Navegando Posts publicados em novembro, 2021

Recepção à altura da temática

É a razão desde o parto.
É correr pela vida,
Carregando sempre a morte.
Joan Reventós i Carner
(“Os Anjos não sabem velar os mortos”)

Apesar das dificuldades existentes quando se aborda o tema Morte, a recepção ao último post evidencia o interesse dos leitores por algo inexorável. Todas as mensagens recebidas são relevantes; mas, devido ao espaço a que me proponho, selecionei umas poucas, que correspondem ao conteúdo majoritário dos posicionamentos enviados.

A História está plena de registros da Morte nas artes visuais, música, literatura, nas crenças que eclodiram, feneceram ou sedimentaram-se. Persiste sempre o grande mistério relacionado ao infalível término da existência.

Em consonância com a atitude resignada e em paz, testemunhada pelos que cercam meu amigo-irmão nesse fim insubornável, as mensagens recebidas abordam vários aspectos que transmito aos leitores. A resignação de meu amigo-irmão, imbuído de profunda fé cristã, faz-me pensar na atitude diante da morte apreendida nas várias religiões. Estive com meu saudoso amigo, Álvaro Guimarães (1956-2009), poucos meses antes de sua “partida para a outra margem”, como me escreveu sua esposa, a regente coral Katrijn Friant, pois o amigo músico morou parte da existência em Gand, na Bélgica, lá a constituir família. Álvaro, já nos estertores da vida, dizia-me que estava preparado após ler um livro de Sogyal Rinpoche (vide blog: “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”, 10/10/2009). O autor escreve: “A contemplação profunda da mensagem secreta da impermanência – aquilo que de fato está além da impermanência e da morte – leva diretamente ao coração dos antigos e poderosos ensinamentos dos tibetanos: a introdução à essencial ‘natureza da mente’. A realização da natureza da mente, que pode ser chamada de nossa essência mais profunda, aquela que todos nós buscamos, é a chave para a compreensão da vida e da morte”.

Heitor Rosa, médico gastroenterologista e professor emérito da Universidade Federal de Goiás, escreveu-me, anexando um texto de Rubem Alves, psicanalista, educador, teólogo e escritor, a ele endereçado e do qual separei alguns segmentos relevantes:

“Li seu artigo sobre a morte e imagino sua angústia pelo inexorável desfecho com seu amigo-irmão. Com minha solidariedade, te envio um artigo que o Rubem Alves me enviou antes de morrer”.

Escreve Rubem Alves (1933-2014):

“Mas, o que é a vida? Um materialismo científico grosseiro define a vida em função de batidas cardíacas e ondas cerebrais. Mas será isso que é vida? Ouço os bem-te-vis cantando: eles estão louvando a beleza da vida. Vejo as crianças brincando: elas estão gozando as alegrias da vida. Vejo os namorados se beijando: eles estão experimentando os prazeres da vida. Que tudo se faça para que a vida se exprima na exuberância da sua felicidade! Para isso todos os esforços devem ser feitos. Mas eu pergunto: a vida não será como a música? Uma música sem fim seria insuportável. Toda música quer morrer. A morte é parte da beleza da música. A manga pendente num galho: tão linda, tão vermelha. Mas o tempo chega quando ela quer morrer. A criança brinca o dia inteiro. Chegada a noite ela está cansada. Ela quer dormir. Que crueldade seria impedir que a criança dormisse quando o seu corpo quer dormir. A vida não pode ser medida por batidas e coração ou ondas elétricas. Como um instrumento musical, a vida só vale a pena ser vivida enquanto o corpo for capaz de produzir música, ainda que seja a de um simples sorriso”.

Eliane Mendes, viúva do notável compositor Gilberto Mendes, escreve:

“De fato, o ser humano se impressiona tanto com a morte, mas não se impressiona com a vida, esse milagre tão maravilhoso, em que cada célula de nosso corpo adquire a inteligência de saber o papel a ser assumido segundo o órgão do qual ela fará parte. Fazendo um paralelo, como você citou tão bem, o mundo inteiro lamentando a morte de pessoas da mídia, e praticamente desconhecendo aqueles que se dedicam a preservar a vida das pessoas, passando quase como anônimos, como os que se empenham na medicina, na descoberta da cura das doenças, ou aqueles que se empenham em divulgar o que há de melhor e mais sábio, como o Nelson Freire, que você citou como exemplo. Há alguns anos li uma pesquisa feita na França com a intenção de saber quem as pessoas consideravam como intelectuais, com grande bagagem cultural, isso na época em que ainda viviam intelectuais de alto nível, como Claude Lévi-Strauss (1908-2009), por exemplo. E, para surpresa de todos, o ‘grande intelectual’, eleito com quase 100% de votos, foi o homem âncora do Jornal da Noite, o que aparecia todas as noites na TV dando as notícias. Daí a mensagem do Sábio, no Tao Te King, dizendo: “O Sábio é aquele que permanece anônimo, sorrindo, observando o ser humano fazer uso de seu conhecimento, pegando para si a propriedade desse conhecimento, apregoando como se ele fosse o dono desse conhecimento”. O que seria de nós sem a Sabedoria da Grandeza da Humildade para fazer frente ao grande vazio da humanidade, não é mesmo, José Eduardo? Que a Sabedoria Divina acolha o seu amigo-irmão neste instante derradeiro, com a percepção da verdade que nos escapa durante nossa vida, dando-nos apenas uma visão muito pequena da razão plena de nossa existência”.

Gildo Magalhães, professor titular da FFLECH-USP, comenta:

“Eu já ficara sensibilizado pela notícia por você adiantada e achei tocante sua mensagem com reflexões sobre a morte, em geral a ‘indesejada das gentes’. Quando se reflete que o objetivo da vida é gerar vida, isto pode soar muito mecanicista, mas não deixa de ser verdade. Só que importa muito o que fazemos com o dom da vida que nos foi dado. E você, em particular, maravilhou-nos todos com a beleza da sua música ao piano, também registada para gerações futuras. E, mais ainda, terá um legado de escritos que espalham um firme humanismo, além de conhecimento e um puro sabor de viver intensamente, mesmo nas minúcias, e penso que seu amigo-irmão também deixará esta marca de sua passagem, transformando o efêmero em duradouro”.

Humberto Lopes, que durante décadas teve função destacada em empresa nos Estados Unidos, em sua mensagem teceu comentários paralelos ao post anterior, em que mencionei a morte trágica da cantora sertaneja Marília Mendonça e a massacrante cobertura da mídia durante praticamente dois dias inteiros, a motivar multidão incalculável, assim como a morte do notável pianista Nelson Freire, que teve uma cobertura, diria, protocolar. Humberto menciona dois exemplos ocorridos nos Estados  Unidos, demonstrando que essa “prática” existe não apenas em nossas plagas.

É possível que estejamos a viver um período de insensibilidade coletiva frente à morte. A pandemia, tendo ceifado incontável número de contaminados, persistindo em ondas sucessivas a dizimar humanos, colocou-nos diante da morte como probabilidade real e “imediata”. As vacinas, mesmo que “incompletas” em suas eficácias, são as únicas vias no momento. Quanto ao meu amigo-irmão, seu mal, após determinada etapa, é inexorável. O homem envia drones a Marte, perscruta ínfima parte do universo, aperfeiçoa tecnologias de maneira vertiginosa e não descobre vacinas contra o câncer. Os séculos passam e o interior do corpo humano continua a ter lá os seus mistérios. Estranho, muito estranho.

I appreciate the numerous messages on a difficult subject. I have separated some of them which highlight positions of interest.

 

 

 

Tema natural, mas sob incontáveis apreensões

A morte dos outros me afeta:
e seu morrer, a sua morte,
são parte da minha vida,
são marcos ao limite último.

Joan Reventós i Carner (1927-2004)
(“Os anjos não sabem velar os mortos”)

Às voltas com momentos críticos que está a passar um de meus mais intensos amigos, amigo-irmão, estive a pensar sobre a morte e a percepção que dela se tem a partir de tantas circunstâncias. Apreendida com naturalidade e resignação, mercê de fatores voltados às religiões; recepcionada na solidão de quem perde um ente querido; exacerbada por multidões quando atinge figuras mediáticas, a morte, sem se importar com essas reações, segue inexorável. Mors certa hora incerta, como reza o latim.

O notável filósofo e musicólogo Vladimir Jankélévitch (1903-1985), em seu livro “La Mort” (France, Flammarion, 1977), a tratar do mistério e do fenômeno da morte, no capítulo inicial, escreve sobre o cotidiano do destino final: “Podemos considerar que o problema da morte seja propriamente um problema filosófico. Se ponderarmos objetivamente e de um ponto de vista geral, não podemos basicamente saber o que seria uma ‘metafísica da morte’; contrariamente, ‘entendemos’ muito bem uma ‘física’ da morte, seja ela referente à biologia ou medicina, sociologia ou demografia: a morte é um fenômeno biológico, como o nascimento, a puberdade e a velhice; a mortalidade é um fenômeno social como a natalidade, o casamento ou a criminalidade. Para o médico, o fenômeno letal é determinável e previsível, segundo especialidades, em função da duração média da vida e das considerações gerais dos meios. Sob o aspecto jurídico e legal, a morte é um fenômeno também natural: nas prefeituras, a seção voltada às mortes é como as outras existentes e, ao lado dela, há uma subdivisão do estado civil, outras para nascimentos e casamentos; o serviço funerário é um órgão municipal, nem mais nem menos do que o das vias públicas, dos jardins públicos ou da iluminação das ruas; a coletividade mantém indistintamente suas maternidades, suas escolas e suas casas de saúde. A população aumenta com os nascimentos, decresce com as mortes: nenhum mistério, simplesmente uma lei natural e um fenômeno empírico normal, ao qual a impessoalidade das estatísticas e dos meios retira todo o caráter de tragédia”. Essa percepção, que condiz com a realidade cotidiana, mesmo que dela muitas vezes não tenhamos consciência, minimiza até certo ponto a extensão da tragédia, a depender de convicções, crenças e idolatrias.

Jankélévitch desenvolve considerações sobre um quadro de Domenico Fetti (1589-1623), “Melancolia” ou “Meditação”, alegoria a representar a Sabedoria meditando sobre um crânio.  Ao ver do filósofo, “não há nada a se pensar sobre a morte e a Sabedoria está tão vazia quanto o crânio sobre o qual ela medita. Diante da morte, o homem está como se estivesse diante da profundeza superficial do céu noturno: ele não sabe o que fazer”.

Deparamo-nos com a morte nesses tempos pandêmicos. Parentes e amigos partiram e legião de infortunados, que não resistiram,  fizeram-me refletir sobre o tema. A apreensão da morte num meio familiar tem uma  dimensão, mas quando atinge figuras amplamente mediáticas recebe por parte da multidão recepção desconcertante.

Estou a me lembrar de três fatos determinantes. Quando do assassinato da atriz de novelas Daniela Perez, aos 28 de Dezembro de 1992, uma turba compareceu à Delegacia e em número maior ao cemitério. O fato serviu para que escrevesse ao jornal “O Telégrafo” da Horta, sede da ilha Faial, pertencente ao Arquipélago dos Açores, pois era correspondente do Suplemento Literário “Antilha” do diário faiense, artigo a responder texto precedente do ótimo poeta da ilha, Heitor Aghá Silva, sobre o malefício que as novelas traziam à língua mãe praticada no arquipélago (vide blogs: “A Voz e o Eco Captados Além-Mar” e “Um trágico amalgamar”, 20 e 27/03/2010, respectivamente). Em “Um trágico amalgamar”, publicado no “Antilha” aos 12 de Março de 1993, fazia referência a essa multidão: “No cemitério ou junto à Delegacia de Polícia, durante dias, um público absurdo buscava vaticinar o veredicto para os réus e, na histeria, idolatrar os mitos vivos que compareciam aos lugares citados”.

A colocação se faz necessária após dias recentes, quando mídias nacionais voltaram-se sem tréguas para noticiário semelhante, ou seja, a trágica morte da jovem Marília Mendonça, quiçá tão ventilada e abrangente como o foram as mortes de Tancredo Neves e Airton Senna! Tantos pronunciamentos de figuras conhecidas profetizando a “eternidade” da jovem cantora. Tancredo Neves faz parte essencial de nossa história e Airton Senna está perpetuado como herói nacional.

Dias antes morria um dos maiores pianistas da atualidade em termos mundiais, Nelson Freire (1944-2021). Sem exagero e sem ter o mínimo conhecimento de “leis” estatísticas, ousaria dizer que a divulgação de sua morte nesses recentes dias talvez tenha correspondido a bem menos de 0,1%, se comparada for à dispensada à morte e ao sepultamento da cantora. Nelson Freire se apresentou durante cerca de 60 anos nas mais importantes salas de concerto do planeta e foi glória absoluta de nossa arte. A perenidade certa já lhe foi garantida, pois Nelson Freire está no panteão onde só os iluminados repousam.

Resignado, cercado de amigos e familiares que o amam, meu amigo-irmão aguarda o momento de partir.

A imagem inicial, “L’arbre des morts”, da artista Jeanne Esmein, inspira-se num poema de Louis Gillaume (1907-1971) que rememora lenda nórdica, segundo a qual, à chegada do recém-nascido, plantava-se uma árvore, futuro esquife a deslizar rio baixo após a existência. A primeira estrofe…

“L’arbre funèbre atteint la pleine mer
il se croit seul quand mille autres l’entourent
offrant leur flambée obscure à la lune”

The critical condition of a friend who is like a brother to me made me think about death. I quote remarks by the noted philosopher Vladimir Jankelévitch on the subject and also comment on the public’s reception of death.

 

Uma amizade a partir das corridas

Que forças hão-de trabalhar o mundo,
se pusermos de parte a amizade?
Agostinho da Silva (1906-1994)
(“Sete cartas a um jovem filósofo”)

Nesses últimos meses recebi mensagens de leitores querendo saber sobre Elson Otake, responsável pelas minhas gravações inseridas no Youtube. Como mencionei-o em vários posts sem me alongar, é possível que resida nesse fato o interesse. Respondo aos e-mails enviados através do histórico de nosso relacionamento em duas áreas tão distintas, que corroboraram os laços de amizade.

Iniciei minhas participações em corridas de rua aos 70 anos. Estávamos em 2008. Um ano antes já treinava solitário em pequeno parque do Brooklin e, meses após, realizava voltas pela Hípica Paulista, na mesma região. É natural a saudação entre corredores solitários ao cruzarem com outros na mesma situação. Assim ocorria quando cruzava com Elson Otake. Simples saudação.

Certa vez encontramo-nos na feira-livre da minha cidade-bairro, Brooklin-Campo Belo, e finalmente conversamos pela primeira vez. Estávamos em 2009 e convidei-o para participar da prova Zumbi dos Palmares (10k), mas na mesma data ele teria a maratona de Curitiba. Uma amizade se aprofundou com o tempo e Elson inclusive deu-me algumas “dicas” para que minhas passadas e respiração ao correr fossem mais eficazes.


Posteriormente, apresentou-me ao professor Augusto que, juntamente com sua esposa Valquíria, conduz a eficiente Corre Brasil, organizando duas vezes por semana treinos e ginásticas específicas para um grupo bem coeso e cordial. Sem participar desses treinamentos, várias vezes corri nas provas realizadas ao longo do ano, após um aquecimento bem proveitoso. Foram várias subidas ao Pico de Jaraguá e treinos no Ibirapuera e na Estrada Velha para Santos, sempre a correr.

O perfil de Elson dispensa comentários. Iniciou suas corridas em 2004 e já naquele ano participaria da São Silvestre. Em 2007 realizou sua primeira meia-maratona e, após mais três, buscou treinador e encontrou Augusto, que aprimorou suas passadas visando às maratonas. Após a maratona de Buenos Aires (2008), correria as seis oficiais do Brasil: Florianópolis e Curitiba (2009), Porto Alegre (2010), Rio (2015), São Paulo e Foz do Iguaçu (2016). Esteve no ranking oficial dos maratonistas brasileiros. Elson é formado em matemática.

Elson é muito mais bem preparado e rápido do que eu. Não por acaso, integrei a saudosa equipe “Ta Lentos”, constituída por descendentes de japoneses e eu, cuja camiseta trazia um sugestivo desenho de meu saudoso amigo e grande artista plástico Luca Vitali (1940-2013). Guardo boas lembranças das maratonas de revezamento de que participei pela “Ta Lentos” no Ibirapuera e no autódromo de Interlagos.  No desenho, sou o único com patins e… amparado, graças à minha faixa etária.

Elson é um atleta amador com ótimo rendimento. Ultimamente, mercê de um descolamento de retina e artroscopia no joelho esquerdo, mal causado possivelmente pelos treinos de boliche alemão, está em recesso quanto aos treinos. Certamente voltará a fazê-los.

Uma qualidade que desde o início observei no amigo foi a generosidade. Quando me encontrava nas tantas corridas oficiais de rua, que congregam milhares de pessoas, Elson abdicava de sua velocidade para correr ao meu lado, apesar da minha insistência para que continuasse a obedecer seu ritmo veloz. Juntamente com sua esposa Lilian, esses traços generosos são naturais. Em plena pandemia trouxeram-nos uma sacola com ótimas máscaras confeccionadas pelo pai de Lilian.

Nossa amizade levou-nos a um outro campo de entendimento, as minhas gravações inseridas no Youtube. Após alguns anos de inserções de meus registros fonográficos no Exterior realizados pelo dileto amigo Magnus Bardela, meu ex-aluno na USP,  Elson se propôs continuar publicando as gravações no aplicativo, sempre sob a égide da amizade. Três longas séries mostraram toda a  sua competência. A introdução no Youtube das Sonatas Bíblicas de Johan Kuhnau (1660-1722), Viagens na Minha Terra de Fernando Lopes-Graça (1906-1994) e Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste de Francisco de Lacerda (1869-1934) mereceram uma acuidade admirável de meu amigo. Quanto às Sonatas Bíblicas, após nossas escolhas das inúmeras ilustrações correspondentes às frases propostas pelo compositor a cada situação das histórias bíblicas, o conteúdo foi cronometricamente sincronizado ao desenrolar da partitura. Música denominada programática com imagens. Está em nosso projeto inserir, dentro de certo prazo, o extraordinário ballet original para piano de Debussy, La Boîte à Joujoux.

Atento ao caminhar da tecnologia, Elson conhece bem mais do que o amigo, jurássico tecnologicamente, a trajetória finita dos CDs e está sempre a me estimular no sentido das inserções de minhas gravações no popular aplicativo. Esse processo se alongará sem açodamento durante um bom tempo. Comunicarei ao leitor todas as entradas no Youtube.

Elson Otake, responsible for the insertions of my recordings on YouTube, is a marathon runner who has participated in several races in Brazil and abroad. We met during our solitary trainings on the streets and with time built a solid friendship. From the races to the posting of my music on YouTube — Elson is an expert in this area  — it was a natural step.