Navegando Posts publicados em abril, 2022

Pianista Ucraniano entre os maiores

O virtuose dotado de musicalidade
compreende mais profundamente a música do que o músico puro,
que não a vê se não como uma abstração matemática.
Gisèle Brelet
(“L’intérpretation créatrice”, 1951)

Certamente Shura Cherkassky permanecerá na história do piano como um dos mais completos intérpretes. Frequentou o repertório do barroco à contemporaneidade e legou uma arte voltada à tradição, mas plena de uma abordagem pessoal.

Nascido em Odessa, anos após se desloca com a família para os Estados Unidos, fugindo da Revolução Russa. Após aprendizado  com a mãe, Cherkassky estudará no Curtis Institute of Music com Josef Hofmann (sobre Hofmann, vide blog anterior). O mestre foi fundamental em sua formação e a ele estaria ligado até 1935. Uma de suas recomendações foi a do estudo diário de quatro horas, que Cherkassky seguiria à risca durante a existência. Facilidade e obstinação edificaram o pianista que teve carreira até o final de sua existência, atuando na América do Norte, Europa, Rússia, Extremo Oriente, Austrália e Nova Zelândia.

Clique para ouvir, de Josef Hofmann, Caleidoscópio, na interpretação de Shura Cherkassky:

https://www.youtube.com/watch?v=2AdDU6yNcCw

Apesar do respeito à tradição, Cherkassky nem sempre interpretava uma determinada obra seguindo seus próprios postulados anteriores e, apesar de ter tocado com as mais importantes orquestras do mundo, por vezes entre ensaio e apresentação pública poderia modificar sua execução. Se as obras românticas têm na interpretação de Cherkassky um tratamento especial quanto ao rubato, quando interpreta seus contemporâneos — Berg, Stravinsky, Stockhausen —, suas execuções se revestem de uma percepção invejável, sem quaisquer concessões. Harold Schonberg define bem determinadas características de Cherkassky: “Tem o som de ouro, a cor, a técnica infalível, a personalidade e, em seu melhor momento, o fluir e refluir da marca romântica. Suas interpretações são sempre idiossincráticas e interessantes” (“The Great Pianists”,1987).

Clique para ouvir, de Vladimir Rebikov (1866-1920), Valsa, na interpretação de Shura Cherkassky:

https://www.youtube.com/watch?v=HtVtqSJdxLc

Neste espaço apresentei ao longo do tempo uma centena de ilustres pianistas, que se consagraram em seus períodos devido as qualidades múltiplas, pessoais, intransferíveis. Entre os tantos intérpretes que desfilaram, Shura Cherkassky seria um daqueles que permaneceram também pela transcendência absoluta no quesito virtuosismo. Se György Cziffra foi um virtuose telúrico, que até o presente causa admiração e perplexidade (vide blogs: György Cziffra, 10-17-24,/04/2021), se Vladimir Horowitz (vide blog: Vladimir Horowitz, 22/02/2020) ficaria lembrado pelo virtuosismo, pujança sonora e graduações infindas das sonoridades, Cherkassky se insere nesse seleto grupo. Suas interpretações revelam o respeito pleno para com a partitura e, quando a serviço da técnica transcendente, o também virtuose absoluto.

Clique para ouvir, de Chopin, a Tarantela em Lá bemol Maior, op. 43, na interpretação de Shura Cherkassky:

https://www.youtube.com/watch?v=oAjsC9W_phM

Ao longo desses anos tenho ressaltado  a diferença entre notáveis pianistas de antanho e aqueles das gerações mais recentes. Vendo-se vídeos de Cherkassky, as maiores dificuldades pianísticas são transpostas sem quaisquer “recursos” corporais e teatralidade.  Tem-se a impressão nítida de que toda a mensagem está a ser transmitida, apenas ela, na sua integridade. O Eu do músico é passado ao público através do conteúdo que está a ser transmitido e interpretado após debruçamento pormenorizado sobre a composição, pois ela é essencial e duradoura.

Essas considerações fazem-me pensar no aperfeiçoamento tecnológico relacionado à apresentação pública gravada e filmada. Se verificarmos o vídeo abaixo, a câmara situa-se ao alto e por trás do pianista. A gravação é de um recital em 1993 no Carnegie Hall de Nova York. Cherkassky tinha 84 anos. A aclamação aos encores é total. A câmara capta bem as mãos de Cherkassky. Nenhum gesto para impactar o público, nenhum trejeito facial após cada execução. Tudo está lá e a mensagem, mormente no caso da hipertranscendente Islamey, de Balakirev, é assimilada integralmente, assim como nas outras criações interpretadas.

Clique para ouvir, de Balakirev, Islamey e outros peças mais de Anton Rubinstein, Rachmaninov e Morton Gould, apresentadas como encores em gravação ao vivo (1993), na interpretação magistral de Shura Cherkassky:

https://www.youtube.com/watch?v=_oGB8CC4mJE

Estou convencido de que a parafernália tecnológica utilizada para assimilar o gestual e a indumentária por vezes extravagante do intérprete tem sido impactante para as novas gerações, causando-lhes maravilhamento. Essa assertiva pode ter consequências futuras para novéis intérpretes, que, ao terem as “câmaras” como verdade basilar, transferem para elas parte da concentração.  Já abordei esse fato em muitos posts anteriores. O visual a preponderar. A própria apreensão do conteúdo de uma obra, por mais virtuoses que sejam os novos intérpretes, mormente os oriundos do Extremo Oriente ou do Leste Europeu, sofre a influência dessas novas engenhocas. Entrevistados, alguns desses intérpretes comentam suas carreiras, suas viagens e recepções, mas pouco têm a dizer sobre as obras que executarão e, quando o fazem, há o lugar comum, aprendido de maneira superficial através da oralidade ou de revistas ou livros.

Ouvir Shura Cherkassky é gratificante, pois impera a competência plena e a naturalidade da transmissão, fatores fulcrais para a real compreensão de uma obra.

The Ukrainian-born pianist Shura Cherkassky (1909-1995) was one of the greatest of the 20th century, though somewhat forgotten today. Listening to him is always a pleasure, because he respects tradition without losing spontaneity. An absolute virtuoso, making beautiful music pour from under his fingers.

 


Um dos grandes mestres do piano

A mera possessão das ferramentas (técnica pianística) não basta;
o que conta é o instinto, a intuição artística que determina quando e como sabê-las usar.
Josef Hofmann
(“Piano Playing: With Piano Questions Answered “)

À medida que o tempo escoa, intérpretes sublimes do passado vão sendo esquecidos. As gerações mais recentes basicamente os desconhecem, pois de maneira acentuada e irreversível a máquina hodierna, voltada a erigir talentos novos, entre os quais alguns a cada ano mais incensados, não tem interesse em propagar os que já se foram. Louve-se o Youtube, que gratuitamente possibilita acesso às gravações dos notáveis intérpretes nascidos nas fronteiras dos séculos XIX-XX. Fatores vários, como a não presença física, o desinteresse da mídia e dos patrocinadores, a tecnologia sonora mais precária de antanho e a concorrência dos executantes atuantes, sempre mais intensa, tornam o passado algo… remoto ou morto. Não ouvir essas figuras incrivelmente dotadas tem consequências irreversíveis para aqueles que acompanham os caminhos da interpretação. Perde-se a origem, e a cada geração só parece importar a que está a eclodir, ou alguns intérpretes remanescentes que ainda guardam a aura, esta a desaparecer lentamente após seus desenlaces.

Josef Hofmann, nascido na Cracóvia (Polônia), filho do compositor e regente Kasimierz Hofman e da cantora Matylda Pindelska, já aos 5 anos dava seu primeiro recital e, como menino prodígio, apresentou-se em vários países da Europa e nos Estados Unidos. A fim de proporcionar ao jovem pianista uma mais completa educação musical, a família se muda para Berlin. Estudaria composição e piano com dois excepcionais músicos: Moritz Moszkowski e Anton Rubinstein, deste sendo o único aluno particular.

A carreira de cerca de 50 anos o consagraria como um dos maiores pianistas do período. As palavras de Rachmaninov sobre Hofmann são incontestáveis, considerando-o um intérprete absolutamente excepcional. Ao ouvir a Sonata op. 35 de Chopin interpretada por Hofmann, impressionou-se pela performance, e o notável compositor e pianista russo retirou-a de seu repertório. Estou a me lembrar de que, após a única e excepcional aula particular que tive com o grande pianista francês Pierre Sancan, cuja técnica era descomunal, perguntei-lhe quais os pianistas que mais o haviam impressionado no quesito técnica. A resposta veio imediata: Hofmann e Horowitz.

Clique para ouvir, de Liszt, a Rapsódia nº 12 na interpretação de Josef Hofmann:

https://www.youtube.com/watch?v=9TI5zoV1TL0

Causa espanto uma das turnês de Hofmann pela Rússia. Em 1912 realizou 21 concertos consecutivos em São Petersburgo, sem nunca repetir uma peça. Ao todo apresentou 255 composições!!! Foi um dos pianistas com o mais vasto repertório. Faz-me lembrar das turnês do excepcional pianista português Vianna da Motta (1868-1948) no Brasil e Argentina e sua diversificação repertorial (vide blogs: “Vianna da Motta” e “Seria Vianna da Motta lembrado à altura de seu mérito?” 07/07 e 14/07/2018, respectivamente).

Hofmann era de baixa estatura e tinha mãos pequenas. A renomada empresa Steinway&Sons fez-lhe vários pianos com as teclas ligeiramente mais estreitas.

Durante a Primeira Grande Guerra praticamente se fixou nos Estados Unidos, sendo que em 1926 tornar-se-ia cidadão americano. Como docente, foi o primeiro chefe do departamento de piano do Instituto Curtis de Música de Filadélfia, tornando-se diretor do estabelecimento de 1927 a 1938. Entre seus alunos: Abbey Simon, Shura Cherkassky, Rutth Slenczynska, sendo que Jorge Bolet recebeu igualmente aconselhamentos de Hofmann. Em 1938 foi orientado a se desligar do Instituto Curtis, mercê do alcoolismo, entre outros problemas administrativos. O álcool foi um dos motivos para o declínio. O pianista Oscar Levant escreveu: “uma das terríveis tragédias da música foi a desintegração de Josef Hofmann como artista. Seu último  concerto público … foi uma provação para todos nós”.

Clique para ouvir, de Chopin, Noturno op. 27 nº 2, na interpretação de Josef Hofmann (1942):

https://www.youtube.com/watch?v=KZOjIVS216U

Josef Hofmann foi reconhecido pelos mais respeitados colegas pianistas como um dos grandes. Suas interpretações são personalíssimas. Nada extrapola o que está escrito na partitura. Logicamente, assim como não há duas interpretações iguais, Hofmann é pessoal, criativo, mas sem jamais perder o norte. Afirmaria: “A verdadeira interpretação de uma composição é o resultado de uma compreensão correta e esta, por sua vez, depende tão somente de uma leitura realizada com escrúpulos e exatidão… A deliberada e descarada exibição que o executante faz de seu querido ego através de acréscimos voluntários de matizes, gradações, efeitos e outros recursos equivale a uma falsificação; no melhor dos casos é tocar para o público das galerias, charlatanismo. O intérprete sempre deveria estar convencido de que está a tocar o que está escrito”. Estabelece parâmetros para essa obediência à fidelidade ao texto: “Diz-se por vezes que o estudo demasiado objetivo de uma peça pode prejudicar a ‘individualidade’ de sua interpretação. Não tenham esse temor! Se dez executantes estudarem a mesma peça com o mesmo grau de exatidão e objetividade, estejam seguros de que cada um tocará de maneira diferente dos outros nove, apesar de que todos entenderão suas interpretações individuais como as corretas”.

Como compositor, Hofmann compôs inúmeras peças para piano e um Concerto para piano e orquestra. Em algumas delas usou o pseudônimo M.Dvorsky.

Clique para ouvir peças diversas de Joseph Hofmann: Mazurka op 16, Caleidoscópio op. 40; M.Dvorsky, Pinguim e O Santuário; Hofmann, Estudo op.32, na interpretação do autor:

https://www.youtube.com/watch?v=RxiE5alKn4s

Professor, Hofmann deixaria como legado escrito muitas observações sobre as várias problemáticas do estudo pianístico através de respostas a questionamentos. Seu livro Piano Playing: With Piano Questions Answered teve várias edições. Num campo diametralmente oposto, foi inventor e teve várias criações patenteadas.

Josef Hofmann was one of the most respected pianists of the past, with performances emphatically praised by musicians and critics alike. Without compromising the content of a score, his interpretations are very personal and built on one of the most accurate techniques in history. His repertoire was immense thanks to his prodigious memory.

 

 


 

 

O jurista Ives Gandra da Silva Martins e a revelação para poucos

Só podes ser tu se fores de tudo ou de nada.
Agostinho da Silva
(“Espólio”)

Exclusivamente, portanto,
Para familiares, amigos e alunos,
foram escritas estas reminiscências.
Ives Gandra Martins

Poderia avocar suspeição ao redigir um post laudatório às lembranças que têm marcado a vida de um jurista, mormente sendo meu irmão. É que Ives, como jurista ímpar neste país atormentado, pautou sua existência na probidade absoluta, na batalha sem tréguas contra as mazelas que assolam há décadas nosso país. Recentemente comoveu-me ouvir de alguns dos mais importantes jornalistas brasileiros, como Augusto Nunes, Alexandre Garcia, José Maria Trindade, Guilherme Fiuza e tantos outros, menções ao meu irmão, inclusive um deles a proclamar que Ives é a figura basilar entre os juristas e que, na plena obediência ao que reza a nossa Constituição, tem a autoridade moral e jurídica para tecer críticas ao descumprimento, por parte do STF, de preceitos da Carta Magna. Ives, aos 87 anos, entende que excessos têm sido cometidos pelo Supremo Tribunal em quantidade inusitada e em uma só direção, procedimento jamais visto na história do judiciário brasileiro.

Após a morte de sua amada Ruth, vítima da Covid, com quem esteve casado durante 62 anos, Ives resolveu registrar instigantes lembranças que percorrem quase um século. Não quis ele a grande tiragem, a preferir uma edição limitada para familiares e amigos, entregando os manuscritos ao seu fidelíssimo e competente editor Cláudio Giordano.

Para um irmão que conviveu durante quase duas décadas na mesma morada de nossos pais, as qualidades humanísticas de Ives já se mostravam insofismáveis. No quarto lustro, o orador infalível já se revelava, pois após a leitura de segmento da excelsa literatura portuguesa, Sá de Miranda (1481-1558), Camões (c. 1524-1580), Padre Vieira (1608-1697), Padre Manuel Bernardes (1644-1710)…, o jovem Ives interpretava textos lidos para os nossos Pais após o jantar. Saliento que nosso Pai privilegiava a leitura dos clássicos portugueses. Nosso irmão João Carlos e eu, a seguir, tocávamos obras que faziam parte de nossos estudos pianísticos. Quanto ao José Paulo, estudou violino por pouco tempo, mas era exímio na gaita de boca, tendo ganho concurso em rádio paulistana. Dedicou-se com brilho à atividade comercial, seguindo basicamente a atividade de nosso Pai, ampliando-a. Minha convicção plena é de que a gestação do grande jurista que se tornaria Ives deu-se naqueles anos, nessas “tertúlias” em família. Impressionava-me, àquela altura, seu espírito de síntese, pois Ives conseguia traduzir em apotegmas conceituações extensas dos grandes autores.

Suas reminiscências daqueles anos inesquecíveis fazem-me pensar na leitura individual que cada um dos quatro irmãos teceu naquelas primeiras e decisivas décadas. Tardiamente elas se revelam basicamente similares, apesar de interpretações individuais diferenciadas devido às estruturas mentais distintas do quarteto. Essa assertiva só dimensiona nossos Pais, que se empenharam com sacrifícios na edificação cultural de seus filhos. Estou a me lembrar das palavras do ilustre Professor Catedrático de Direito de Família da Universidade do Minho, António Cândido, ditas em Braga, após um recital de piano que apresentei no salão nobre da Reitoria. Conhecedor da numerosa imigração de portugueses do Minho para o Brasil nas décadas fronteiriças dos século XIX e XX, entendia que meu Pai se agigantava como única figura (no singular) daquela precípua diáspora com um projeto cultural para seus futuros descendentes.

Antolha-se-me que o longo e substancioso capítulo “Reminiscências”, que aborda inicialmente os anos da infância, adolescência e juventude, faz entender todo o caminhar de Ives. Ao se casar com Ruth, em 1958, uma indissolúvel união em todos os planos se estabeleceu. Foram colegas no curso de Direito da USP. Tiveram seis filhos, dos quais três seguem com brilhantismo os caminhos fundamentados no Direito. O casal cresceu na fé católica e, com o passar dos anos, Ives deu provas dessa integral e irreversível religiosidade. Pertencer ao Opus Dei foi consequência. Insofismável a sua extraordinária carreira como jurista, professor e autor de uma centena de livros, a grande maioria versando sobre Direito Tributário, Constitucional e Administrativo, bibliografia que dimensiona ainda mais o significado de seus anos primevos. A verve poética o acompanha desde os primórdios, e os mais de mil poemas à sua saudosa Ruth o colocariam como recordista de poemas dedicados a uma só mulher em toda a história da poesia, creio eu. Apesar de ter partido há mais de um ano, Ruth continua a povoar escritos e poemas que lhe são dedicados. “Quando assim ajo, sinto-a próxima”, afirmou-me.

Em “Reminiscências de um cidadão comum” todas as recordações são autênticas e verídicas, a não ser, a meu ver, o título, pois Ives jamais foi uma pessoa comum. Todos conhecemos as qualidades que o tornaram uma das vozes mais respeitadas do Brasil.

Ives perpassa a existência no alto de sua sabedoria. Nas “Reminiscências de um Cidadão Comum” o trajeto é descrito sem traumas, sempre na ascensão. Como chegar aos 87 anos cultuado pelos letrados, políticos – mesmo aqueles que não comungam com suas convicções – e também pelo “cidadão comum”, sem jamais ter tido um ato que o desabonasse. Após a morte de nosso saudoso Pai no ano 2000, Ives é a nossa referência.

As reminiscências não excluem a menção às dezenas de homenagens que recebeu de instituições públicas e privadas ao longo da carreira, assim como a sua participação como docente no Brasil e alhures.

Ives insere quatro decálogos de sua lavra nas “Reminiscências…”: Decálogo do Advogado, Decálogo do Não, Decálogo da Convivência, Decálogo do Trabalho Ordinário. Do primeiro, extraio um parágrafo: “O Direito é a mais universal das aspirações humanas, pois sem ele não há organização social. O advogado é seu primeiro intérprete. Se não considerares a tua como a mais nobre profissão sobre a terra, abandona-a porque não és advogado”. Frases que deveriam ser o norte para a maioria dos advogados.

O meu clã visitou-o dias atrás. Uma alegria. Apesar das limitações físicas, Ives continua a ser um dos faróis a iluminar o agitadíssimo oceano que nos cerca.

Dedico-lhe, pois, uma gravação que é um devaneio na Via Láctea. Se a sua Ruth paira nas esferas, abrigada pelo Poder Maior, o sensível passeio pela Via Láctea diz tanta coisa… O ilustre compositor francês François Servenière compôs uma lírica peça a partir de “O Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry. As “Reminiscências” retornam…

Clique para ouvir, de François Servenière, “Promenade sur La Voie Lactée”, na interpretação de J.E.M.:

https://www.youtube.com/watch?v=JQDkWn1HcpQ

In his book “Reminiscences of an ordinary citizen”, the illustrious jurist Ives Gandra Martins reveals key events lived since childhood that have been fundamental in his development. At 87, respected by intellectuals, politicians and ordinary people, he has been a beacon for our family since the death of my father in 2000.