Navegando Posts publicados em março, 2014

Escândalos se Sucedem – Leitores Entendendo Mensagens de um Observador

Não basta, porém, para ser livre,
que se tenha liberdade política.
A liberdade política é perfeitamente ilusória
enquanto se não tem liberdade económica,
pela coacção exercida por quem dispõe de meios
de produção, de transportes e de crédito,
pela fácil corrupção do voto,
porque os meios de difusão têm sempre proprietários e custam dinheiro,
e porque a miséria nem pensar pode.
Agostinho da Silva (Dispersos)

Reiteradamente tenho comentado que a temática a envolver mazelas de nosso Governo Federal e outras mais de diversas procedências não são preferências de minha pena. Sentir a deterioração flagrante de estruturas básicas da nação, como Cultura, Ética, Moral, não apenas constrange como “envenena” a mente. Sob outra égide, noticiários televisivos enfatizam ad nauseam resultados da extrema violência e desvios de conduta da classe política, a abranger todos os partidos, uns mais outros menos, mormente o planaltino. Sob outro aspecto, existe o lobista, essa figura sombria quando a visar o lucro abusivo, mensageiro humano que, à la manière da ave de rapina, sobrevoa os poderes públicos sempre em busca da famigerada vantagem para organizações privadas de toda ordem.

Se a Copa do Mundo de Futebol está a revelar, bem antes de seu início, a existência do superfaturamento, essa praga crônica que assola o Brasil, no post do dia oito de Março salientei a derrocada da Petrobrás, antes o grande orgulho nacional e que, desde a ascensão do ex-presidente e mudanças nos escalões superiores, foi sendo aparelhada, para desespero de acionistas, que viram suas ações despencarem e a credibilidade da estatal esvair-se. Dias após meu post, explode de maneira mais contundente, e com todas as letras, o escândalo a envolver a compra de refinaria em Pasadena, em que a Petrobrás pagaria preço inimaginável. No “Estadão” online de 20 de Março lê-se: BRASÍLIA – Documentos até agora inéditos revelam que a presidente Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobrás. Ontem, ao justificar a decisão ao Estado, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu ‘informações incompletas’ de um parecer ‘técnica e juridicamente falho’. Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema”. Os leitores certamente já tiveram conhecimento do noticiário posterior, largamente ventilado pela mídia, no qual  desdobramentos para a compra do restante, a completar 100% da refinaria em Pasadena, elevaram o preço total à estratosfera. Uma pergunta fica no ar: se em empresa privada com Conselho Administrativo, em qualquer dos países do denominado G 20, fato infinitamente menor tivesse ocorrido a dar enorme prejuízo à organização, qual o destino do responsável pela negociação? Possivelmente estaria não apenas fora da empresa, como “banido” do meio empresarial. A paquidérmica estrutura do Estado consegue sempre minimizar ou fazer o cidadão esquecer mazelas tantas vezes descomunais. Contudo, beneficiários da demagógica Bolsa-Família nem saberão o que ocorre. “E porque a miséria nem pensar pode”, como afirma Agostinho da Silva, programas assistencialistas conseguem o que lhes importa, o voto. Enquanto a prioridade mor, a Educação, a anteceder todas as outras, não estiver na mente de nossos governantes, erro, equívoco, distorção dos fatos, desvio de conduta, embuste, demagogia e descompromisso com a verdade serão preponderantes em nosso país à deriva. A ausência voluntária da Educação planejada como única saída para o progresso harmonioso de uma nação, conduz a caminho sem saída. Tivesse o povo acesso à Educação sólida desde a tenra infância conheceria as lamentáveis negociações da Petrobrás e outras, que estão a pipocar, referentes à Estatal. Certamente saberia escolher o governante preparado. Nada a fazer, por enquanto, a não ser protestar, pois a sustentação de bancadas majoritárias coadunando-se com o Planalto são preocupações primeiras do Establishment. Na recentíssima e excelente entrevista que o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Joaquim Barbosa, concedeu ao jornalista Roberto D’Ávila para a GloboNews (Globo.TV), afirmou: “Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três poderes. Muitas decisões são tomadas superficialmente. Não se pensa nas consequências”. Diria ainda: “o Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas”.

Muitos leitores manifestaram-se a respeito do post do dia 15 de Março. Flávio Araújo, um dos maiores locutores esportivos do Brasil em todos os tempos e hoje arguto jornalista, inseriu em sua coluna no www.ribeiraopretoonline.com.br (“A Imprensa e sua Missão”, 20,03,2014) parte significativa de meu post, precedido de comentários que anexo ao presente:

“Nem sempre os grandes comentaristas dos fatos que ocorrem pelo mundo afora estão abrigados nas grandes corporações jornalísticas. Com a diversidade da mídia depois da implantação da Internet é comum encontrarmos matérias de grande valor inseridas em sites ou mesmo em blogs avulsos. Também é preciso esclarecer que, com essa possibilidade de todo mundo poder manifestar sua opinião, o que é democrático, nem tudo o que se escreve é digno de ser lido, o que nada tem a ver com liberdade de expressão. Com o tempo e com bom faro vamos selecionando o que há de melhor e, principalmente, buscando opiniões conflitantes, já que nem sempre lermos aquilo que se coaduna com nossas ideias é a melhor das alternativas. Dispensando o material deletério abrigado na web, é possível encontrar matérias de elevada qualidade e opiniões divergentes de cujo confronto sempre extrairemos sábios ensinamentos.

Assim é que procuro ler o que julgo em princípio de boa qualidade literária e, se possível, que esteja projetando também ideias dignas de serem levadas a sério. Não importa se nossos pensamentos caminham em direções paralelas, explico mais uma vez, mas esse não é o caso do que vou agora focalizar, que é a opinião de alguém que, no geral, pensa como eu também tenho pensado na idade provecta que atingi.  Um dos blogs do qual sou leitor assíduo é aquele assinado por José Eduardo Martins, grande músico e mestre dos mais respeitados do país. Constantemente em viagens ao exterior, onde grava seus preciosos discos, o professor José Eduardo tem uma visão global das coisas que vão ocorrendo no planeta e não se limita a escrever sobre sua especialidade, a música de alta qualidade.

No seu último post (Pós-Carnaval e Temores Pré e Pós-Copa do Mundo de Futebol) traçou um retrato perfeito da situação que estamos vivendo e, com sua autorização, estamos reproduzindo aqui uma pequena amostra, quando escreve de passagem sobre o mundial de futebol do qual estamos tão próximos”. A íntegra de sua coluna, “A Imprensa e sua Missão”, pode ser lida ao ser acessado o link abaixo:

Clique para visitar a coluna de Flávio Araújo, em Ribeirão Preto Online

Retornarei aos posts que me trazem prazer e alegria. Desesperançado pelos rumos que o Brasil está a seguir, ao menos tenho, ainda, a possibilidade de, por vezes, expressar desilusões.

Flavio Araújo was one of the greatest sports journalists of the 2nd half of the 20th century in Brazil and presently writes for the Ribeirão Preto Online sports section. Last week he posted excerpts of my last week’s post on the current social and political situation in Brazil, while giving his views on how to sort the wheat from the chaff on the web. I transcribe his words here, since they are worth reading.

 

Da Narrativa ao Conto

… os heróis desses quinze contos não deveriam jamais esquecer
que as leis do destino e as forças da natureza
são mais pujantes do que desejos e esperanças.
Não adianta o homem se agitar na luta pela existência,
pois a vida, mesmo quando não tem bom início,
termina sempre mal. Lembre-se,
uma lamentável queda vale mais do que um fim insignificante.
Sylvain Tesson

Uma das condições essenciais do conto é a brevidade e o espírito de síntese. Gênero específico da literatura, ao longo dos séculos escritores se notabilizaram no mister. Sob outra égide, o conto pode apresentar várias fontes de ideias. Entre essas poder-se-ia mencionar a criação “abstrata”, quando toda a trama do conto, personagens e situações vêm à mente do autor de maneira inédita, sem “contágios” imediatos. Uma outra temática pode advir de fato real que se passou na vida do contista, mas inédito, ou seja, não transmitido a um interlocutor. Uma terceira, entre tantas, refere-se ao outro, aquele que está a passar por momento hilariante ou trágico e que, retido na mente do contador, dimensiona-se através da pena. Nessa metamorfose, as situações observadas recebem tintas novas e a imaginação do contista dá a pintura final ao quadro.

Reunidos, contos podem ser ingeridos pelo leitor de maneira homeopática. Curtos e sem sequência, a leitura rápida pode ser feita no espaço temporal exato, a propiciar ao amante da leitura a possibilidade de que o cronômetro mental seja acionado em situações precisas: espera de consulta médica ou exames laboratoriais, viagens curtas, o aguardo em oficina mecânica, a proverbial paciência para atendimento em repartição pública, seja ela qual for. Nessas situações em que o tempo se nos afigura estanque, o conto é precioso companheiro e pode ser degustado sem pressa.

Foram muitos os livros de narrativas de Sylvain Tesson que resenhei ou comentei desde Maio de 2011. Andarilho na grande maioria das obras e “eremita” nas florestas da Sibéria, às margens do lago Baikal, Tesson revelar-se-ia pensador brilhante sobre as experiências vividas diuturnamente.

Em Une Vie à Coucher Dehors (France, Gallimard, 2009) Sylvain Tesson é contista. Obteve o festejado Prêmio Goncourt, categoria contos, em 2009. Nesse ano, Gallimard faria a edição econômica, selecionando cinco dos quinze contos do livro premiado, L’Éternel Retour.

Une Vie à Coucher Dehors foi lido ao longo de certo tempo, de maneira homeopática, entremeado a outros livros percorridos alopaticamente. Os interregnos serviram para melhor compreender as intenções do narrador, doublé de contista, nesse intrigante livro.

Parte considerável dos contos surge do destilar de incontáveis observações ao longo de dezenas de milhares de quilômetros caminhados. O acúmulo do olhar arguto estaria a demonstrar que o tempo do narrador nem sempre coincide com o hipotético tempo do personagem, real ou imaginado. O caráter dos figurantes deve certamente esbarrar na realidade observada. As asas da imaginação dão sentido e vida aos tantos que penetram os contos. Muitos deles vivendo na geografia que um dia abrigou os passos do narrador de aventuras.

Considere-se que todos os quinze contos têm final trágico ou infeliz, fazendo jus à epígrafe. Esse ceticismo quanto ao relacionamento humano, às distorções de pensares e ambições, ao desinteresse pela condição humana, ao conformismo, à ignorância são temas que perpassam o livro. Tem-se hilariantes histórias de homens do mar em La Chance, que não impedem a morte do anfitrião em queda acidental banal; a relação serena penetrada pelo ciúme e desconfiança afetiva,  levando à tragédia em La Crique; a ignorância de náufragos após tempos em ilha deserta, tornando-os irracionais, em L’île. Os personagens de L’Asphalte e Le Lac devem ter sido criados considerando-se as narrativas reais de Éloge de l’Energie Vagabonde e Dans les Forêts de Sibérie, pois o autor seguiu em bicicleta os caminhos do petróleo e do gás da alta Ásia à Turquia e permaneceu seis meses às margens do lago Baikal, respectivamente. Personagens que povoam l’Asphalte e situações inusitadas, relacionadas à construção de uma estrada de betume acalentada com ardor pela figura central, não deixam traços do desfecho duplamente trágico, pois o que é bom para a comunidade pode ser a desgraça para o idealizador da benfeitoria. Em Le Lac, o temido urso, sempre mantido à distância nas narrativas de Tesson, é o vilão da história que tenderia a final ao menos tranquilo.  Em La Particule, sob outro contexto, há semelhança no desenrolar da história com “A Voz de um livro”, de Edmondo de Amicis (vide post  A voz de um livro.19/02/2010). Se de Amicis escreve na primeira pessoa sobre as tantas mãos pelas quais um livro pode passar ao longo de sua duração, em La Particule Tesson engenhosamente historia, também na primeira pessoa, a “viagem” de uma partícula que sobe aos ares após deixar o corpo de um brâmane que acabara de ser cremado e incorpora-se, progressivamente, a outros seres vivos vegetais ou animais. Ao final, implora: “e eu, miserável partícula, célula anônima, pobre poeira de átomo, eu vos suplico, ó Deus do céu, de me dar repouso, de me libertar do ciclo e de me deixar ganhar o vazio…”.

Seria possível entender que ao criar figurantes, Tesson tenha se desviado de uma escrita espontânea, que brota do dia a dia da narrativa. O estar vivendo o instante do acontecido, como afirmava Vladimir Jankélèvitch, dá ao narrador, inclusive, o timing da pulsação. Preciso em suas anotações – pois Tesson tudo assinala em suas viagens – o fixado pelos sentidos e, por vezes, metaforizado em belas imagens, ganha uma naturalidade ocasionalmente perdida na  redação dos contos. Em outro contexto, o conto de Tesson adquire uma imaginária “veracidade”, pois o autor, em tantos textos desse gênero literário, conheceu lugares, costumes e pessoas as mais diversas. Sente-se, em alguns momentos, o amálgama ficção-realidade

A leitura de Une Vie à Coucher Dehors tem interesse. A configuração dos enredos, a descrição minuciosa dos personagens de culturas tão díspares e a brilhante redação teriam sido primordiais para o recebimento de uma das láureas mais cobiçadas em França, acima mencionada. O autor fez jus.

I have already reviewed many non-fiction books by the French explorer and writer Sylvain Tesson, describing his adventures in remote areas of the globe. This time I’ve read Une Vie à Coucher Dehors (translated into English as “A Life of a Mouthful”), winner of the Goncourt Prize for short story books in 2009. His stories, both good humored and pessimistic, wrestle with the big questions of life and, though fictional, it’s possible to say that Tesson brings to them many of the memories and experiences of his time spent in the wilderness.

 

 

 

 

 

 

Observar, Apenas Observar

Dada a situação no mundo de hoje,
talvez sejam outros os caminhos e haja,
antes dela, uma apocalíptica Idade.
O que é importante é que nunca percamos nem a fé nem a esperança
e que se comporte cada um de nós,
dentro do possível e sobretudo do impossível,
como desejamos se comportem os homens
do mais longínquo futuro que possamos imaginar no mundo.
Agostinho da Silva (Dispersos, pág. 757)

Que parte considerável da população esclarecida está atenta ao que ocorre no país é fato notório. Palavras oficiais são utilizadas para vilipendiar os mais esclarecidos, atentos ao que está a ocorrer. Nesses últimos meses termos desgastados graças ao caminhar da história, como burguês e elite, têm sido permanentemente empregados pela denominada Situação. Mais recentemente, Casa Grande, a contrastar com Senzala, foi pronunciado pelo alcaide de São Paulo.  Desde as manifestações de Junho de 2013, reivindicações legítimas foram olvidadas pelos Poderes Executivo e Legislativo. Isso também é fato.

Há algum tempo tento evitar temáticas indigestas que afligem parte considerável da população que busca apreender situações esdrúxulas através do cotidiano. Diria que uma surda angústia está em ebulição entre tantos personagens de diversas “classes sociais”. Aliás, como a Situação adora essas palavras de ordem!

Mario Vargas Llosa escreve sobre a deterioração da Cultura, dos Costumes, da Ética, da Política e da Sociedade. Um exemplo da degradação viu-se durante o Carnaval deste ano, a evidenciar bem a ruptura das últimas barreiras da moralidade. O Governo distribuiu aproximadamente 100.000.000 de preservativos e a resposta imediata veio através de imagens impensáveis décadas atrás. Provedores da internet mostraram mulheres seminuas nos desfiles das Escolas, exibindo largos sorrisos e seios vitaminados através de próteses e silicone, comprimindo-os ao máximo, verdadeiramente ofertando-os. Cenas grotescas que, sob outro ângulo, poderiam provocar a procura pelos preservativos distribuídos regiamente pelo Planalto. Em Salvador, multidões absurdas acompanhando os trios elétricos, que apresentavam “música” de baixíssima qualidade, verdadeira aberração aos ouvidos. Uma dessas, “lepo lepo”, paupérrima, foi vociferada pela massa amorfa que, à maneira da juventude nazista, erguia braços e pulava, incitando ainda mais os “cantores” dos trios, que corriam de um lado para outro desses veículos eletrificados conclamando a turba. O mais grave, durante dias, o que vem a demonstrar a alienação completa de dezenas de milhares presentes. Há muito o Carnaval deixou de ter a conotação de festa legítima. Blocos que  desfilam nas cidades brasileiras de quaisquer dimensões ainda preservam resquícios de uma aura que se esvaiu. Igualmente, algumas escolas de samba têm o sentido, quase perdido, da tradição.

Desde as manifestações de Junho recrudesceu em  aceleração crescente o namoro do Planalto com o regime de Cuba. A presidente, durante as referidas manifestações, anunciava com pompa a contratação de milhares de médicos do Caribe para o programa populista Mais Médicos. Comprovou-se que o contrato trabalhista com aqueles profissionais tem problemas sérios. A mídia, estranhamente, não está a dar a exata medida da situação, que na realidade fere princípios de nossa legislação. Sempre fica na penumbra a relação de considerável parte da mídia com o Governo Federal. As verbas governamentais para a propaganda são imensas. Isso poderia explicar parte do silêncio. Vimos ultimamente fatos preocupantes. A presidente, ao visitar Cuba para a inauguração do Porto de Mariel, com 80% do custo financiado pelo BNDES, ou seja, dinheiro do contribuinte, anunciava que outro empréstimo já estaria em cogitação (Jornal da Globo online, atualizado aos 28/01/2014 à 01:56). Enquanto isso, rodovias e  portos brasileiros pedem socorro. Ferrovias? O sonho de Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), barão e visconde com grandeza de Mauá, perdeu-se, talvez para sempre. Sabemos que sem malha ferroviária, ao menos razoável, o Brasil continuará um país caríssimo para as exportações e a distribuição  impedindo o verdadeiro crescimento. Em Fevereiro último, a visita do ex-presidente a Cuba, a fim de visitar os irmãos Castro da famigerada ditadura cubana, serviu para novos acordos e novas ajudas. O que sempre chama a atenção, mas está a ser esquecido pela população, é o fato de Cuba ser a mais cruenta ditadura da América Latina, em termos históricos. Instaurada em 1959, sacrificou numerosíssimos opositores, que perderam a vida nos abomináveis paredóns, mantendo ainda número desconhecido deles em prisões. “Democracia” que não permite o direito fundamental do cidadão de poder transpor livremente as fronteiras. Em 1962, em Moscou, ouvi músicos que adorariam viajar para o Ocidente, assim como ouvi em Berlim Oriental, poucos meses antes da queda do muro, berlinenses a beirarem os 50 anos lamentar a falta da liberdade essencial, pois sonhavam diuturnamente com Berlim Ocidental. O muro da vergonha e da morte, a impossibilitar saídas. Quantos não perderam a vida na ânsia de liberdade? São, pois, preocupantes esses laços que se estreitam tão acentuadamente entre o Planalto e os ditadores de Cuba. Até onde eles se estenderão? Quais os reais propósitos? Não há clareza alguma por parte da presidente em seus pronunciamentos a respeito. Da nossa triste América Latina, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina são exaltados pela atual mandatária e pelo ex-presidente, assim como pela cúpula do partido planaltino. O Mercado Comum do Sul (Mercosul) está longe de atender a propósitos plausíveis. Enquanto o Brasil corteja ditaduras e governos extremados, perdemos a oportunidade, por razões ideológicas, de uma aproximação maior com a Comunidade Europeia, com a América do Norte (México, Estados Unidos e Canadá), Extremo Oriente não comunista. “Diga-me com quem andas… “. Se a China continua a ser grande importadora, contudo o Brasil está a perder muito com a não aproximação mais firme com países que mereceriam maior atenção. A ideologia é, na verdade, um grande entrave. Diria, insuperável.

Mais de uma vez salientei que a escolha de um Ministro para ocupar assento na Suprema Corte deveria ser feita por Comissão de Notáveis. Sabemos que assim não reza a legislação pertinente. Contudo, se a Situação permanecer mais tempo, certamente teremos todo o STF indicado pela (o) presidente. Isso é fato. Incertezas futuras para com o equilíbrio da balança, instrumento símbolo da Justiça.

A Copa do Mundo de Futebol se aproxima. Estádios superfaturados, entornos inacabados. A FIFA precisaria, para total segurança, de ao menos 90 dias para a instalação de toda a parafernália relativa às Comunicações. O Secretário-Geral da Federação Internacional de Futebol, Jerôme Valcke, que foi tão contraditório por vezes, afirmou há dias que a Copa do Brasil poderá ser a pior da História da Organização. Tudo está a concorrer. O legado deverá ser penoso. Foram muitos os eufóricos pronunciamentos oficiais poucos anos atrás sobre a Copa. Prolongaram-se. Desmentidos pela realidade, mas infelizmente, por absoluto desconhecimento, mercê do despreparo, aceitos por milhões de beneficiários da demagógica Bolsa Família. Repetiu-se a realidade das promessas do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, permanentemente sob… promessas. Se, de um lado, os mencionados beneficiários de vários tipos de bolsas e cotas não se preocupam, desde que recebam seu quinhão, o mesmo não deverá acontecer com a Economia do país, em situação bem delicada. Todos somos afetados. Especialistas independentes têm alertado. O Planalto estará com ouvidos abertos às ponderadas assertivas? Ano de eleições…

Enquanto diariamente cidadãos são assaltados e assassinados por legião de menores, aqueles ligados ao Planalto permaneceram insensíveis ao clamor da população, que majoritariamente tem “implorado” pela diminuição penal.  O Brasil está absolutamente na contramão do que ocorre em países que entendem que crimes hediondos não estão sujeitos à idade, seja ela qual for. Dos mais de 50.000 assassinatos ou latrocínios ocorridos no país (recorde absoluto em termos mundiais), parte considerável dessas tragédias acontece nas grandes cidades e praticada por menores. O que dizer? É preciso pensar sobre o assunto de maneira realista. Em ano de eleições o Governo Central evita o debate franco com a Sociedade.

À mídia compete divulgar verdades. Estará disposta a fazê-lo, indo ao âmago de escândalos que pululam regularmente? Como exemplo, a queda vertiginosa da Petrobrás, no início do século XXI uma das dez mais importantes do mundo, e hoje relegada à ínfima posição acima da centena, evidencia bem os passos equivocados nesta última década. Infelizes acionistas. Não há derrocada abissal sem causas reais. Por que não divulgá-las? O Planalto exalta o pré-sal. Hipotético, pouco sabemos a respeito de viabilidades. E os gravíssimos problemas da Petrobrás que estão à tona? Silêncio do ex-presidente e da atual mandatária. A Petrobrás, orgulho do brasileiro até bem recentemente é motivo de chacota. Isso igualmente é fato.

O General Charles de Gaulle teria razão? Seriedade vem do combate intransigente a fatores crônicos como a corrupção e o despreparo. Aguardemos.

This post is about my disenchantment with my country in all aspects: cultural deterioration, political corruption, the government’s flirting with dictatorships, violence, morality decline leading to spiritual barbarism.