Dezembro e a Preparação

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85ª Corrida de São Silvestre 2009. Após a chegada: Américo Umeda, Elson Otake, JEM, Sérgio Yuji Yokoyama. Clique para ampliar.

A conjunção corpo-espírito-emoção
é impossível sem passarmos pela ponte
da mente – a grande porta
para o território das sensações.

Nuno Cobra

Entre aqueles corredores amadores que amam a prática esportiva, mormente no Estado de São Paulo, Dezembro é mês especial. A preparação se torna mais acurada, a visar à lendária São Silvestre. Treinamentos mais intensos e uma adrenalina que pouco a pouco invade participantes. Reitero sempre que uma das maiores felicidades de minha vida foi começar a correr e, sobretudo, só conhecer gente saudável, comunicativa, partícipe e solidária. Diria que, mesmo tendo hoje uma relação ainda mais intensa com a música e com a escrita após a aposentadoria, o esporte representado pelas corridas tornou-se realmente o maravilhamento, sem contar outra categoria, essa saudável, das batidas cardíacas metronômicas a partir dessa atividade.
Dezembro e o aperfeiçoamento físico. Lá está a São Silvestre a pontificar no último dia do mês, como um cume a ser atingido. Mesmo aqueles habituados às provas mais longas, como a meia maratona e a maratona gostam da São Silvestre em seu percurso de 15 km. Não se trata de um desafio para esses super atletas, mas o pleno congraçamento. Para os frequentadores dos percursos menores de 5, 6, 8, 10 e 12 km – existentes no calendário das várias e ótimas organizadoras de eventos -, a São Silvestre é um desafio. Na minha faixa etária, aos 71 anos, um objetivo a mais e um super prazer nessa segunda participação.

Trajeto integral da São Silvestre. Treino, 06/12/09. JEM e Elson Otake. Clique para ampliar

No início de Dezembro, meu vizinho e maratonista de fato, Elson Otake, convidou-me para participar de um simulado da São Silvestre, pois 20 companheiros seus iriam fazê-lo. A minha ligação com os nisseis é intensa depois do ingresso na equipe de revezamento TA LENTOS. Generosamente, Elson correu ao meu lado os 15 km do percurso total e exato da São Sivestre, nesse simulado em um domingo pela manhã. Sem o querer acabei indo mais rápido e realizei o trajeto em 01:55:00, quinze minutos a menos do que na São Silvestre de 2008. Como o estímulo é importante !

Recital em Bragança Paulista. 13/12/09. Clique para ampliar.

Aos 20 de Dezembro, lá fui eu correr os 8km da corrida de São Silvério, em Bragança Paulista. Duas voltas pelo belíssimo lago e uma íngreme subida às colinas que levam ao bairro de Santa Helena. Uma só alegria. Meu bom amigo José Aparecido Cenciane, dez anos mais novo, também amistosamente abdicou de seu tempo e correu ao meu lado. Era eu o menos jovem de todos os participantes, mas chegamos a correr em 52’41”, quatro a menos do que levaria se estivesse só. Creio que em qualquer atividade essa mão amiga e solidária nos impulsiona para um melhor desempenho. Naturalmente.

Corrida de São Silvério. Bragança Paulista. 20/12/09. À minha direita o Prefeito da cidade João Afonso Sólis (Jango). De camisa verde, o vice-prefeito Luiz Gonzaga Pires Mathias. Foto: Divisão de Imprensa da Prefeitura do Município de Bragança Paulista. Clique para ampliar.

Quando do congraçamento, ouvi a voz do atuante Prefeito de Bragança Paulista, João Afonso Sólis (Jango), que me chamava para o pódio. Lá estava a receber uma premiação, oferecida pela autoridade, que me deixou bem emocionado, principalmente por suas belas palavras. Uma semana antes o alcaide da cidade assistira ao meu recital de piano na Casa de Cultura de Bragança Paulista. Presente à premiação outra simpatia, o vice-prefeito Luiz Gonzaga Pires Mathias. É possível que João Afonso Sólis tenha se baseado mais na velocidade dos meus dedos sobre o teclado do que nas pernas septuagenárias, que encontraram uma felicidade ímpar com as corridas de rua.
E chega a São Silvestre. Elson Otake obteve permissão para estacionar no Sesi, no belo prédio da FIESP da Av. Paulista. Muitos convidados tinham regalias. Tivemos até direito às massagens realizadas por profissionais competentes. Quando disse minha idade, a massagista caprichou e cheguei a cochilar. Se em 2008 corri com camiseta temática, Câncer x Vida, neste ano fui com a do glorioso Sporting de Braga, cidade que viu meu pai nascer. Meu atencioso amigo Teotónio dos Santos já me presenteara com a camiseta principal, vermelha e branca, sendo esta ora utilizada a segunda da agremiação. Para tanto, testei-a no treino do início de Dezembro.
Novamente uma multidão a participar do evento. 21.000 corredores vindos de todos os rincões do país, sem contar a elite estrangeira, mormente africana. Uma grande festa. Mais prudente, desta vez preferi sair lá dos fundões, perto do metrô Brigadeiro. Só para chegar ao tapete de aferição de tempo em frente ao MASP, uma eternidade parado e a andar, mas na maior das alegrias e também certa ansiedade motivada pela adrenalina.
Como planejei melhor a corrida, levei comigo gel com ingredientes restauradores que ingeri, em duas oportunidades. No final do minhocão, após beber uma garrafa de 500ml de água durante esses primeiros 6 km, lá estava minha filha Maria Beatriz com encantador sorriso a entregar-me uma garrafa de Repositor Hidroeletrolítico. Com maior experiência do percurso, preparo mais científico mercê de conselhos pontuais dos vizinhos maratonistas, Elson e Nicola, baixei naturalmente meu tempo de corrida e, poucos metros antes de cruzar a linha, as netas a gritar vovô fizeram aumentar a emoção. Após o recebimento das medalhas de participação, o encontro com participantes de nossa equipe TA LENTOS selou um congraçamento realmente fraterno. Esses nisseis…
No próximo post pormenozarei o que o olhar percorreu em 2009 amalgamado às passadas cadenciadas. E teremos os tempos oficiais que serão divulgados pela organização da São Silvestre.

In December amateur runners in São Paulo prepare for the St. Silvester Road Race, held yearly in the streets of the city on December 31. As part of my practice, on a Sunday morning by the beginning of the month I was with a group of 20 runners who ran a “private” St. Silvester following the exact course of the race. Last 20 December I went to the neighboring city of Bragança Paulista for an 8-kilometer run that I finished in 52’41”. My time did not prevent me from standing on the podium at the end of the race to receive a plaque generously offered to me by the city mayor. And the grand finale: the 15 kilometers of the St. Silvester on New Year’s Eve through São Paulo’s skyscraper-lined avenues and twisting streets.