Relações de afeto
Após três longas noites a gravar meu derradeiro CD, houve confraternização com amigos que eu amo em Gent, na região da Bélgica Flamenga.
As gravações em Mullem, um dia após meu recital, foram feitas após o jantar, sempre acompanhado pela insuperável cerveja belga. Aguardávamos, Johan e eu, o cair da noite, que a essa altura nessa região dá-se por volta das dez horas.
Silenciam-se os pássaros, entre os quais o extraordinário mestre, o Melro. Adentrávamos na Capela Saint-Hilarius, meu Templo Mágico, e as musas inspiravam o intérprete em seu derradeiro registro, ciclo iniciado em 1999. Completava 20 anos a gravar na Capela com meu amigo fraterno, o inigualável engenheiro de som Johan Kennivé. As gravações eram feitas até o despertar da passarinhada, pouco antes do alvorecer.
Uma sensação estranha, nostalgicamente prazerosa, dava-se naqueles momentos finais de tão longo convívio. O intérprete se despedia da milenar Capela, que certamente abrigará durante muitos séculos outros sons das gerações pósteras.
Vim a seguir a Paris para visitar amigos que conheci no final da década de 1950. Amizades sólidas como a rocha mais rígida. Ainda estive com extraordinários amigos do Centre Debussy.
No próximo blog, já em minha cidade-bairro, Brooklin-Campo Belo, colocarei fotos da viagem. Agradeço a ajuda técnica de meus diletos amigos em São Paulo, Regina Maria e Magnus Bardela. Continuo jurássico em relação às novas tecnologias. Nada a fazer.