Um passeio a ser lembrado
A maioria dos corredores corre
não porque queira viver mais,
mas porque quer viver a vida ao máximo.
Se você quer desfrutar os anos,
é muito melhor vivê-los com objetivos claros e plenamente vivo
do que numa bruma, e acredito que correr ajude a fazer isso.
Haruki Murakami
No presente post descontraio-me tematicamente e abordo meu hobby preferido, a corrida de rua. Pratico-a desde 2008, quando completava 70 anos, e desde aquela data até o presente são 141 corridas de rua, plenamente entusiasmado. Três treinos semanais de 6, 8 e 10km, respectivamente, preparam-me para as provas de 10 a 16km.
Apresentado pelo amigo Elson Otake à Assessoria Esportiva Corre Brasil por volta de 2010, dirigida pelo experiente Prof. Augusto César Fernandes de Paula, participo de vários eventos promovidos pela equipe. Augusto e sua esposa Valquíria sabem como poucos manter a confraternização entre seus filiados. Participei de simulados da São Silvestre (15k) e da Serra do Mar (6 e 10k). Uma alegria contagiante emana de todos participantes. Com meus amigos Carlos (Batoré) e Ronaldo, juntamo-nos ao grupo para corridas de rua nas quais a Corre Brasil está envolvida. Corridas e treinamentos necessários à manutenção da forma física.
Retornar ao tema, após um bom tempo, deve-se ao fato de, pela segunda vez em seis anos, subir correndo das fraldas até o Pico do Jaraguá, maior altura do município de São Paulo, que se ergue a 1.135 metros, tendo a protegê-lo o Parque Estadual do Jaraguá, criado em 1961 e tombado como patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1994, num amplo espaço de aproximadamente cinco mil hectares, com bosques e lagos. Parte da cordilheira da Mantiqueira, o Parque contém ainda vegetação característica da Mata Atlântica, animais como o macaco-prego, sagui, tucano do bico verde e muitas outras aves. Uma estrada muito bem asfaltada de 4,5km, sinuosa e bem inclinada, leva o turista do sopé ao pico. Sobre ele foi construída uma alta torre de transmissão.
Fomos em grupo harmonioso. Regina, uma das filhas, Maria Fernanda, netas Valentina e Emanuela, genro Massimo e os amigos Ronaldo, Carlos (Batoré) e suas duas filhas, Amanda e Cíntia. Houve caminhada e corrida. Regina, filha, netas e as meninas de Batoré subiram bem antes em caminhada por uma das quatro trilhas, a do Pai Zé (1,8km), dentro da mata onde mais acentuadamente a flora exuberante e a fauna expressiva podem ser admiradas. Batoré, Ronaldo e eu fizemos a correr os 4,5km pelo asfalto, sempre a subir, cada um em seu ritmo. Preparei-me durante duas semanas na cidade, buscando ruas com forte inclinação. Em três carros fomos até as fraldas do Pico do Jaraguá. Maria Fernanda flagrou uma bela visão do Pico, meu carro à frente.
Precavera-me, pois já se passaram alguns anos desde minha primeira ascensão ao cume e o tempo é insubornável, no dizer de Guerra Junqueiro. Contudo, surpreendentemente consegui realizá-la, sozinho, no meu ritmo, e pouco antes da chegada Valentina flagrava-me nesse término salutar. A mídia, que comenta largamente a subida da Av. Brigadeiro Luís Antônio em torno da São Silvestre, deveria conhecer o acesso ao pico do Jaraguá, bem mais longo, bem mais inclinado e sem um trecho de “refresco”, como se diz popularmente. Faz-se uma curva e vê-se pela frente uma subida ainda mais inclinada. Independentemente da técnica utilizada quanto ao ritmo, à respiração e ao relaxamento constante de braços, do pescoço e de outros músculos, o corredor tem paisagens bonitas que fazem esquecer a cidade de São Paulo, tão carente de belezas naturais como as existentes no Rio de Janeiro, Salvador, Belém… A certa altura, um macaco-prego de uns bons 40cm se postou no meio da pista. Por ele passei e o símio apenas me olhou, sem se importar com o intruso. Atravessou a pista lentamente e subiu celeremente em uma árvore. Aliás, caminhando pela trilha do Pai Zé, Valentina e Maria Fernanda flagraram vários macacos, filmando inclusive um sagui que por pouco não levou o celular de minha neta!
Ao chegar ao destin0, ainda subi com a família e amigos os 283 degraus que levam à base da torre de transmissão. A vista da cidade é esplêndida, pois delineiam-se os bairros e dezenas de quilômetros além do mirante despertam nossa curiosidade. Descemos de carro pela estrada, pois Massimo subiu motorizado. Pensava àquela altura a respeito das curvas, ora descendentes, que subira a correr. Não nego uma ponta de satisfação por tê-las vencido. Faz parte.
A versão atual promovida pela Corre Brasil não contou com a descida, pois um café e quitutes em manhã ensolarada, mas gélida, foram servidos pela equipe logo após o treinamento. Confraternização, fotos e planos para próximos desafios formaram a pauta de um agradável encontro.
Last Monday I set off for an adventure with family and friends: running the Pico do Jaraguá trail inside the Jaraguá Park, a forest within the urban area of São Paulo city. The peak is the highest point of the metropolitan area and to reach it we had to face a 4,5 km run through a gradually ascending slope. Though it was a non-competitive training practice it was a hard test, but the luxuriant vegetation, the wild animals in their habitat and the breathtaking view over São Paulo made up for the effort. Being able to reach the summit running well and non-stop among trees, birds and exotic animals was a personal achievement that made me feel very proud. A challenge met!