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Envolvimento de vida com a música portuguesa

Após as apresentações em Coimbra, Tomar e Lisboa, comento resumidamente fatos que para mim foram sensíveis. A palestra na Casa Memória Lopes-Graça em Tomar, espaço em que nasceu o ilustre compositor, ratificou as impressões que tenho do músico. Lopes-Graça não foi apenas o nome maior da criação musical em terras lusitanas, como possivelmente a figura maior da música portuguesa através da história. Na minha comunicação, não deixei de mencionar as obras que gravei em primeira audição em Portugal e na Bélgica do homenageado.

O recital se deu no dia 11 e apresentei “Viagens na Minha Terra”, coletânea em que o compositor atravessa não as grandes cidades portuguesas, mas particularmente vilas e aldeias. O ilustre professor, musicólogo e regente-coral António Sousa colaborou projetando as imagens das 19 localidades com as descrições devidas que foram elaboradas pelo meu saudoso amigo-irmão José Maria Pedrosa Cardoso e sua esposa Maria Manuela. Continuei o recital com obras diversas e após apresentar uma música extra-programa, a célebre Dança Negra de Camargo Guarnieri, ao retornar ao palco, o público cantou para a minha surpresa “parabéns a você” pela passagem do meu 84° aniversário. Seguiu-se um jantar para convidados, na Escola de Música “Canto Firme”. O coral, dirigido por António Sousa, cantou várias criações de Lopes-Graça o que levou à comoção minha neta Valentina e eu.

Devido às dificuldades com os computadores aqui em Lisboa, no próximo post transmitirei ao leitor a temática da palestra que realizei no Centro Ward de Lisboa, dirigido pela excelente gregorianista Idalete Giga. Concedi duas entrevistas, uma primeira ao notável Jornalista Joaquim Vieira para um documentário que está a ser preparado sobre o grande Fernando Lopes-Graça. No dia seguinte, uma segunda para o consagrado programa Antena2 da RDP conduzido pelo experiente Paulo Guerra. Durante 1h dialogamos sobre o meu envolvimento com a música portuguesa e com outros compositores pouco frequentados.

As fotos da turnê estarão no blog do dia 25 de Junho, oportunidade em que tecerei outros comentários pertinentes.

Após apresentação em Coimbra

O recital na Biblioteca Joanina transcorreu a contento. Creio que é um locais mais emblemáticos para uma récita. Mística e mistério envolvem o espaço da Joanina, uma das mais belas bibliotecas do planeta. Um novo piano Yamaha enriquece as sonoridades que dele emanam. Soube que não mais havia lugares para o meu nono recital na Joanina. O evento foi totalmente dedicado ao meu amigo- irmão, o ilustre professor da Universidade de Coimbra, José Maria Pedrosa Cardoso, falecido no dia 8 de Dezembro último.

O Professor João Gouveia Monteiro, Diretor das Bibliotecas da Universidade, proferiu relevante apresentação. Os Ilustres Professores da Universidade de Coimbra, André Pereira, Diretor da Imprensa da Universidade; Delfim Leão, Vice-Reitor da Cultura e Ciência Aberta e outros nomes relevantes da renomada Instituição fizeram-se presentes.

Iniciei o recital com a excelsa composição do notável Eurico Carrapatoso in memoriam do homenageado. Eurico compareceu, tributo a mais ao musicólogo que nos deixou. Obras de Carlos Seixas (1704-1742), Bach-Liszt (1685-1750 – 1811-1886), Gilberto Mendes (1922-2016) e, a finalizar, 10 Poemas de Alexandre Scriabine (1872-1915).

As dificuldades ferroviárias, mercê de paralisações e diversos feriados neste período têm dificultado o cotidiano em Portugal. António Sousa, destacado musicólogo e regente coral de Tomar foi nos buscar em Coimbra para a palestra no dia 10 e recital no dia 11. O grande compositor Fernando Lopes-Graça (1906-1994) é o tema da minha comunicação que será realizada na Casa Memória que leva seu nome e local em que o compositor nasceu. Haverá debates em torno do tema. No recital do dia 11 tocarei inicialmente a peça de Eurico Carrapatoso e, a seguir, Viagens na Minha Terra de Lopes-Graça, assim como obras de outros autores.

Devido a problemas técnicos e de tempo, o blog da semana fica restrito e sem imagens. Somente no blog do dia 25 as fotos que estão sendo tiradas pela minha neta Valentina ilustrarão o texto.

 

Recitais e palestras em Portugal

Com a verdade da minha vida
me posso condecorar ou me condenar;
sinal de que a vivo bem vivo.
Agostinho da Silva
(“Espólio”)

Os convites existiam desde Janeiro de 2021 para apresentações em Portugal e Bélgica. A pandemia, o constante fechamento de fronteiras e a insegurança frente ao malfadado vírus impossibilitaram viagens, ainda mais para cidadãos da terceira idade. Finalmente as apresentações em Portugal estão confirmadas. Nesta viagem terei a companhia de uma das minhas netas, Valentina, formada em gastronomia e a finalizar o curso de sommelier.

Em Coimbra, dos dez recitais que apresentei, oito foram na magnífica Biblioteca Joanina, datada do século XVIII e localizada no Pátio das Escolas da Universidade. Em estilo barroco, a Joanina é uma das mais belas Bibliotecas do planeta. Apresentei-me pela primeira vez em 2004, por ocasião dos festejos do tricentenário de nascimento do notável compositor conimbricense Carlos Seixas (1704-1742), em um recital monolítico inteiramente com Sonatas de Seixas. Ao longo dos anos duas outras apresentações se deram em teatros da cidade. O convite para o recital foi feito no início de 2021, pelo Diretor das Bibliotecas da Universidade de Coimbra, o ilustre medievalista, Professor Doutor João Gouveia Monteiro.

Empolga-me esta viagem em especial. Leva-me à reflexão sobre o tempo da existência. É ele determinante na preparação para o epílogo relativo à apresentação pública que se dará no próximo ano na Bélgica? É-o, na medida em que devemos nos familiarizar com a verdade absoluta. É-o, na revisão que podemos realizar da vida. É-o, na certeza de que a vida é uma dádiva. Nas palavras de Guerra Junqueiro: “Sim, o crítico dos críticos é só ele – o tempo. Infalível e insubornável”. Esta travessia estará sob a égide do tributo. Para os recitais e palestras, escrevi aos organizadores inserirem nos programas “Recital in memoriam ao amigo-irmão José Maria Pedrosa Cardoso”. Solicitei ao ilustre compositor português natural de Trás-os-Montes, Eurico Carrapatoso, grande amigo do homenageado e meu também, uma peça como introito aos recitais. Inspiradíssimo, escreveu uma peça que atinge o âmago da interioridade e dedicada in memoriam ao notável musicólogo. Emana da bela criação polifônica o espírito voltado à meditação. Transcorre em baixíssima sonoridade, para atingir a exaltação compassos antes de um instigante intervalo de quinta no grave (fá-dó naturais em pppp) com a frase em francês “Cet accord doit avoir la valeur d’une pierre taillée”, finalizando com arpejo em Ré Maior na mesma intensidade. Curiosamente o recital se dará no dia oito de Junho, exatos seis meses da morte de nosso pranteado José Maria Pedrosa Cardoso.

No recital em Coimbra haverá obras de Carrapatoso (1962- ), Carlos Seixas (1704-1742), Bach-Liszt (1685-1750 – 1811-1886) Henrique Oswald (1852-1931), Gilberto Mendes (1922-2016, centenário) e Alexandre Scriabine (1872-1915), pois dele tocarei 10 Poemas neste ano em que se comemora o sesquicentenário de nascimento.

No dia 11, em Tomar, abrirei o recital com a criação de Carrapatoso e a seguir interpretarei a extraordinária coletânea de Fernando Lopes-Graça 1906-1994), “Viagens na Minha Terra”, “dezanove peças para piano sobre melodias tradicionais portuguesas”, como o próprio compositor assinala no subtítulo. Um dia antes, darei palestra na Casa Memória Lopes-Graça, a ter como tema o meu envolvimento com a obra deste nome maior da composição em Portugal. O convite veio do Professor, Musicólogo e Diretor Artístico do coro Canto Firme de Tomar, António Sousa. Atentou para duas efemérides em especial, os 40 anos da minha primeira apresentação em Tomar e… o meu aniversário (84).  António Sousa é um dos mais respeitados estudiosos da vida e da obra de Fernando Lopes-Graça.

Clique para ouvir, de Fernando Lopes-Graça, “Viagens na Minha Terra”, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=n0PwLys54GU

No dia 14, a palestra será no Centro Ward de Lisboa, dirigido pela notável gregorianista Professora Idalete Giga. Abordarei a temática referente à escolha do repertório português que gravei em Portugal e principalmente na Bélgica. Foram sete CDs.

Guimarães e Braga perfazem o tour pelas terras lusíadas.

Os próximos dois posts serão menores, motivado pelos deslocamentos. Possivelmente não haverá imagens que, no regresso, incluirei como conclusão do tour em Portugal. Valentina se encarregará das fotos e, possivelmente, de alguma gravação ao vivo.

I will do a short tour in Portugal in June, after two and a half years without crossing the Atlantic. My granddaughter Valentina will accompany me. In this post I give a brief description of the itinerary and of the repertoire to be presented.