O jornalismo competente
Professor é alguém que ajuda os outros a aprender;
Mestre é, sobretudo, aquele que ajuda os outros a “desaprender”,
a desaprender conceitos errados da vida, de verdade, de sabedoria,
de Amor…
José Flórido
Desde os anos 1980 tenho precauções relacionadas a entrevistas. Voluntariamente jamais quis ter empresário e sempre me afastei dos holofotes. Trata-se de posição rigorosamente individual, que me norteia durante a existência.
Estou a me lembrar de entrevista concedida a um renomado jornal de São Paulo no segundo lustro da década de 1970, nas quais fiz observação crítica sobre Mário de Andrade e a condução da Música Brasileira, assim como indiquei uma obra para piano de Claude Debussy que, por equívoco do entrevistador, teve o nome trocado por uma outra composição, esta para orquestra. Em artigo em outro renomado periódico da cidade, músicos voltados às correntes musicais nacionalistas criticaram virulentamente minha posição a respeito de Mário de Andrade, assim como um deles observou que eu deveria saber que tal obra de Debussy não era para piano, atribuindo a mim o equívoco. Não respondi a essas críticas, pois entendi que elas visavam ao intérprete e não às suas ideias. Fossem essas conceituais, pediria direito de resposta ao periódico.
Posteriormente, quando convidado para dar entrevista, solicitava a leitura antecipada do texto a ser publicado, fato que nem sempre é de agrado de periodistas e até dos jornais ou revistas.
A premissa se faz necessária, pois exceções existem. Ter confiança absoluta em um entrevistador (a) é raro e ocorre pelo conjunto de matérias Culturais por ele (a) publicado. E chegamos à competente Leila Kiyomura do Jornal da USP.
Após trabalhar para os principais jornais de São Paulo, Leila Kiyomura desde 1993 é jornalista do Jornal da USP, especializada em temas Culturais amplos, tendo sólida formação acadêmica. Tive o grato prazer de ser por ela entrevistado no longínquo 2013, quando do lançamento do livro “José Eduardo Martins – Un pianiste brésilien” (Université Paris-Sorbonne, Série “Témoignages”, nº 4, 2012). Certamente, Leila Kiyomura, a escrever para o Jornal da Universidade de São Paulo, e Paulo Guerra, a conduzir a programação Antena2 da prestigiada RDP de Portugal, foram aqueles que mais argutamente me entrevistaram, pois preparadíssimos antes das arguições. Para Paulo Guerra foram umas dez boas e longas entrevistas, sempre quando em Lisboa para recitais e projetos realizados.
Dois fatos permitiram um novo encontro com Leila Kiyomura: a finalização de minha atividade pianística pública neste ano e a recente publicação de meu livro, “Impressões sobre a Música Portuguesa” (II), com o mesmo título do primeiro, publicado pela renomada Universidade de Coimbra fundada em 1290. Leila e a competente fotógrafa Cecília Bastos retornaram à nossa morada e, após longa conversa, dela recebi várias criteriosas perguntas para serem respondidas. O resultado foi publicado no Jornal da USP (online) no último dia 21 de Julho. Deparei-me com o título da entrevista, cujo termo inicial entendo como o mais caro da vida acadêmica, Mestre, a ter uma carga essencial que atravessa os séculos no Ocidente e no Oriente, mas que, na Academia, é o degrau a anteceder o doutorado (vide blog: “O Mestre, lembrá-lo eternamente”, 25/06/2009).
Ao final da presente entrevista, Leila Kiyomura insere um segmento, resultado da entrevista de 2013, em que, com rara sensibilidade, interpretou sensações vividas por mim em 1954.
Clique para acesso à entrevista concedida à Leila Kiyomura do Jornal da USP:
https://jornal.usp.br/cultura/o-mestre-apresenta-sua-ultima-audicao-publica/
I have reservations about interviews. There are interviewers and interviewers. Leila Kiyomura of the Jornal da USP, which focuses on cultural issues, is especially careful when interviewing, thanks to indispensable prior preparation.
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