a criação artística. A música de alto consumo, como exemplo, passa por constantes transformações ditadas pela mídia e seus inconfessos interesses voltados à “renovação” sempre mais apelativa. Desse gênero “musical”, determinadas vertentes vindas do hemisfério norte, que produzem barulho “sonoro” ensurdecedor (entorpecedor das mentes), gestualização transloucada (a transição visual sem tréguas), repetição incessante (hipnotismo), “música” desprezível (destruição dos padrões tradicionais), conduzem milhões à alienação. E todo esse “material” é descartado em detrimento de outras apresentações sempre mais aberrantes e ruidosas. A mutação do gosto, calculadamente planejada pela mediação de tantos agentes, anatematiza a durabilidade.

Gêneros “musicais” que levam massas humanas pelo globo ao delírio, tendo como atores figuras amplamente mediáticas, estão em conformidade com “à força de ser cosmopolita…” apregoada por Bertrand. O que se vê é a diminuição brutal dessa juventude frente à arte erudita em detrimento das manifestações mediáticas de gêneros efêmeros, majoritariamente alienígenas, como Rock in Rio ou Lollapalooza, ou então, sob outra égide bem mediática e devastadora, se considerados forem os malfadados exemplos dos reality shows.

Nem falemos sobre a atividade musical erudita, pois estou a me lembrar de que, na nossa longínqua juventude, postávamo-nos em grandes filas frente ao Teatro Municipal para obter bilhetes para as galerias quando da visita dos luminares do gênero ao Brasil. A população de São Paulo era de 3,5 milhões, hoje 12,5 milhões, o que faria supor, para a atualidade, filas intermináveis.

Se outrora jovens instrumentistas pátrios contavam com público numeroso para estimulá-los, hoje os espaços ficaram reduzidos a guetos para todos, jovens e veteranos. A atividade musical erudita, contudo, persiste. A ciência já não provou que a chama de uma vela tem um potencial inimaginável?

Readers have asked for further clarification about the “cultural homogenization” that happens today in so many areas, such as tastes, customs, morals, arts. From the book by the French musicologist Gustave Bertrand, “Les Nationalités Musicales étudiées dans le drame Lyrique” (1872), I have drawn some very interesting ideas.

 

Haverá esperanças neste mundo tão conflitante?

Cada um de nós emergirá, ao fim do Ano Novo,
ou maior ou menor; ou então,
absolutamente não teríamos crescido,
permanecendo em completa inércia,
exatamente aquilo que agora somos.
Porém, para aqueles dentre nós que sentem fervor,
qual o significado do Novo Ano? Não poder ter esta significação?
Somos semelhantes a viajantes,
penetrando, em nossa longa jornada,
por um país novo e desconhecido,
onde fados estranhos e estranhas aventuras nos esperam.
Jiddu Krishnamurti (1895-1986)
(“Mensagem de Ano Novo”)

Após o blog anterior, em que narro um Natal inesperado em Paris no ano 1958, ao verificar imagens para o referido post deparei-me com duas já mencionadas em outros blogs muitos anos atrás, mas que no presente têm muito a ver com a situação que se abre a partir do início de 2023.

Creio que, das visitas que realizei a tantas catedrais francesas, portuguesas e belgas com o desiderato de compreender o resultado gravado nas pedras de tantas criações extraordinárias relativas à história da cristandade, uma visita ficou indelével, a da Cathédrale d’Autun, em França, na Borgonha Romana. Denominada Église Saint-Lazare, foi construída entre os anos 1120-1146, mercê da visita de peregrinos que se prostravam diante das relíquias de São Lázaro, irmão de Maria Madalena e amigo de Jesus. Tem um magnífico tímpano realizado por Gislebertus, fato raríssimo àquela altura o escultor legar aos pósteros a autoria. Os inspirados capitéis no interior da Catedral têm igualmente Gislebertus como autor. Nessa visita em 1960 ficaram gravadas perenemente duas imagens, a dos peregrinos no majestoso portal e a de Saint-Joseph pensif, no interior do templo. Adquiri as duas estampas e não raras vezes, ao longo das décadas, elas me levam à reflexão.

Passaram-se pouco mais de quinze anos após essa visita à Cathédrale d’Autun quando, em viagem à Pouso Alegre, em Minas Gerais, parei num restaurante da estrada para tomar café e, ao passar por várias barracas de artesãos populares, uma delas chamou-me a atenção. Fiquei surpreso ao ver um rústico presépio em terracota, que imediatamente acionou minha memória. Tratava-se das figuras de José, Maria e a de Jesus no berço. São José levava a mão direita ao queixo. Qual a razão? 850 anos após a construção da Catedral d’Autun, novamente me deparava com a mesma postura de São José no templo da Borgonha, neste, a mão direita a sustentar a cabeça do Santo, sendo que o braço se apoia sobre perna esquerda, no de terracota amparado na mão esquerda. O mais extraordinário foi ouvir do artista popular mineiro, figura simpática que, com simplicidade, respondeu à minha pergunta referente ao porquê dessa mão no queixo. Coçando a cabeça e a sorrir considerou que a posição da mão significava o problema que o Santo estava a trazer para o mundo e que poderia ter sido o que São José pensou, completaria.

Aquelas palavras têm transcendência e certamente atravessaram centenas de anos, pois Gislebertus, com toda a sua genialidade, poderia ter pensado de maneira similar. O notável Auguste Rodin (1840-1917) criaria a escultura definitiva de “O Pensador”, mão direita a apoiar a cabeça e o cotovelo sobre a a perna esquerda…

As imagens de São José pensativo e a dedução do artista popular levam-me a pensar no alcance da frase. Iniciaremos um novo ciclo a partir do começo de 2023. Sob o plano mundial, entre tantas escaramuças internas em inúmeros países, sobressai a guerra Ucrânia-Rússia, insanamente provocada por um tirano, brevemente a completar um ano de bárbaras contendas, com cenários dantescos de destruição e mortes. No plano interno, a troca de poder traz incertezas e encontra um Brasil dividido. Quanto ao nosso torrão natal, há nítida degeneração em áreas como costumes; moralidade; lhaneza; decadência nítida da imprensa escrita – inclusive em termos de redação; programas televisivos em que o supérfluo e a degenerescência comportamental imperam, mormente nos reality shows; o desprezo pela cultura erudita; a não confiabilidade na classe política; o quase absoluto desaparecimento do respeito às religiões e crenças; a corrupção como a mãe de todos os vícios que, hélas, deverá prosseguir, pois majoritariamente anulada em breve tempo.

Aos 84 anos assisto à inegável decadência nas áreas apontadas. Se a tecnologia avança a passos largos para o bem e para o mal, se mentes esclarecidas e sérias buscam o aprimoramento do país, estas raramente encontram respostas dignas. Não podemos deixar esperanças fenecerem.

A todos os leitores que me honram com sua atenção semanal, desejo que 2023 lhes possibilite crescer, emergindo maiores ao final de mais uma etapa, como nos propões Krishnamurti.

Two images 900 years away in time led me to reflect on why a master sculptor in the 12th century and a rural artisan in the south of Minas Gerais came up with the idea of depicting the figure of Saint Joseph with his hand on his chin. The Romanesque sculptor Gislebertus in France and a rustic countryman who carved in his spare time had the same idea. From the popular artist I heard that the hand on the chin would reflect Saint Joseph’s thought “what trouble have I brought into the world!” It makes we think that possibly the medieval sculptor might have had the same idea. Thinking about troubles, I make some observations about a marked decay of civilization in numerous areas.