Apenas um Mínimo Exemplo a Integrar a Grave Crise Generalizada Ética e Moral

Ninguém poderá viver com dignidade em uma República corrompida.
Ministro Celso de Mello (Decano do Supremo Tribunal Federal)

Nada acontecerá. Uma voz a mais ou tantas outras jamais sensibilizam governantes, sempre atentos a interesses outros. Como afirmei em tantos blogs anteriores, não gosto de entrar nesses temas, a cada dia mais indigestos. O amigo Luiz Gonzaga teve de insistir para que colocasse uma posição pessoal a respeito de todo o desmando que assola o país. Relutei, como sempre o fiz em outras oportunidades, mas tratarei bem resumidamente de alguns problemas que inquietam hoje a grande maioria da população brasileira, mercê de um governo desacreditado e cercado por denúncias de corrupção, mormente após 2003.

Quantos não são os profissionais da mídia falada e escrita que diariamente ventilam os problemas do Brasil e de nossa cidade? Todavia, ao leitor de minha coluna semanal diria que não estou alienado dos graves problemas que nos assolam. Descaso, corrupção, insegurança, saúde, impunidade generalizada, graças em parte à justiça morosa do país, são temas debatidos ad nauseam e que preocupam os mais esclarecidos que acreditam em dignidade pública. Sob outro aspecto, de maneira quase que sombria, blogs solidários, que traduzem com fidelidade deliberações do partido planaltino, exaltam – na mesma tonalidade rubra da bandeira – aquilo que não mais tem guarida. Nesse momento de absoluto desalento, qual jornalista-radialista ou político da situação pode, de surpresa, falar em qualquer praça pública em defesa do Governo? Vaias serão ouvidas e, logo após, isso também tem-se repetido, militantes convocados chegarão para possíveis rixas.

Mergulhado inteiramente no mar de lama da corrupção, o partido que ocupa o Palácio da Alvorada vem por vezes a público para tentar evidenciar que tudo vai bem. Hoje, se a presidente tem pronunciamento oficial pelos meios de comunicação, panelaço pelo país é ouvido. O último ex-presidente não tem a menor possibilidade de falar abertamente em praça pública, a não ser cercado pela sua militância. Essas falas são reservadas em salas fechadas ou ao ar livre, em espaços previamente ocupados por sindicalistas e adeptos. Filmadas e divulgadas. Para as duas categorias de fiéis seguidores, fica a certeza de que o ex está convicto a defender a Pátria Amada. Nesses ambientes previamente selecionados nunca faltam críticas monumentais à mídia. Controlá-la é o grande sonho do partido que hoje se encontra bem atabalhoado. Já há boas vozes discordantes dentro dele, impossíveis anos atrás. Que o digam Luíza Erundina, Marina Silva, Heloísa Helena e mais outros…

O mais grave é que jamais aprendem lições democráticas. No caso de Honduras, quando foi deposto o presidente Manuel Zelaya em 2009, a posição do Brasil, a defender abertamente a recondução de um presidente destituído do poder de maneira rigorosamente legal pelas altas cortes judiciais do país, teve ares grotescos e caricatos por parte da nossa diplomacia. A destituição, pela Câmara dos Senadores do Paraguai, do presidente Fernando Lugo em 2012 obedeceu à legislação do país vizinho, o que deu ensejo à vergonhosa e “estratégica” admissão da Venezuela no Mercosul na mesma reunião que decidiu pela suspensão do Paraguai. O Brasil do partido planaltino de plantão, que lá está desde 2003, apoiou com toda ênfase essa vexatória situação. Desde os tempos chavistas a Venezuela tem se caracterizado pela supressão gradativa e acelerada dos direitos do cidadão. Opositores são aprisionados, cidadãos mortos, o país está em situação precaríssima onde tudo falta para a população, até papel higiênico. Contudo, não há uma só palavra da governante reeleita no Brasil ou então do “mandatário mor”, o ex, no sentido de uma condenação clara e decidida. Voltando ao papel higiênico, quando dei recitais de piano na antiga Alemanha Oriental (DDR), poucos meses antes da queda do muro de Berlim em 1989, um amigo pediu-me para levar para sua namorada rolos desse material indispensável. Como fui de trem de Paris a Berlim Oriental (Estação Alexanderplatz), levei um grande pacote. Ao receber esse “megapresente”, sua amiga beijou-me as mãos (sic).

Saio desse tema indigesto onde a mentira é compreendida como verdade, a impunidade é corrente e a corrupção tsunâmica, pois sem controle e generalizada. Como mãe de todos os males, a corrupção levou o país ao desatino atual e a rejeição à atual mandatária é colossal, segundo pesquisas recentes. Se o ato corrupto sempre existiu no país, jamais sofreu tão elaborado “aperfeiçoamento”, como pode ser aferido através de temas tão divulgados como Mensalão, Petrolão e tantos outros desastres nestes últimos doze anos. A “Pátria Educadora”, lema da atual mandatária, só existe na mente de nefelibatas.

Volto-me à cidade rigorosamente abandonada pelo poder público. Segurança, Saúde e Educação figuram com ênfase nos noticiários. O atual ocupante do Edifício Matarazzo e seus secretários não apontam as causas, consequências e soluções para conter a violência inaudita a que o paulistano está submetido diuturnamente; comentam o absoluto abandono a que foram relegados nossos hospitais públicos, mas não chegam ao cerne do problema; enfatizam a igualdade social, mas provocam a discórdia entre as classes por absoluta falta de embasamento dos discursos panfletários. Vivemos num mundo irreal, que mais enfaticamente se torna abstrato à medida que o efêmero mostra-se evidente. Ciclovias e ciclofaixas, proibição do fois gras na cidade de São Paulo, bolsa crack são algumas das grandes prioridades do alcaide. Problemas fundamentais que afetam o cotidiano do cidadão não são sequer ventilados, pois há nítida tendência em afetar uma classe social, precisa. Contudo, é toda a população que fica prejudicada. É inacreditável a determinação do burgomestre!

Como exemplo mínimo, diria que, para aquele que percorre as calçadas de minha cidade-bairro, Brooklin, a situação é desoladora. Há piores exemplos em inúmeros bairros, sem dúvida. A Prefeitura permitiu a redução de muitos passeios, mas não cuidou minimamente de acentuar a sua fiscalização. Se árvore e poste se antepuserem à caminhada, só há uma possibilidade, andar pela rua que, logicamente, tem seus riscos. Em tantos trechos, se amigos e famílias caminham, a fila indiana se apresenta como triste solução. É vergonhosa a situação dessas calçadas, esburacadas, irregulares e imundas, mercê do detrito de cães que nem sempre tem em seus donos pessoas civilizadas para recolher essas sujeiras. Jamais vi um só fiscal passando pelos diminutos passeios e apontando soluções plausíveis. Não poucas vezes presenciei idosos caírem e sofrendo lesões. Eu mesmo tive, ainda há pouco, uma séria queda à noite, devido a essas lamentáveis irregularidades. Para aqueles que se exercitam e correm pela cidade, só resta a via pública e a atenção redobrada para evitar que algum motorista incauto se distraia e que os buracos existentes não provoquem quedas. Essas irregularidades na via, mormente no espaço entre calçada e via pública, ficam ademais sempre encharcadas em época de chuva e, nesse período, diariamente cidadãos tomam banho indesejável, mercê de motoristas mal educados e descaso da Prefeitura.

Vê-se que a preocupação do mandatário que dirige São Paulo está alhures. Não há a mínima intenção da Prefeitura de ao menos minimizar esses desacertos. Contudo, um “pormenor” que o alcaide tende a desconhecer. O povo, que sofre com todas as arbitrariedades, tem memória. Inexiste planificação séria para tantos problemas da cidade e as caríssimas ciclovias, tão glorificadas pelo alcaide de plantão, ficam vazias durante a semana. Se continuarem assim, pois não planificadas e abandonadas após feitura, haverá resposta da população nas próximas eleições. Enquanto estas não chegam, temos de aturar o trabalho de proselitismo do atual mandatário municipal. Quousque tandem

Media professionals daily write incisive articles addressing our government authorities, demoralized by corruption, impunity, disregard for public safety, education and health.This post addresses a much simpler subject, but a direct consequence of everything else: the shameful conditions of sidewalks in São Paulo. As the city administration intensifies investment of taxpayers’ money in bike paths in a city known for its car culture, where riding a bicycle is not safe and still a leisure activity for the majority of residents, pedestrians have to live with thousands of miles of neglected walkways, cracked, broken, blocked by massive tree roots. As someone who regularly runs and walks near home, I care about pedestrian safety, injuries to elderlies who fall, the wet and mud on rainy days. Let’s wait for the next elections and see if anything can be done to turn this around.