Visita não programada

Igreja Matriz de Santiago de Compostela. Foto J.E.M. 04/06/10. Clique para ampliar.

É sempre pelas igrejas que eu começo o inventário das terras onde chego.
Miguel Torga

Somos semelhantes a viajantes, penetrando, em nossa longa jornada, por um país novo e desconhecido, onde fados estranhos e estranhas aventuras nos esperam.
J. Krishnamurti

As religiões históricas têm a acompanhá-las tradições que não perdem intensidades. Meca para os muçulmanos, Jerusalém para judeus, cristãos e árabes, cidades do Himalaia para budistas tibetanos, a comunidade ecumênica de Taizé na França… A cristandade tem seus locais de peregrinações. Ungidos, permanecem como faróis para centenas de milhares de fiéis que acorrem às cidades eleitas e professam a identificação. Causas tantas levam romeiros às capelas, igrejas, basílicas e catedrais católicas espalhadas pela Europa e América Latina. Localizadas nas mais diversas latitudes relembram aparições ou passagens de figuras santificadas.
Se Fátima em Portugal e Lourdes em França têm afluxo, se Aparecida no Brasil recebe habitualmente quantidade expressiva de fiéis, seria contudo Santiago de Compostela, na Galiza, Espanha, um caso sui generis. Facilmente o leitor tem acesso, via internet, aos pormenores históricos e lendários referentes a Santiago de Compostela, povoada outrora por várias raças antes dos romanos. Para a cristandade, o provável encontro, no século IX, dos restos mortais de Tiago, um dos 12 apóstolos de Cristo, motivaria a crescente projeção da cidade. Provável igualmente a composição da palavra, que partiria dos termos Campus Stella, campo das estrelas. Teorias existem quanto à história da cidade e a etimologia da palavra Compostela. Ainda hoje provocam polêmicas.
Sem ser prioritário até certa data, um interesse pelo Caminho de Santiago surgiu quando visitei a Igreja Românica São Pedro de Rates, em Rates, Portugal, no ano de 2007, atenciosamente guiado pelo dileto amigo e competente professor de música José Abel Carriço, de Póvoa do Varzim, cidade próxima à Igreja. Apreendi, através da segura interpretação de José Abel, enigmas que envolvem, ainda hoje, toda a riquíssima arte escultural da Igreja, assim como a importância do local como estágio nas longas peregrinações a Santiago de Compostela, pois Rates fez parte de caminhos medievais portugueses que conduziam romeiros ao desiderato final. O templo de Rates teria sido edificado sob a égide dos monges beneditinos de Cluny – o mais importante mosteiro românico em França, fundado em 910, hoje bem minimizado, sobretudo devido à revolução francesa. De uma igreja construída entre os séculos IX e X, reconstruiu-se no período afonsino, em 1150, a Igreja de São Pedro de Rates, concluída no século XIII. Trata-se de um exemplo magnífico e sintetizado da arte românica em Portugal. Foi pois o histórico do templo em Rates, voltado às peregrinações a Santiago de Compostela, que despertou àquela altura, em 2007, a atenção do intérprete.

Igreja Românica S.Pedro de Rates. Rates, Portugal. Fachada (poente). Foto extraída de A Igreja Românica de S.Pedro de Rates de A.Campos Matos. Clique para ampliar.

Finda a extensa tournée, tive os dois únicos dias de descanso antes do regresso ao Brasil, depois da intensa atividade de um mês, a compreender Bélgica e Portugal. Teotónio dos Santos e Maria Teresa, atávicos amigos que me hospedaram ao pé do Bom Jesus de Braga, onde têm bela morada, convidaram-me a conhecer Santiago de Compostela. Aquiesci imediatamente e para lá nos dirigimos, numa distância de cerca de 200km da Bracara Augusta.
Os propósitos que levam o visitante a estar em Santiago de Compostela podem ser os mais variados. Há aqueles que percorrem centenas de quilômetros, vindos das mais distintas regiões da Europa, empreendendo com fé e determinação a longa jornada. Desde a Idade Média caminhos foram traçados, oriundos preferencialmente da Espanha, França, Portugal… e ainda na atualidade inúmeras sendas se mantêm. Todas levam ao epicentro. As distâncias podem ser pequenas ou enormes, percorridas na maior parte a pé pelos peregrinos mais preparados. Pousadas ao longo dos trajetos, orientações oferecidas a grupos ou solitários viajantes, tudo a integrar uma dedicação que causa espanto ao simples turista. O fato é que, desde a Idade Média, os caminhos de Santiago representam no Ocidente fonte perene de peregrinação, elevação espiritual e relacionamentos culturais. Solitariamente ou em grupos, romeiros estabelecem critérios durante os percursos. A prece íntima ou comunitária, o canto como expressão da religiosidade e o caminhar a pé por longas sendas, são ingredientes que corroboram a magia de Santiago de Compostela. Impossível, mesmo ao leigo, simples turista, não ficar impactado pelo espetáculo. Milhares de peregrinos com o cajado a servir de apoio à longa caminhada, a concha – vieira -, a significar a purificação, o cantil para a água ou o vinho e mais o chapéu constituem objetos indispensáveis que identificam o peregrino.
Seriam levianas de minha parte quaisquer considerações a respeito do que representaram para a Idade Média as peregrinações a Santiago de Compostela. Mistérios persistem. Compêndios competentes escritos ao longo dos séculos, assim como literatura duvidosa, que serviria à auto-ajuda para milhões que dela necessitam e ao enriquecimento de espertos autores, corroboraram as implicações controvertidas quanto ao real significado das peregrinações desde a Idade Média. Fé e superstições. Como observa Arlindo de Magalhães, autor de A Caminho de Santiago (1992): “hoje há muita gente a falar de Santiago sem fazer a mínima ideia do que isso é ou foi”.

Santiago de Compostela. Ao fundo, a Basílica. Foto J.E.M. 04/06/10. Clique para ampliar.

Confesso que lá chegar sem a prévia peregrinação a pé não causa o efeito acalentado por fiéis que perfazem longa jornada imbuídos de único propósito, a fé que conduz à Basílica. Mas, para o observador que viajou, em trajeto realizado no conforto, pode haver impacto. O gigantesco templo impõe-se, e os milhares de peregrinos a transitarem pela enorme praça frente à Igreja, pelas escadarias que saem do Portal Central da edificação sacra e pelas ruelas do entorno causam forte impressão. No interior imenso do templo, romeiros e outros fiéis rezam compenetrados. Neste 2010, Ano Santo Compostelano, a denominada Porta Santa fica aberta aos fiéis, que, em fila interminável, por ela adentram. Reza a tradição que graças são obtidas se o fiel passar pela Porta Santa e visitar o altar mór pela parte posterior, chegando a tocar a imagem do Santo. A obedecer calendário, ela é aberta no dia 31 de Dezembro de um ano, fechando-se no mesmo dia do ano seguinte.
A impressão foi forte. No regresso, comentava com os amigos a respeito dessa fé a mover peregrinos rumo a Santiago. Quantos enigmas nessas epopéias na Idade Média, a conduzir fiéis ! Ainda pudemos visitar Pontevedra, Vigo e a lindíssima Baiona antes de transpor as lendárias muralhas de Valença, já em solo português.
Encerrava-se a longa tournée com essa visita, que ficará na memória. Esforços conjuntos para a parcial edificação interpretativa de obras capitais de Lopes-Graça surtiram efeito. Ouvintes competentes estimularam o intérprete nesta nova peregrinação musical. Permaneço a contemplar a vida como um maravilhamento. Oxalá perdure.

I had two days off during my recent concert tour in Belgium and Portugal, devoted to visiting the cathedral of Santiago de Compostela, in Spain, destination of pilgrimages from starting points all over Europe and other parts of the world. Legend holds that the church was built on the spot where the remains of the apostle James have been found. I was strongly impressed by the great number of travelers in town, for religious or non-religious reasons. My interest in the historical cathedral was arisen after a visit, in 2007, to the Church of St. Peter of Rates in Portugal, one of the medieval pilgrimage routes to Santiago de Compostela.

Quando Rever é Maravilhamento

Mapa do Algarve. Clique para ampliar.

O Algarve tem algo de especial. Nesta terceira visita à região esperava-me intensa atividade musical e mudanças de locais de apresentação movidas por circunstâncias inesperadas. Tudo a fazer parte desse encantamento que representa a vida de um músico. Saber tirar de cada situação o essencial, que ficará guardado para sempre. Se rotineiro for o percurso, dele nos esquecemos com certeza. É o inusitado que provoca sedimentação na memória e traz recordações.
As três master classes foram realizadas na Academia de Música de Lagos e tive o prazer de ouvir jovens talentos, que se empenham com entusiasmo. É gratificante verificar a continuidade do ensinar música. Professores atentos, alunos inteligentes.
Quanto aos recitais, foram transferidos para Sagres e Monchique. Sagres, promontório sacro, parte decisiva de nossa história, pois o Brasil é fruto da determinação do povo português num vislumbre heróico além-mar. No dia do recital, quando nos preparávamos para o deslocamento, pois 40km separam Lagos da lendária cidade, já estava a pensar nesse concerto na Igreja da Fortaleza. Soubemos que uma greve estava em andamento àquelas horas e que seria impossível chegar à histórica fortificação. Imediatamente, a direção da Academia manteve vários contatos e em horas transferiram o recital para a Igreja Matriz de Vila do Bispo, que tem singular beleza, pois o altar-mor, assim como as duas capelas laterais, exibem rica talha dourada e imagens que exemplificam qualidades do barroco. Logicamente, o piano teve o seu desvio geográfico, mas chegou a tempo, assim como ouvintes que, ao se dirigirem à Fortaleza, depararam-se com aviso a alterar o local da apresentação. Após o recital, fui jantar com a querida família de José Maria e Manuela na pequena cidade, varrida incessantemente pelos ventos. Deliciaram-se com percêves, fruto do mar especialíssimo da região, mas o intérprete preferiu um bom cherne, pescado do Algarve, pois evita esses frutos marítimos em tournées. Fomos unânimes quanto ao generoso vinho.
No dia seguinte, o piano foi transportado para Monchique, fascinante cidade situada na serra do mesmo nome, considerada o “Minho do Algarve”, pois subimos cerca de 700 metros. Uma austera matriz, com o portal principal e o lateral com esculturas típicas do período manuelino. Acústica muitíssimo boa e as obras de Lopes-Graça ecoaram pela bela nave e laterais. Novamente fomos jantar. Agora o prato da região, costeletas de javali, alegrou o pianista e seus amigos. Como brinde da casa, Restaurante A Charrete, especializada na culinária monchiqueira, não faltou a degustação do aguardente de medronho, algo realmente a não se desconhecer. Findo o jantar, e em noite límpida, serpenteamos por um novo caminho, via Alferce, que nos levou até a auto-estrada.
Já na tarde seguinte seguia eu de comboio para Braga, na região minhota. Basicamente, o território português foi percorrido do Algarve ao Minho. Do Porto à Bracara Augusta, passando por Famalicão, o trem corre por terras que me levam a reminiscências da infância. Estive a pensar, nostalgicamente, no trajeto dos fins de semana, da Av. Rodrigues Alves ao bucólico Largo da Matriz em Santo Amaro, hoje Largo 13 de Maio, superpopuloso. O bonde, ao passar pelo Instituto Biológico, despejava energia após curva à direita e, em linha reta, levava-nos a Santo Amaro, onde avós maternos aguardavam-nos para o almoço. Durante o trajeto, hortas, cultivadas por portugueses ou descendentes, emanavam cheiro da terra. O solo cultivado do caminho português pelo Douro e Minho trouxe-me essa lembrança, ao contemplar vinhedos intermediados por hortaliças.
Ir à Braga ao encontro da alma de meu pai. Sempre me emociono ao rever amigos, descendentes de Lourenço dos Santos, paradigma de meu progenitor. Motivo de conversas saudosistas. O recital dar-se-á na Sala dos Congregados da Universidade do Minho. O espaço bracarense é especial. Último dos recitais da extensa tournée iniciada com as gravações na planura flamenga. Só poderia ter seu término em Braga.
Os dois dias que precederão meu regresso à família, aos outros amigos e à minha cidade bairro, Brooklin-Campo Belo,têm destino esperado. Os diletos amigos Teotónio e Maria Teresa, ele neto de Lourenço, levar-me-ão a Santiago de Compostela. Motivo para um próximo post.

This week my tour in Portugal led me to the regions of Algarve and Minho. In the Algarve, three master classes at Lagos Music Academy and recitals in the cities of Sagres and Monchique. Following I went to Braga, in northwestern Portugal, passing through a countryside dotted with vineyards and vegetable plots. Braga, final step of my tour, will always have a special place in my heart, for it is my father’s homeland. The performance will be at the Congregados Hall of the Minho University. Before my return to Brazil, friends from Braga will take me to Santiago de Compostela, in Spain.

Quando a Recepção Comove

Recital no Convento Nossa Senhora dos Remédios em Évora. Foto: Gavella. 21/05/10. Clique para ampliar.

Reiteradas vezes escrevi que o acúmulo das décadas deixou-me mais sensível. É natural, mas acentua-se, mormente em momentos especiais. A tournée atual está sob a égide do excelso. Poucas vezes em minha vida deparei-me com obras tão extraordinárias como Canto de Amor e de Morte e Músicas Fúnebres, do grande Lopes-Graça. O que há de melhor na composição musical, e ignotas. Sim, Canto… já era de conhecimento público em duas versões, mas não o original pianístico. Ao recolher-me à noite, na solidão de um quarto de hotel ou em casa de amigos queridos, um sentimento forte me invade. Valeu a caminhada que empreendi na seara musical. Se telefonemas diários de mulher e filhas levam-me ao contentamento sem palavras, o piano e Lopes-Graça, em longa turnê ao meu lado, enchem-me de estímulo, de compreensão e de afeto.
Após as estréias absolutas no Templo de Lopes-Graça, a Academia de Amadores de Música de Lisboa, ter descido a planura alentejana até Évora traz-me sempre o sentimento do grandioso e do puro. A dileta amiga Idalete e eu ainda passamos por Vendas Novas e conheci outra faceta da riquíssima culinária do Alentejo no simpático restaurante Canto dos Sabores: túberas com ovos, burras com migas de aspargos e o queijo seco alentejano, tudo regado pelo excelente vinho tinto Eugénio de Almeida. Após o almoço, do qual participaram seus primos Maria Dulce e José António, moradores de gema da região, chegamos logo a Évora, cidade de lendas e mistérios.
Tantas e mais vezes me apresentei no Convento Nossa Senhora dos Remédios, auditório do Eborae Musica, instituição dirigida pela dedicada Helena Zuber, pedagoga de estirpe. A cada recital tenho sensação diferenciada. A aura do Convento, o altar e a belíssima talha? Não saberia dizer. Mas o intérprete sente que algo místico encaminha os sons pela nave e por toda a igreja. Enfim, amo esse espaço.

Cartaz da Câmara Municipal de Tomar. Clique para ampliar.

Segui para Tomar, berço de Fernando Lopes-Graça. Cartazes enormes, verdadeiros outdoors, anunciavam o recital. Obras essenciais estavam a ser apresentadas. Tive a honra de tocar no auditório em que, jovem, Graça deu seu primeiro recital. Ao término da récita, ofereci à Casa Memória Lopes-Graça cinco fotos tiradas na década de cinquenta com o compositor, correspondência e cartão postal a mim enviado de Lisboa para Paris, onde estudava, assinado por Louis Saguer (vide Louis Saguer – “Em Defesa da Música Portuguesa”, 27/06/09) e Lopes-Graça. Confesso que, após o recital, ao entregar o envelope ao Presidente da Câmara de Tomar, Dr. Fernando de Sousa, fiquei muito comovido. Presentes ao evento os ótimos compositores Eurico Carrapatoso e João Pedro de Oliveira.
O carro da Câmara Municipal de Tomar trouxe-me até Lisboa, onde me aguardava o dileto amigo e professor, José Maria Pedrosa Cardoso, que fraternalmente abrigou-me em seu lar em Oeiras, perto de Cascais, onde se realizariam os dois recitais a seguir. Manuela e José Maria deixam-me à vontade e estudo meu piano sem restrições.

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As apresentações, sob a égide de Lopes-Graça, tiveram recepção entusiasta. Os recitais diferentes foram intermediados por conferência a respeito das obras executadas. O primeiro se deu no Centro Cultural de Cascais, belíssimo auditório instalado em espaço exemplar, antiga igreja do século XVII com acústica notável. Cosmorame e Canto de Amor e de Morte compuseram o programa. No dia seguinte, na Casa Verdades Faria – Museu da Música Portuguesa no Monte Estoril, que basicamente abriga os importantíssimos espólios de Fernando Lopes-Graça e Michel Giacometti, tem-se o exemplo da organização. Meus contatos preliminares com a dedicada Conceição Correia, técnica superior, estiveram sempre sob a aura do entendimento. Durante todo um ano, Conceição dirimia dúvidas que surgiam para o intérprete na distante São Paulo. A conferência, com direito a data show, versou sobre a importância e o idiomático preciso de Lopes-Graça, mormente nas obras voltadas ao destino final, ou sequencial, a morte. O ilustre professor Mário Vieira de Carvalho, musicólogo e pensador que ultrapassa quaisquer fronteiras, autor de livros sobre o Mestre de Tomar, esteve presente aos eventos. Tantos outros irmãos na música, não menos brilhantes em suas áreas respectivas, músicos e pensadores que estimulam minhas visitas anuais a Portugal, sempre nessa voluntariedade em apresentar a riquíssima produção musical em terras lusíadas e que mereceriam a divulgação sempre mais acentuada.
A idade nos torna emocionalmente mais frágeis e, ao doar ao Museu da Música Portuguesa dois manuscritos autógrafos a mim oferecidos no longínquo 1959 pelo generoso Lopes-Graça, fiquei com a voz embargada, como anteriormente em Tomar. Estou plenamente feliz, pois esses poucos e preciosos documentos doravante estarão a pertencer à cultura portuguesa.
Seguimos, José Maria Pedrosa Cardoso e eu, para o Algarve. Três master classes esperam-me e mais os recitais na região algarvia, belíssimas terras em constante confronto com o mar, no extremo sul de Portugal. O intérprete terá seus privilégios. Esperam-me nessa intensa atividade as sardinhas no ponto preparadas pelo mestre Firmino, já tantas vezes mencionado, os doces amendoados carinhosamente feitos por sua mulher, Maria Elias, e o aguardente de Medronho, uma especialidade da região. Constante viver.

My concert tour in Portugal began at the Academia de Amadores de Música in Lisbon. Following I went to Evora, in the Alentejo province, for a performance at the Convent of Our Lady of Remedies (Convento Nossa Senhora dos Remédios). I left Evora for Tomar, not before trying some delicious dishes of the Alentejo cooking. Tomar is the hometown of the composer Lopes-Graça and after the recital I entrusted photos, letters and a postcard I received from him to the museum to his memory, opened in the house where he was born (Casa-Memória Lopes-Graça). Next stop Cascais, for presentations and lecture at Cascais Cultural Center and at Verdades de Faria Portuguese Music Museum in the hill town of Monte Estoril. I donated to the museum collection two autograph manuscripts given to me by Lopes-Graça in the fifties. I’m happy to know that such precious documents are from now on part of the Portuguese culture. Now I’m following to the Algarve, the scenic coastline in the southernmost region of Portugal.