Navegando Posts publicados em março, 2021

Imenso pianista húngaro de nacionalidade norte-americana

Dar a cada emoção uma personalidade,
A cada estado de alma uma alma.
Fernando Pessoa
(“Livro do Desassossego”)

Andor Földes foi um dos mais importantes pianistas do século XX. Apesar de não ter tido a ventilação de alguns de seus ilustres coetâneos, Andor Földes é um intérprete basilar que, em seu repertório, não perpetuaria apenas os compositores consagrados.

Aos 6 de Agosto de 1957 ouvi-o no Teatro Cultura Artística em São Paulo. A apreciação do jovem foi absoluta. Apresentando-se sem buscar causar impacto junto ao público, a sedução foi integral, inclusive no que concerne à segunda parte do programa, dedicada a Béla Bartók (1881-1945).

Aos oito anos já se apresentava solando Concerto de Mozart acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Budapeste. Andor Foldes estudou na Academia de Música Franz Liszt e, entre seus mestres, teve o compositor Ernõ Dohnanyi (1877-1960). Ainda jovem conheceria o compositor Béla Bartók. O impacto fê-lo, apesar de seu enorme desenvolvimento pianístico, retirar-se dos palcos para estudos aprofundados não apenas de piano, mas de filosofia, línguas, regência e composição.

Clique para ouvir, na interpretação de Andor Földes, a Suíte op. 14 de Béla Bartók:

https://www.youtube.com/watch?v=B1LwJRp4Bk4

Radicou-se em Nova York e sua estreia se deu em 1940, executando o 4º Concerto para piano e orquestra de Beethoven, tendo a acompanhá-lo a N.B.C. Symphony Orchestra. Com o notável violinista Joseph Szigeti, também húngaro, durante três anos se apresentou 120 vezes. Conheceria em Nova York sua futura esposa, Lili Rendy, húngara e jornalista, e os dois obtiveram a cidadania americana. Em 1961 o casal se instalaria na Suíça.

A salientar a intrínseca relação de Andor Földes com Béla Bartók, que se radicara em Nova York.  A partir desse reencontro, acentua-se a divulgação da obra do criador pelo pianista, sendo que em 1947 estreia no Carnegie Hall o Concerto nº 2 para piano e orquestra de Bártok, Concerto este que seria interpretado dezenas de vezes pelo planeta, assim como os dois outros.

São inúmeros os atributos repertoriais de Andor Földes. Independentemente de ter em seu repertório obras consagradas de Mozart a Rachmaninov, Beethoven fez parte de suas escolhas durante toda a existência.

Andor Földes teria o mérito de desvendar caminhos. Poucos de sua geração o fizeram e menos ainda em nossos dias. Certamente foi um dos intérpretes que corroboraram a divulgação maior de Béla Bártok, num período em que o compositor ainda não penetrara integralmente o repertório de pianistas seus contemporâneos. Andor Földes o divulga e suas interpretações serviriam como modelo de autenticidade, rigor e precisão. Esse fator é de suma importância, pois enfatiza a sedimentação estilística captada por coevos e pósteros. Béla Bártok foi bom pianista e gravações atestam essa realidade. Contudo, a leitura de Földes, após convívio com Bártok, imprime à interpretação daquele a filtração dos conceitos na fonte e um rigor pleno. Quantos não foram os compositores pianistas que deixaram gravações? Para apenas nomear alguns, Saint-Saëns, Debussy, Scriabine, Grieg, Ravel, Poulenc, Prokofiev, sem contar a excepcionalidade pianística de Rachmaninov. Contudo, nem sempre são eles a “obedecer” à letra o que escreveram, cabendo essa difícil atribuição ao intérprete consciente. É relevante esse fato? É-o, na medida em que a tradição se efetua através dessas leituras seguindo à risca o que está escrito, sem, contudo, eliminar a individualidade do intérprete, esta, imprescindível. O comedimento de Földes em relação aos tempi foi motivo para observações críticas. Todavia, toda interpretação de Andor Földes é amplamente pesquisada, estudada e o rigor não exclui a presença emotiva. Sua interpretação da Valsa Mefisto de Liszt comprova a grande virtuosidade do pianista, atendo-se sempre à fidelidade da partitura. O que inexiste, decididamente, é a interpretação exteriorizada, apenas para agradar a um público tantas vezes constituído por apreciadores do gestual cenográfico exagerado, mormente na atualidade.

Clique para ouvir, na interpretação de Andor Földes, a Valsa Mefisto, de Franz Liszt:

https://www.youtube.com/watch?v=AdaPUDt4Zn0

De regresso à Europa em 1948, divulgaria igualmente composições de Zóltan Kodály (1882-1967). Földer foi intérprete de obras essenciais de outros compositores de seu tempo: Stravinsky, Samuel Barber, Virgil Thomson, Aaron Copland… Convidado, torna-se professor da Hochschule do Conservatório de Sarrebrück, Alemanha.

A discografia de Andor Földes é bem extensa. Admirador das gravações, ao contrário de tantos outros intérpretes, tinha opinião precisa a respeito: “’Gravar um disco é uma das tarefas mais difíceis para o artista da performance ao vivo. O que é gravado está lá para a eternidade. Sabe-se exatamente que a obra não será ‘retocada’. Tem de ser uma versão que resista ao teste do tempo e que capte a essência desse momento intuitivo, a transmitir a definição que lhe é imposta pela própria natureza da situação”.

Andor Földes escreveu artigos e memórias. Contudo, seu livro “Keys To The Keyboards” (“Claves del teclado – um libro para pianistas”, Buenos Aires, Ricordi, 1958) é referencial. Li-o décadas atrás e as observações de Földes continuam atualíssimas para todo estudante de piano. Basicamente, Földes entende a técnica a serviço único da interpretação. É a favor da longa gestação no que concerne ao amadurecimento de uma composição. Entende como “ciência” o estudo pianístico consciente. O grande regente Sir Malcolm Sargent (1895-1967) prefacia o livro com o título “Carta Preliminar” e escreve: “Claves del Teclado de Andor Foldes é um livro de sabedoria, explícito e claro como guia. O que diz é certo. Ele entrega uma ‘chave mestra’. Chama-se ‘Prática’. Ela abre os portões em direção a um caminho muito amplo e extenso, semeado de artimanhas, perigos e obstáculos… muitos iniciam a subida, mas ficam pelo caminho; assim permanecendo pelo resto de suas vidas. Não obstante, se você for um dos ‘eleitos’, se foi tocado na ponta de seus dedos pelo anjo da guarda dos pianistas, e Santa Cecília sussurrar-lhe no ouvido, essa senda será uma contínua ascensão, com vislumbres de beleza durante toda a subida, com momentos de celestial felicidade ao voltar o olhar, depois de ter passado uma difícil descida – pressupondo-se outro cume à vista”.

“Claves del Teclado” apresenta oito capítulos: O começo correto, Ler e escutar, Técnica, A Arte de Praticar, Memorização, Preparamo-nos para tocar em público, Considerações acerca da interpretação, Perguntas e respostas sobre a execução pianística. Ao final apresenta uma lista de obras para piano de autores contemporâneos, com algumas sugestões que recomenda aos jovens pianistas. Nela inclui criações de Camargo Guarnieri (1907-1993), inclusive os célebres Ponteios.

Lamentavelmente, três livros sobre pianistas destacados do século XX excluem, entre os biografados, o ilustre Andor Földes, inserindo nomes distantes do valor do pianista húngaro-norteamericano. Sabe-se lá as razões. Harold Schonberg (The Great Pianists, 1987), Elyse Mach (Great Contemporary Pianists Speak For Themselves, vol. I, 1980, vol. II, 1988) e Alain Lompech (Les Grands Pianistes du  XXe Siècle, 2012).

Clique para ouvir, na interpretação de Andor Földes, Seis Danças Búlgaras de Béla Bartók:

https://www.youtube.com/watch?v=_Z5i6Fhi6Rw

Andor Földes was one of the greatest piano masters of the 20th century. Among his many merits is the promotion of the works of his friend Béla Bártok, which led to a greater presence of the notable Hungarian composer in repertoires worldwide.

Um amigo singular multivocacionado

Estou a exigir muito de si?
Quem lhe há-de exigir muito senão os seus amigos?
Eles receberam o encargo de o não deixar amolecer e,
pela minha parte, tenha você a certeza
de que hei-de cumprir.
Você há-de dar tudo o que puder,
e mesmo, e sobretudo, o que não puder;
porque só há homem, quando se faz o impossível;
o possível todos os bichos fazem.
Agostinho da Silva (1906-1994)
(“Sete cartas a um jovem filósofo”)

Conheci Joep Huiskamp em Julho de 2000 na cidade de Gent, na Bélgica Flamenga. Realizava a cuidadosa edição da integral dos Estudos para piano de Alexandre Scriabine, que gravara meses antes na Capela Saint-Hilarius, em Mullem, sob os cuidados do genial engenheiro de som Johan Kennivé, e traçava projetos futuros com André Posman, fundador da De Rode Pomp, selo que lançou vários CDs meus. Durante alguns anos, quando em Gent, ficava hospedado em casa de meus diletos amigos Tony Herbert e Tina (vide blog: “Tony Herbert – TTTT e o saber viver, 12/04/2008). Naquela oportunidade eles não estariam, pois iriam viajar durante as férias, mas escreveram-me que poderia hospedar-me em sua morada, pois um grande amigo do casal, o holandês Joep Huiscamp, lá estaria, a folgar durante alguns dias de sua laboriosa atividade em Eindhoven.

Amizades duradouras só se estabelecem se houver a ampla empatia entre duas pessoas. As circunstâncias de um início podem ser as mais inusitadas. Desde aquele Julho de 2000, uma relação amistosa se estabeleceu de maneira definitiva nesses 20 anos!!!

Joep é uma figura singular. Como conselheiro (integrante do “Executive Board”), trabalha na direção da Universidade de Tecnologia de Eindhoven (TU/e) desde 1990. Acumula a função de historiador da universidade, ocupando-se de seu patrimônio acadêmico. Joep é membro do comitê executivo da organização nacional que congrega as várias universidades da área tecnológica. Organiza mostras científico-acadêmicas e publica atividades da Universidade. Afirma: “felizmente encontro tempo livre para desenhar e pintar”. Realizou várias exposições na Holanda. Amante, como eu, dos Açores e da cultura portuguesa, mormente da ilha de São Jorge, realizou inúmeras viagens ao arquipélago. Traduziu para o holandês “O Mandarim”, de Eça de Queiroz” (2003).

Estou a me lembrar de que, naquele primeiro convívio, Joep e eu caminhávamos horas a descobrir a cidade. Museus foram visitados, feiras, templos medievais, canais movimentados e os jardins. Foram dias em que dialogamos sobre inúmeros aspectos da arte, sua evolução através da história, arte contemporânea inclusa, e a música sempre presente. No Museum Voor Schone Kunsten visitamos a exposição que me fez reconsiderar, a partir de importante mostra, meu conceito a respeito do fragmento na obra artística (vide “Victor Servranckx – 1897-1965 – A grandiosidade do fragmento ou esboço”, 12/03/2008). Nossas refeições se davam em várias localidades. Almoçamos certo dia no restaurante do centro administrativo e coração do movimento socialista fundado no final do século XIX em Gent, a Casa do Povo “Ons Huis”, edifício construído em 1899 e situado no centro da cidade, na praça do mercado de sexta-feira. Motivo para Joep comentar a história desse movimento e seus reflexos na região flamenga.

Nos nossos diálogos a música permanecia presente e o desenho colorido introdutório do post surgiu durante os momentos em que ouvia, no jardim da casa de Tony Herbert, o resultado das gravações realizadas meses antes em Mullem. Joep sempre caminhava a pensar no desenho ou na pintura. Ao comentar a obra do notável compositor açoriano Francisco de Lacerda – meu CD Debussy-Lacerda já havia sido lançado -, no dia seguinte, um sábado ensolarado, após nossa visita à feira de antiguidades ao pé da igreja de Saint-Jacob, deu-me um desenho colorido do músico português em cartão recortado em que não faltavam nem os óculos.

Sou um admirador de seus desenhos e pinturas, onde não são descartados elementos impactantes. Diria que seus trabalhos pictóricos têm muito do expressionismo, e a deformação de uma figura, menos do que representar pessimismo, negação ou angústia, revela um potencial emotivo singular.

Durante mais de vinte anos, ininterruptamente viajei para gravar em Mullem, na Capela de Saint-Hylarius, e para recitais não somente em Gent, mas em outras cidades belgas. Joep e sua esposa Jonneke estiveram presentes em vários recitais que dei em Gent e também na Antuérpia. Joep ou me mandava pelo Correio, que ainda funcionava no Brasil, ou me presenteava in loco com seus trabalhos gráficos. No recital na sala da Quatre Mains, em Gent (27/04/2017), finalizei o programa com “Vers la Flamme”, de Scriabine. Ofereceu-me instigante pintura sobre cartão em que focaliza as mãos. “Ir manados” através da amizade. Metáfora da criação magistral do compositor russo? O fogo metamorfoseado sanguinariamente…

Clique para ouvir, de Alexandre Scrabine, “Vers la Flamme”, por J.E.M., gravação ao vivo realizada na Igreja Nª Senhora dos Remédios em Évora, Portugal (21/04/2017):

https://www.youtube.com/watch?v=wdgfEnv51MI

Agendáramos uma visita conjunta à Ilha de São Jorge (terra natal de Francisco de Lacerda), nos Açores, pois o arquipélago está indelevelmente retido no meu universo de afetos após tournée de recitais que realizei por três ilhas açorianas em 1992. No universo afetivo de Joep o arquipélago prepondera, tendo já realizado inúmeras viagens às ilhas. A pandemia adiou sine die essa possibilidade.

Penso retornar a Gent em 2022 para dois recitais. Tudo indica que seria uma nova oportunidade de nos encontrarmos. Oxalá aconteça.

I first met Joep Huiscamp in 2000 in Gent, in the Flemish region of Belgium, and we have been friends since then. Working at the Eindhoven University of Technology in the Netherlands, Joep says that, despite his intense workload, he finds time to draw and paint. With his wife, Jonneke, he attended almost all my recitals in Ghent and Antwerp, sending me afterwards paintings inspired by the recitals.

 

Não se escolhe, recebe-se

Uma das formas de saúde é a doença.
Um homem perfeito, se existisse,
seria o ser mais anormal que se poderia encontrar
.
Fernando Pessoa
(“Livro do Desassossego”)

Confinados desde o início de Março de 2020, mormente Regina, que durante esse período só saiu de casa raríssimas vezes. Como bem diz slogan desgastado, mas único eficaz, seguimos a ciência.

Que o Brasil poderia estar numa posição bem mais confortável, o planeta bem o sabe. O negacionismo e a vaidade-ambição de dois governantes, respectivamente, permitiram a contenda verbal que persiste desde o início da pandemia. Já poderíamos ter várias vacinas imunizando o vasto país. Com a grande expertise em vacinação que o Brasil adquiriu ao longo das décadas, devido às endemias tropicais, males da primeira infância e à influenza, já teria o país basicamente toda a população vacinada.

Na realidade, foi a vaidade-ambição de um aspirante à presidência do país um dos motivos das reações negacionistas de um governante que se mostra incomodado com a possibilidade de um concorrente em próximas eleições. As atitudes dos dois são deploráveis, chamam a atenção pública e levam à hecatombe que presenciamos.

A oposição ferrenha, principalmente voltada ao mandatário-mor, apresenta-se sob o beneplácito de grande parte da mídia e faz-me lembrar dos documentários sobre a fauna africana no Serengueti e a presença constante, após o abate promovido pelos grandes predadores, das hienas com seus gargalhos estridentes buscando proveitos. Sob outra égide, se méritos há de um dos governantes no que tange à tramitação para que tivéssemos uma vacina, ficará sempre a mácula, pois na essência essencial dessa realização preexiste a “subjetiva” intenção de voos mais altos na vida política.

Desse embate insensato, que também faz lembrar contendas pueris de nossa infância, só malefícios podem ocorrer, mercê da exacerbação diária e fatigante dos envolvidos. Realmente é de se lamentar mais essa percepção rasteira de nossos governantes.

Dia marcado, lá estivemos, Regina e eu, na Unidade Básica de Saúde na Vila Nova Conceição. Fila pacífica, solidária e bem extensa, a corresponder a um quarteirão e meio (cerca de 350 metros), movimentou-se mui lentamente por cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos. Após, adentramos o pátio da escola e permanecemos mais de uma hora para ser vacinados, enquanto nossa filha Maria Fernanda cuidou internamente da documentação.

Foi-nos reservada a vacina Oxford AstraZeneca, pois a Coronavac estava a ser aplicada naqueles que já buscavam a segunda dose. Creio que, pelo fato da longa permanência na fila, considerando-se a faixa etária entre 80 e 84 anos, não poucos octogenários mostravam-se ansiosos e buscavam sem cessar informações que, naquele alvoroço, eram até convenientemente prestadas.

Logicamente a vacina não tem resultados imediatos. Continuaremos como se não tivéssemos recebido o imunizante, pois só deveremos retornar ao mesmo posto, para a segunda aplicação, no dia 24 de Maio. Apesar da comprovada competência de nossos infectologistas, são tantas as opiniões díspares desses especialistas que cabe a nós, cidadãos comuns, filtrá-las à luz da ciência sempre mencionada, mas com interpretações várias.

Tem-se de temer complicações vindouras advindas da Covid-19, pois parte considerável da população ignora a fatalidade representada pelo vírus. Amigos belgas, portugueses e franceses relatam, após acesso às mídias europeias, nem sempre confiáveis mercê de ideologias, a irresponsabilidade de parcela dos jovens e de outras faixas etárias, que no Brasil se aglomeram em festas clandestinas em quantidade bem superior à daqueles países.

Os noticiários internacionais têm inserções ácidas sobre o Brasil por vários motivos, como o negacionismo diário do governante-mor quanto à pandemia e o descompromisso de legião de irresponsáveis com as medidas de isolamento, graças também à permissividade do poder constituído, que não pune  exemplarmente os promotores dessas festanças formadoras de criminosos “culposos”. Estes, conscientes do mal que pode advir aos seus próximos mais próximos. Mencionei em blog bem anterior a fala de um jovem frequentador de um desses “pancadões” na periferia, que foi entrevistado por repórter de rádio. Sem máscara e descamisado, segundo relato, tão logo questionado sobre o regresso à morada de seus maiores e possíveis consequências, respondeu de imediato: “O problema é deles, não meu”.

Acredito, infelizmente, que teremos recrudescimento do Covid-19 em termos insustentáveis. Nos dias ensolarados, as praias continuarão lotadas, sendo que determinados cidadãos da idade madura, se perguntados, não mostram qualquer preocupação com a fatalidade à espreita. Um amigo, morador na periferia, disse-me que aos finais de semana ouve de sua casa batidas rítmicas e vozerio alto vindo de “pancadões” distantes. Todos os fins de semana, sem trégua!!! A Polícia Militar sabe desses encontros “criminosos” em tempos pandêmicos, assim como daquelas festas, a preços individuais altíssimos, que são realizadas pelas classes abastadas em mansões da cidade.

Ficaria a pergunta ao STF. Por vezes o STF, um dos três poderes, interfere em temas que acarretam críticas da classe política. Não poderia, nesse período trágico, viabilizar sanções drásticas a todos os promotores dessas aglomerações clandestinas? São eles que arregimentam dezenas de milhares de insensatos. Maculado tantas vezes pelo cidadão comum, se assim proceder, possivelmente o STF terá alguma melhora junto à avaliação pública.

Finalizando, remédios paliativos, enaltecidos pelo governante-mor, não têm reconhecimento científico pela OMS e outras instituições específicas. Sua preocupação se volta hoje a um spray nasal sem resultados comprovados cientificamente. Desdenhou a vacina, menospreza a máscara, insurge-se contra o confinamento e joga-se nos braços de adeptos fanatizados, quase todos sem a proteção necessária. Prega a não obrigatoriedade da vacina quando só ela se nos apresenta como solução, seja qual for. Esperemos que, mesmo contra sua vontade, a vacinação se acelere com a chegada de novos imunizantes. É o que o Brasil aguarda.


At last my wife and I got vaccinated against covid-19 last week, waiting for almost 3 hours in a huge line for our first dose in a nearby vaccination centre. Brazil has become an epicenter of the covid-19 outbreak and prospects for the future – both in economic and health terms – are bleak, largely due to federal government mismanagement of the epidemic and a considerable part of the population, especially the younger ones, irresponsibly and selfishly scorning the virus.