Navegando Posts publicados em novembro, 2023

Após a finalização da atividade musical pública

Da necessidade nasce a força. É ao coral, precisamente,
que a obra de Bach deve sua grandiosidade.
O coral não apenas o coloca na posse
dos tesouros da poesia e da música protestante,
mas, igualmente, abre-lhe as riquezas da Idade Média
e da precedente música sacra latina.
Albert Schweitzer
(J.S.Bach le Musicien-Poète”, 1913)

Agora segue-se a pura síntese pianística, sem a presença do público.
É outro nível de licor artístico, ainda,
aquele que reservarás à família e aos amigos íntimos”.
Eurico Carrapatoso
(mensagem do notável compositor português após meu recital derradeiro)

Foram vários os posts sobre o término de minhas apresentações frente ao público. Gand, na Bélgica, Lisboa e, a findar, Santos, na bela Pinacoteca Benedito Calixto no fim de Agosto. Como o piano continuará a fazer parte da minha respiração até…, não deixo um dia de praticar meus estudos pianísticos, de visitar obras do passado à contemporaneidade e de ler partituras que antes não visitara.

Faremos, Regina e eu, Encontros em nossa morada, privilegiando um tema. Num primeiro Encontro, elegemos as transcrições para piano de corais ou criações para órgão de J.S.Bach (1685-1750) realizadas por grandes mestres. Em blog bem anterior já comentava a respeito dessas transcrições, que, obliteradas do convívio dos pianistas e estudantes de piano durante boas décadas no século XX, têm florescido acentuadamente nestes últimos tempos (vide blog “Transcrição e interpretação”, 27/08/2022). Estou a me lembrar de que, durante minha estadia em Paris para estudos de piano e musicologia (1958-1961), mestres não propunham transcrições aos alunos, tampouco elas faziam parte dos programas destinados aos inúmeros concursos de piano, realidade que basicamente persiste nesses certames!

Nesse primeiro Encontro, a preceder as interpretações pianísticas comento o porquê do tema escolhido, histórico, importância das transcrições de obras de J.S.Bach destinadas para coro e outras para órgão, realizadas por mestres absolutos. Tem interesse a diversidade dessas transcrições, que, a partir dos originais, respeitam o pensamento de Bach, mas imprimem características dos que transcrevem através de seus traços estilísticos personalizados. O advento da internet propiciou o aparecimento de inúmeras gravações de grandes pianistas interpretando transcrições de obras de J.S.Bach e de outros autores. É um deleite ouvir essas leituras.

Regina, com a qualidade que lhe é peculiar, apresentou três peças de J.S.Bach, não transcritas, mas que ilustram o que tenho a dizer sobre a transcrição. Foram duas sessões nas quais reunimos uns poucos convidados devido ao espaço, mas corroboraram a proposta que deve ocorrer periodicamente a partir de determinado tema voltado à literatura composicional destinada ao piano, seja pontuando um só compositor ou um período histórico brilhante no qual pontuaram vários insignes mestres.

Regina aos 12 anos participou do Festival Bach em Berkeley na Califórnia. Saudada pela crítica do Festival cultuou sempre o imenso compositor. No Encontro apresentou o “Prelúdio em Dó Maior” do primeiro volume do Cravo bem Temperado, que serviu para a conhecidíssima versão realizada por Gounod. O “Prelúdio nº 10 em mi menor”, do mesmo volume, foi o modelo para o “Prelúdio em si menor”, Bach-Siloti. Quanto à célebre “Fantasia Cromática e Fuga”, trata-se de obra original composta para cravo, mas frequentada com assiduidade pelos pianistas. Magistral criação de J.S.Bach.

Interpretei transcrições realizadas por quatro grandes mestres: Alexander Siloti (1863-1945), Ferrucio Busoni (1866-1924), Wilhelm Kempff (1895-1991) e Dame Myra Hess (1863-1945). De Bach-Siloti, o “Prelúdio em si menor”, leitura de Alexander Siloti do Prelúdio em mi menor” já mencionado, peça bem lírica, mas muitíssimo menos frequentada do que o “Prelúdio para órgão em sol menor”, transcrição esta quase obrigatória na geração pianística brasileira por volta de meados do século XX, muito dessa atitude após a gravação referencial da notável Guiomar Novaes.

Clique para ouvir, de Bach-Siloti, o “Prelúdio para órgão em sol menor”, na interpretação de Guiomar Novaes:

https://www.youtube.com/watch?v=D1RdTLYja8Y&t=5s

O pianista, compositor e músico completo Ferrucio Busoni transcreveu para piano vários corais de Bach. O coral “Agora vem o Salvador dos gentios” é um dos mais expressivos, evoluindo numa escrita com várias vozes, a preponderar o impactante tema central várias vezes apresentado.

Clique para ouvir, de Bach-Busoni, o coral “Agora vem o Salvador dos gentios”, na interpretação de Vladimir Horowitz:

https://www.youtube.com/watch?v=2PzGf-_zKuM

O ilustre pianista Wilhelm Kempff transcreveu, assim como Busoni, vários corais de J.S.Bach.


Clique para ouvir, de Bach-Kempff, o coral “Despertai, a voz está a soar”, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=0nQUzeqdu4s

A seguir interpretei duas das mais conhecidas transcrições de obras de Bach realizadas por Franz Liszt e Ferrucio Busoni. Dediquei um blog ao “Prelúdio e Fuga em lá menor”, na magnífica transcrição para piano de Franz Liszt (vide blog: “Em torno de uma transcrição”, 15/07/2022), composição que apresentei recentemente na Bélgica, Portugal e em nossas terras.

Clique para ouvir, de Bach-Liszt, o”Prelúdio e Fuga em lá menor”, na interpretação de Maria Yudina:

https://www.youtube.com/watch?v=puwboQ_zNNI

A “Toccata, Adagio e Fuga” de Bach, para órgão, recebeu, na transcrição de Ferrucio Busoni, uma extraordinária versão para piano. Apresentei apenas a “Toccata”.

Finalizei o Encontro com o célebre coral “Jesus, Alegria dos Homens”, na transcrição da insigne pianista Dame Myra Hess, que interpreta a consagrada peça.

Clique para ouvir, de Bach-Hess, o coral “Jesus, Alegria dos Homens”, na interpretação da Dame Myra Hess:

https://www.youtube.com/watch?v=SNDEbtllgMA

Gravações que realizei no Exterior de quatro das obras mencionadas podem ser acessadas no Youtube: os corais  “Awake, the voice is sounding” e “Jesu, Joy of Man’s Desiring”, o “Organ Prelude in G minor” e o “Prelude & Fugue in A Minor”, original para órgão.

Em Março, homenagearemos relevantes compositores franceses, que enriqueceram o repertório para cravo, máxime no século XVIII, consagrado como o Siècle des Lumières, período extraordinário para a Cultura, a abranger as Artes, a Literatura, a Filosofia, a Música e as aspirações sociais. Regina e eu apresentaremos criações marcantes desse período magnificente na História da Humanidade, ela a interpretar François Couperin (1668-1733) e eu, Louis-Claude Daquin (1694-1772), Jean-François Dandrieu (1682-1738), mormente Jean-Philippe Rameau (1683-1764).

As promised, we held our first meeting under the aegis of music. The theme: “transcriptions of works by J.S. Bach for choir and organ”. From now on, Regina and I will periodically choose a theme for a private recital, always with my comments on the works presented.

 

A alternância como possibilidade

Lerás bem quando leres o que não existe
entre uma página e outra da mesma folha.
(“Espólio”)

Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço,
e os limitados braços se põem a abraçar o mundo;
a riqueza dos outros nos enriquece a nós. Leia.
(“Notícias”)
Agostinho da Silva

Após a leitura do último blog, “Canta… Sabiá!”, livro de Carolina Ramos, recebi muitas mensagens louvando a obra. A autora, hoje com 99 anos, mantém-se ativa na prosa e na poesia, para gáudio de seus leitores.

Marlene, leitora fiel, questiona-me sobre a alternância de livros que eu comento, como os técnicos, máxime os sobre música em seus vários matizes, àqueles de literatura, da mais densa à mais amena.

No menu do blog há o item Livros (Resenhas e comentários – lista) e, ao acessá-lo, a relação completa de todos os livros resenhados desde a criação deste blog, aos 2 de Março de 2007, e as respectivas datas da publicação.

Fez-me pensar a observação da leitora, fato que me leva à comparação desse alternar com determinadas formas musicais. A Suíte, forma musical que proliferou nos séculos XVII e XVIII, alternava danças rápidas com as mais lentas. Em fins do século XVIII, e mormente na primeira metade do XIX, a forma Sonata, com os seus três ou quatro movimentos, também seguia o mesmo processo de apresentar andamentos vivos e mais lentos, numa perene alternância.

A partir da juventude, já inteiramente voltado à música e ao piano, mercê da influência de nosso Pai e sua visão cultural abrangente, a leitura se nos apresentava como a água pura da fonte e os autores clássicos portugueses e franceses faziam parte essencial de nosso aperfeiçoamento. Dessa vasta bibliografia, o Pai permitia escolhas a partir da inclinação de cada filho.

Durante o período de estudos pianísticos e musicológicos em Paris, ainda jovem, acentuou-se a assiduidade aos livros. Estou a me lembrar da quantidade de romances franceses que percorri com avidez, sendo que de alguns autores, como Saint-Exupéry, Georges Bernanos, Albert Camus, tive a alegria de ler as integrais. Naquele longínquo período, os livros e tratados musicológicos mereciam a minha devotada atenção.

Com o passar das décadas, o piano sempre a reinar, acentuou-se o prazer pela leitura. Contudo, desenvolvia-se o gosto pelo aprofundamento voltado à música. As pesquisas se irmanavam às interpretações numa combinação estimulante.

Entendamos as leituras. Se a concentração maior era destinada àquelas da minha área de atuação, nem por isso deixava de intercalar outras: romances, aventuras, poesias… Se, por um lado, pesquisas musicais precisas prendiam minha atenção durante período determinado, tantas foram as vezes em que temáticas diferentes me entusiasmavam. Houve um período em que as aventuras na região do Himalaia levaram-me à leitura de inúmeros livros, assim como as tantas narrativas do aventureiro-escritor francês Sylvain Tesson em suas incríveis andanças pelo mundo. Compartilhava as observações a respeito com o ilustre compositor francês François Servenière, admirador confesso de seu conterrâneo andarilho.

A alternância da leitura, realizada não sistematicamente, depende dos aprofundamentos em andamento. Não obstante, como é benfazejo esse interregno que se faz necessário! Sob outro ângulo, nem todo conteúdo de livros da minha área transmito aos leitores, dado o fato analítico preciso. Há casos, raros, em que, ao receber um livro sobre determinado campo da ciência, completamente distante das minhas leituras habituais, lamento não ter a capacidade de seguir o roteiro proposto. Seria leviano se quisesse resenhar por resenhar. Mais de uma vez confessei àqueles que me brindaram com seus livros a minha incapacidade para certas leituras com temática bem especializada em área na qual sou nulo, como as ciências exatas. Meu livro “O som pianístico de Claude Debussy” (São Paulo, Novas Metas, 1982) torna-se, em determinados capítulos, de difícil entendimento àqueles desconhecedores da notação musical.

Se, da ampla bibliografia sobre música, escolho preferencialmente os livros voltados à minha área, reportando-me principalmente às obras dos compositores que elegi durante a já longa trajetória e, nesse compartimento, contando-se a vida do criador, a análise da produção que estou a focalizar e mais a bibliografia paralela que corrobora o aprofundamento, como estilo de determinada época, aspectos filosóficos e outros mais; ao me dirigir à literatura não musical realmente, nesse interregno, tenho a nítida sensação de uma categoria de repouso. Revisito os clássicos sempre, mas tantos outros temas prendem meu interesse igualmente.

Acrescentaria à gentil leitora que temos de entender nossas limitações. Aceitando-as, nossos objetivos se delineiam mais claramente. Não se daria o mesmo para o ouvinte leigo? Nos meus 25 CDs gravados no Exterior, há determinadas composições contemporâneas extraordinárias para aqueles ligados às atividades musicais específicas, mas “impossíveis” de serem assimiladas pelo ouvinte habitual. Gravei-as com o maior empenho, após constatar a qualidade das composições, mas tendo a certeza da limitação do alcance receptivo.

Do repertório apontado, apresento ao leitor duas composições rigorosamente distintas, mas ambas, entendo, de altíssima qualidade composicional.

Clique para ouvir, de Alexandre Scriabine, Estudo op. 8 nº 12, “Patetico”, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=6H_T5I4BYn0

Clique para ouvir, de Daniel Gistelinck, “Résonances”, na interpretação de J.E.M.:

(463) Daniel Gistelinck – Résonances – José Eduardo Martins – piano – YouTube

Transmito à leitora que apontou tão interessante questão que um dos prazeres que tenho em relação à leitura é partir temporariamente para as derivações literárias qualitativas. Creio firmemente que esse balanceamento corrobora o equilíbrio mental.

Em recente artigo publicado em “A Tribuna” de Santos, o poeta, escritor e crítico literário Flávio Viegas Amoreira observa:

“É sabido que a alta literatura é sempre pedagógica, é sabido que ler os clássicos nos modifica (quase sempre para melhor) por toda a vida, é sabido que ler é uma atividade insuperável em busca de autoconhecimento e é sabido que escolas, governos e pais têm feito pouco para motivar os jovens ao hábito sagrado da leitura”.

After the last post, a faithful reader asked why I interweave books specifically about music with novels, history, arts, culture and adventuresI firmly believe that this practice supports mental equilibrium.

 

Um livro referencial de Carolina Ramos

“Canta… Sabiá!” não é, somente,
manifestação poética da inteligência de Carolina Ramos, sua autora.
É, também, canto lírico do seu coração entoado em florilégios,
como saudação à Pátria,
brindando a alma brasileira com o que há de mais belo
na criatividade dos seus sentimentos patrióticos.
Domingos Trigueiro Lins
(Academia Santista de Letras)

A autora, natural de Santos, tem obra consolidada como escritora e poetisa, sendo também artista plástica e musicista.  Seus livros abordam contos, contos natalinos, poesias, trovas e biografias. Membro de várias Academias de Letras, presidiu a UBT – União Brasileira de Trovadores Seção de Santos, de 1968 a 2018.

Carolina Ramos compareceu ao meu recital derradeiro na Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, no dia 31 de Agosto e me ofereceu um dos seus livros, “Canta…Sabiá” (Santos, Folclore, 2021).

“Canta…Sabiá!”, ao abordar extensa pauta em seus capítulos, percorre de maneira plena as nossas raízes autênticas. Os dois primeiros capítulos são dedicados ao folclore. Define o folclore, sua importância nas Artes, estende-o ao Brasil em suas múltiplas manifestações, penetrando a seguir no mapeamento a abranger os Estados brasileiros. Didaticamente, nessas premissas Carolina predispõe o leitor a conhecer o que há de mais precioso da cultura popular perpetrada em sua abrangência no Brasil.  Não o faz sem o auxílio de vasta bibliografia, que dimensiona suas apreciações pessoais. Menciona largamente os autores que a precederam nesse incansável labor.

Um terceiro capítulo encanta pela riqueza de uma temática que, ao correr do tempo, tem sido basicamente relegada, não apenas pelo açodamento de outros derivativos, que de maneira avassaladora obliteram tradições perpetradas pela oralidade. O advento da era internética trouxe consigo transformações de hábitos, deterioração da linguagem e desinteresse pelas raízes autênticas do povo. Carolina resgata com carinho, em pequenos subcapítulos, provérbios, parlendas e ditos populares, ditados e refrãos, trava-línguas, pregões, cantigas de ninar, cantigas de roda, superstições, amuletos, crendices e simpatias, adivinhas, frases de caminhões. É realmente um deleite a revisitação desse adagiário que ainda ecoa no de profundis de gerações. Conhecê-lo é entender a riqueza dessas tradições, infelizmente tantas delas estioladas.

O subcapítulo “Trava-línguas” é definido pela autora: “Trava-línguas é uma espécie de Parlenda com repetição propositada de sílabas difíceis de serem pronunciadas. Daí o nome a sugerir tal dificuldade”. Entre as várias citadas: “Sabia que a mãe do sabiá não sabia que o sabiá sabia assobiar?” Carolina Ramos insere três Trovas “Trava-línguas” de sua autoria:

Trava a língua… trava o passo,
trava todo o batalhão…
- quando a tropa troca o passo,
troca a paz… por confusão

Não tema que o tema eu tema,
temas não temo, porque,
que importa qual seja o tema,
meu tema é sempre:- Você!

Minha vida ganha impulso
e mais impulso ganho eu,
sempre que sinto o teu pulso,
pulsando junto do meu!

No quarto capítulo a poetisa se expõe: Poesias e Trovas de Sabor Folclórico, Saci-Pererê, O Riomar I, II e II, O Canto do Uirapuru, Paiquerê, Foguete de Lágrimas, Negrinho do Pastoreio, Café, A Morte do Verde, Lobisomem, Velho Rio, Por uma Noite… Rainha!, Protesto do Rio, Seca, Árvore, Ser Emília, Bumba-Meu-Boi, A História que a Fonte Contou, Cataratas do Iguaçu, Canção do Sertanejo, E o Carnaval Começa, Boiúna de Prata, Trovas, Personagens do Folclore, Ecológicas. E é Carolina Ramos a buscar inspiração nesse rico material da nossa cultura popular através da sensível veia poética:

“Café”

Cabeça erguida, a sugerir confiança,
num passo firme de quem não rasteja,
surge do solo fértil a pujança
do cafezal, promessa benfazeja!

Chega a florada! O verde que é a esperança,
pintalga-se de branco! E gira e adeja
a brisa à sua volta, igual criança
que nas flores o fruto já deseja!

E de rubis o cafezal se cobre!
Logo em seguida, sem clamor hostil,
é despojado do seu manto nobre!

E o seu aroma, cálido e viril,
vai perfumar o lar do rico… ou pobre!
Café – sangue moreno do Brasil!

No quinto e último capítulo, Carolina Ramos, após perscrutar as profundezas das raízes do folclore pátrio, expõe uma deliciosa parcela de contos de sua lavra, “Contos Rústicos, Telúricos e outros mais”. Alguns temas já revelam, pelos títulos, a atenta observadora que dá asas à imaginação, alicerçada num convívio permanente com as manifestações genuínas de um povo ainda não contaminado pelo advento da internet e de suas múltiplas decorrências. Tem-se, nessa vasta temática, alguns títulos instigantes: “Velha Rixa”, “Palavra de bandido”, “Santinha”, “O ‘Meu’ Sanhaço”, “Zéco”, “Férias na Roça”, “O horror de uma queimada”, “Catatau”, “Zé Sanfoneiro”, “O conto contado”.

A leitura de “Canta… Sabiá!” leva-nos a deduzir que se trata de uma verdadeira enciclopédia, não acadêmica, diga-se, mas afetiva de nossas raízes mais profundas voltadas à hoje tão minimizada cultura popular autêntica. Carolina Ramos dedicou sua existência a captar o que há de mais sensível nessa gente simples, devota, responsável. Nela inexiste a palavra superficial. Tudo brota do persistir no culto das tradições dos antepassados, único caminho desse povo tão esquecido. Carolina Ramos atinge o âmago desses personagens sem rosto para a sociedade que, a cada geração, mais deles se distancia.

Recomendo vivamente “Canta… Sabiá”!. Faz-nos pensar, e muito…

Carolina Ramos, teacher, poet, writer, musician and visual artist, on her book “Canta… Sabiá!” unveils sensitive segments of Brazil’s rich folklore in its most varied manifestations. A reference book on this subject.