Navegando Posts publicados em outubro, 2016

O humor de Heitor Rosa em contos hilariantes

Escrevendo ou lendo
nos unimos para além do tempo e do espaço,
e os limitados braços se põem a abraçar o mundo;
a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia.
Agostinho da Silva

Durante curso e recital que dei na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás tive a satisfação de manter mais uma vez contato com Heitor Rosa. Ele e sua esposa, a competente professora da EMAE-UFG, Consuelo Quireze, ofereceram, após meu recital, uma bela recepção em seu apartamento. Oportunidade para buscar entender o fascínio do médico escritor pela medicina medieval, diagnóstico, instrumental, tratamento e ervas medicinais utilizadas nas “poções mágicas” de antanho, que o inspiraram a escrever dois romances, a partir de seus conhecimentos como embasamento seguro. Ofereceu-me “Histórias da Creusa”.

Antolha-se-me que o humor, principalmente no Brasil, quando praticado por contistas mediáticos, tende muitas vezes a resvalar para a vulgaridade ou para aquilo que causa sensação através de palavreado por vezes chulo, enredos de banalidade extrema e divulgação imensa nos veículos principais. A televisão aberta não apresenta, em todos os programas humorísticos, o bestiário mais rasteiro para a satisfação dos que promovem e do público com viseiras? Sim, temos contistas como Machado de Assis, Lima Barreto, Moacyr Scliar, Fernando Sabino, Ruben Braga, Frederico Branco (vide blog “Frederico Branco – A revisitação das imagens perdidas”, 09/03/2007) entre muitos de imenso valor, que souberam valorizar o gênero e adentrar por vezes no difícil campo do fino humor. Heitor Rosa é um deles e sua cultura invulgar, seu arguto senso de observação e sua vocação literária propiciam o amálgama da história real e da narrativa idealizada.

Este é o terceiro livro de Heitor Rosa que tive o prazer de ler. Diferentemente de “Memórias de um Cirurgião-Barbeiro” (vide blog, 10/09/2016), no qual bases históricas sólidas ajudaram a construção da narrativa do romance, ou mesmo do “Enigma da 5ª Sinfonia” (vide blog, 30/07/2016), em que personagens históricos vivem  situações jocosas, “Histórias da Creusa”, que os precede  (Goiânia, Kelps – UGG, 2009), é totalmente voltado ao humor fino, hilariante, inteligente. Creusa, a serviçal intempestiva, atabalhoada e fisicamente avantajada dá título ao livro e permanece a causar situações embaraçosas nos primeiros capítulos do livro. Um dos contos estará inserido no “Enigma da 5ª Sinfonia”.

O livro, dividido em quatro secções distintas, “Histórias da Creusa”, “Os ossos do Coronel Azambuja”, “Histórias não contadas da Guerra do Iraque” e “Outras Histórias”, apresenta o contista em pleno domínio da narrativa diversificada. Não poucas vezes adentra em temática relacionada à sua atividade de médico, como “Medicina alternativa”; “Consulta eletrônica”, verdadeira paródia da tecnologia em constante evolução; “Medicina do Mercosul”, crítica às muitas soluções fruto da incompetência; “Perfumai vossos puns!”. Neste conto, sem qualquer artifício banal ou “rasteiro”, comum nessa categoria literária, o autor, também jocosamente, parte de algo relacionado à esfera médica e, no jogo das palavras e nos diálogos entre um médico e um pesquisador em Congresso europeu, cria um conto hilariante.

Se Creusa está presente em seis contos, creio que na secção central, “Os ossos do Coronel Azambuja”, em seus quinze capítulos, Heitor Rosa constrói um dos melhores conjuntos de sábio humor da literatura brasileira. Centrado no personagem principal, José de Arimatéia, nascido em local idealizado pelo autor, “Serra Verde de Goiás, cidade próxima ao Triângulo Mineiro”, Rosa leva o leitor a acompanhar o desenvolvimento desse filho de um coletor através de passagem por seminário e estudos em Roma. “De volta ao Brasil, já não lhe interessava a incipiente carreira religiosa, e assim abandonou-a de imediato para dedicar-se ao ensino de História e à tarefa de transformar o país”, escreve Heitor Rosa. Após lecionar História em colégio respeitado de Belo Horizonte, retorna à terra natal como ilustre personagem. As peripécias incontáveis de Arimatéia, no desiderato de fazer com que, de Serra Verde, transformações locais sejam aplicadas no país, são de extraordinário humor e impossível não gargalhar durante a leitura. Os desdobramentos de duas dessas transformações são extraordinários: a persuasão de Arimatéia no sentido de que juiz, promotor e advogado de defesa da cidade, além das vestes negras, passassem a adotar o uso da peruca, tradição inglesa, em todas as sessões de julgamento, o que, à maneira de uma bola de neve, poderia ser utilizado Brasil afora, tem final absolutamente surpreendente. Numa segunda mirabolante ideia de Arimatéia, a construção de um panteão, no qual os mortos ilustres da cidade permanecessem ad eternum, tem enredo muito bem tramado e desfecho inesperado.

Após os quatro capítulos de “Histórias não contadas da Guerra do Iraque”, Heitor Rosa insere, em “Outras Histórias”, treze contos independentes, curtos, precisos e tematicamente bem diversificados.

Nos dois livros anteriormente resenhados salientava que urge a divulgação maior dos romances e contos do notável escritor goiano. Dia a dia vemos surgir tantos títulos que fadados estão ao desaparecimento, tão logo a ação mediática deixe de agir. Assistimos, de maneira galopante, a atores televisivos escrevendo sobre tudo de maneira superficial; radialistas e jornalistas lançando livros sobre o hodierno político que se estiola tão logo o efêmero seja suplantado por novos casos, que igualmente terão vida curta; esportistas em incursões literárias “históricas” evidenciando qualidade “suspeita”. Quantos não são os livros “depoimentos” escritos pelo outro? Passado o por vezes tsunami, o ostracismo se faz. Todavia, hélas, sempre outras torrentes estão surgindo.

Recomendo a obra literária de Heitor Rosa. Nas várias modalidades, estamos diante de um mestre da literatura, sem dúvida.

In today’s post I comment on the book Histórias da Creusa, written by the Brazilian doctor and University teacher Heitor Rosa. It is a book of hilarious short stories written with fine humor by a man of broad knowledge, keen power of observation and undeniable gift for writing, capable of sustaining readers’ interest from beginning to end. Heitor Rosa is a master writer whose books deserve better promotion and marketing.

 

O sarau diversificado na Sociedade Brasileira de Eubiose

En la civilización de nuestros dias
es normal y obligatorio que la cocina y la moda
ocupen buena parte de las secciones dedicadas a la cultura
y que los “chefs” y los “modistos” y “modistas”
tengan ahora el protagonismo
que antes tenían los científicos, los compositores y los filósofos.
Mario Vargas Llosa

Desde a segunda metade do XIX século a reunião de vários intérpretes num sarau em sala menor era amplamente ventilada. Amy Fay (1844-1928), em precioso livro, ratifica essa prática tão a gosto do romantismo (vide blog “Amy Fay – Missivas cativantes de musicista norte americana”, 29/12/2012). Professores e alunos mais adiantados se apresentavam e o congraçamento se dava. Na segunda metade do século passado era comum a denominada audição, palavra que se adequava ao recital. Ainda hoje é tradição no país. Numa outra direção, a apresentação de vários intérpretes consolidados é realizada, mormente em datas comemorativas.

O recital do dia 15 de Outubro, no aconchegante auditório da Sociedade Brasileira de Eubiose, atingiu plenamente seu fulcral objetivo, a inauguração do novo piano Yamaha, model C7, o conhecido 3/4 de cauda, dimensão adequada para a sala com pouco mais de 200 lugares

Seis pianistas se apresentaram e a recepção foi calorosa durante todo o longo recital. Na ordem: Maria José Carrasqueira, Fábio Luz, Gilberto Tinetti, JEM, Renato Figueiredo e Eudóxia de Barros. Várias propostas foram apresentadas. Foi possível aos ouvintes, que lotaram a sala da SBE, acompanharem repertório que se estendeu do austríaco F.J. Haydn ao contemporâneo Antônio Ribeiro. Entre os seis houve ligeira preferência pelo repertório brasileiro. As saudações do público não apenas visavam aos intérpretes, como também à organização, representada àquela altura pela figura de Carlos Augusto de Souza Lima e dirigentes da SBE.

Os pianistas escolhidos pela Sociedade eram conhecidos do público frequentador, pois regularmente se apresentam em seu auditório. Quando afirmo que houve o congraçamento, é fato real. Colegas que poucas vezes se encontravam pelas mais variadas razões tiveram a oportunidade do franco diálogo e do convívio pleno e sincero.

Acredito que a iniciativa do sarau revelou-se exitosa, mercê dessa fórmula pouco habitual. Escrevia no post anterior que a apresentação individual de músico erudito não ventilado na mídia está a sofrer praticamente um esvaziamento por parte dos adeptos dessa modalidade artística. Sem a divulgação necessária, reduzem-se as expectativas. Estou a me lembrar de que há anos fui levar a um veículo de divulgação da cidade material relativo a uma apresentação. Daria um recital em sala ampla, mas não pertencente àquelas habitualmente frequentadas. A resposta foi direta, objetiva e sem nenhuma intenção malévola, pois, segundo o interlocutor, a ausência de uma maior divulgação em seu veículo informativo devia-se ao fato de a sala “não pertencer ao circuito dos locais de concerto” (sic). Certamente divulgariam, se houvesse o contributo financeiro e, quão mais intenso fosse esse, maior espaço haveria. Transmitida a resposta aos organizadores, trataram eles de fazer propaganda via redes sociais e a sala teve lotação plena. O recital conjunto do dia 15 último também recebeu público numeroso graças às redes sociais e àquilo vulgarmente conhecido como “boca a boca”.

Essas considerações fazem-se necessárias, pois doravante, mais do que a busca de uma pequena “nota”, uma quase “esmola” em veículo de comunicação, terá o instrumentista não mediático, não acompanhado por patrocinadores e fortes holofotes, de buscar essa nova modalidade de ventilação de eventos. Num sentido mais abrangente, estaríamos voltando às origens cristãs, quando a “nova” era divulgada através da oralidade dos voluntários e fiéis. Se entendida como uma fórmula de resistência ao poderio da mídia, ela pode mostrar-se eficaz e mereceria um estudo mais aprofundado. Sob égide mais ampla, deveriam músicos na acepção iniciar a crítica online, tão difundida no hemisfério norte. Sem intitular-se crítico, esse músico externaria via internet (blog, redes sociais) sua opinião, mormente em se tratando de jovens instrumentistas que gostariam imenso, como certamente nós seis, que estivemos tocando naquela noite de 15 de Outubro, apreciávamos outrora, de ter essa importante recepção crítica, apreciada por articulistas online descompromissados e, friso, músicos. Tenho utilizado este espaço para resenhas de livros, algumas gravações e apreciação de recitais.

Não seria o alcance das redes sociais um dos fatores amplamente divulgado da diminuição da venda de jornais e revistas? O enxugamento de hebdomadários e revistas mensais não teria como causas os patrocínios, que ficaram reduzidos graças à crise por que passa o país, mas também pelo dirigismo ad nauseam dos mesmos personagens? Através das redes sociais e dessa divulgação através da fala não voltaríamos a ter audiências maiores para a apresentação individual? Se, de um lado, mais e mais a cultura erudita está a ser descartada pelos meios de comunicação, se premiam Bob Dylan com a láurea máxima da literatura em detrimento de tantos autores de mérito, entre os quais Haruki Murakami, do Japão, país que aguardava a premiação como certa, não estaria a própria Academia sueca seduzida pelo canto das sereias? Em nosso país alguns autodenominados intelectuais estão sugerindo letristas pátrios bem conhecidos do público para o Nobel de literatura (sic)!!! Portas foram abertas aos personagens “surrealistas” de Hieronymus Bosch (1450-1516). Tempos atuais que, sob o aspecto de pilhéria tropical, poderíamos até entender como “apocalípticos”.

Retornemos ao recital do dia 15. Poucas vezes senti uma tão plena  irmanação. Uma das alegrias foi verificar, sentados no palco, estudantes de música, pois a sala, como afirmei, estava lotada. Na minha apresentação teci pequeno comentário sobre o compositor português, nascido nos Açores, Francisco de Lacerda (1869-1934). Soubesse eu que na plateia estava Maria Josefina, pianista e viúva do grande compositor Francisco Mignone (1897-1986), teria feito menção ao seu hercúleo trabalho no sentido da preservação da obra de seu marido. Dele toquei os “Seis Estudos Transcendentais”. A pianista Eudóxia de Barros, viúva do também ilustre compositor Osvaldo Lacerda (1927-2011) e que se apresentou com brilhantismo, não tem com dedicação ímpar trilhado caminho paralelo na divulgação das obras lacerdianas? O certo é que todos os que lá estiveram, pianistas e público, viveram momentos de intensa confraternização. Se o piano Yamaha (C7) foi o motivo central, mostrou-se a ideia benfazeja. Oxalá apresentações nessa configuração recebam a acolhida não apenas da SBE como de outras salas de resistência, e que redes sociais e a oralidade, mostrem-se ainda bem mais ativas. Poderemos enfim, quiçá, ver ressurgir a apresentação do músico instrumentista diante de uma mais ampla audiência.

The presentation recital of the new Yamaha piano at Sociedade Brasileira de Eubiose in São Paulo was a huge success. Before a packed audience, the six pianists invited for the occasion played a varied repertoire that was enthusiastically received by the public. An additional pleasure was meeting fellow pianists I do not see very often. Without media coverage, the success of the event was due to online word of mouth (blogs, social networks) and to the efforts of SBE director, Carlos Augusto de Souza Lima, and board members. Let’s hope other music associations follow in their footsteps, adapting to the internet era and opening their doors to musicians struggling to find small and mid-size venues for hosting classical music of a very high standard.

 

 

 

 

 

Preservando o recital de piano em São Paulo

Do trilho só entende quem o trilha.
Adágio Popular Açoriano

Tempos outros. Mudam-se perspectivas. A invasão da cultura de massa é um fato irreversível. Agrava-se a queda, que está a se tornar abissal, relativa à minimização feita pela mídia, da cultura musical erudita. Quando há espaço nos meios de comunicação, este está reservado às figuras super conhecidas do Exterior ou a uns poucos músicos pátrios com carreiras solidificadas nos países do hemisfério norte. Não se trata de observação leviana. A realidade é certa e, ao que parece, pouco se pode fazer.

Reiteradas vezes ao longo de meu blog, desde Março de 2007, aponto para uma redução progressiva de público que está a se passar no que concerne às apresentações individuais de instrumentistas no país, nossa cidade inclusa. Matematicamente, conjuntos de câmara e, de maneira majoritária, corais e orquestras tendem a levar público consideravelmente maior. É natural e somente amigos e parentes dos músicos em ação já representam contingente apreciável. O mesmo não se dá com um recitalista, sobretudo sendo ele músico pátrio.

Estou a me lembrar de que, na década de 1950, recitais individuais levavam público considerável, e mesmo o jovem que eu fui teve audiências plenas em vários recitais. Quando apresentei a integral para piano de Claude Debussy  em quatro recitais no ano de 1982 no MASP, pessoas sentaram–se nos corredores, tão grande era o afluxo. Situação idêntica se dava nas apresentações de alguns de meus colegas. Tantas vezes mencionei neste espaço que só em São Paulo existiam cerca de 13 críticos, quase todos músicos com formação competente e que compareciam aos recitais dos intérpretes consagrados e dos jovens promissores. Os muitos jornais existentes publicavam e eram sorvidos pelo iniciante na carreira. Raramente erravam na conceituação. Quanto aos articulistas,  concentravam suas críticas nas obras e vaticinavam futuro alvissareiro ou não para o músico que surgia. Conheciam o métier de crítico musical. Louvem-se a mídia descompromissada com o lucro na época e críticos com pleno conhecimento musical, diga-se, que davam total guarida às apresentações. O tempo passou, pouco a pouco aqueles críticos músicos ou responsáveis pela secção de cultura de nossos jornais e hebdomadários mais ventilados foram sendo substituídos por figuras menos credenciadas e os espaços se estiolaram. Sob outra égide, conjunto de fatores corroboraram o desmonte de um julgamento crítico competente. Presentemente articulistas não ousam escrever após a apresentação de jovem intérprete pela simples razão desse conhecimento precário que têm do conteúdo musical. Verdadeira lástima! É tão mais fácil elogiar o consagrado!!!

Voltemos às apresentações individuais de música. Progressivamente a promoção foi-se esvaindo na mídia. O interesse diminuiu. Lembro-me também de que a grande pianista Iara Bernette, ao regressar definitivamente da Alemanha, após brilhante carreira como pianista e pedagoga, disse-me que os recitais de piano estavam em declínio na Europa, exceção para pianistas mediáticos, tantos deles competentes. Essa comprovação tive-a também em países em que atuo e em conversas com músicos europeus. A pianista Eudóxia de Barros, em seus depoimentos à Rosângela Paciello Pupo para o  livro “Valeu a Pena? – Conversando com Eudóxia de Barros” (Brasília, Musimed, 2016), discorrendo sobre sua vida e trajetória, comenta esse menor afluxo aos recitais, fenômeno que aponta como progressivo. Justamente ela, que se apresenta em todo esse nosso imenso país com brilhantismo. Brevemente farei resenha neste espaço do livro em apreço.

Para o denominado recital de piano com músicos pátrios aqui residentes, houve diminuição de auditórios para tal fim. Se há várias pequenas salas na cidade que ainda abrigam série de recitais de pianistas, são elas heroicas e subsistem com dificuldades. Frise-se também que o público, majoritariamente de terceira idade, que outrora frequentou as grandes temporadas em São Paulo, prestigia os músicos em suas várias fases etárias, saudando aqueles com carreiras consolidadas e estimulando jovens promissores. Estudantes de música compromissados têm acorrido aos recitais. Mas, há de se convir que, para as apresentações individuais, a audiência é quase sempre reduzida por falta dessa divulgação em jornais e revistas e pelo desinteresse dos patrocinadores.

Essas considerações tem tudo a haver com a luta corajosa da Sociedade Brasileira de Eubiose, que apesar de imensas dificuldades tem mantido temporadas desde 2011. Saliente-se, a SBE prestigia pianistas de várias faixas etárias. Os recitais aos sábados recebem um público fiel. Louve-se sempre a figura de Carlos Augusto de Souza Lima, batalhador incansável, que não apenas desperta respeito da parte dos que o conhecem como organiza criteriosamente sua temporada pianística.

Há muitas décadas que desistira de me apresentar em São Paulo. Rarissimamente o fazia em meu país, mercê de jamais ter tido empresário e nunca ter me aproximado das sociedades de concerto por motivos rigorosamente de ordem pessoal. Todavia, certo dia o dileto amigo Denis Molitsas perguntou-me se daria um recital na Sociedade Brasileira de Eubiose, pois Carlos Augusto pedira-lhe para transmitir o convite. A sinceridade com que foi formulada a proposta recebeu de pronto minha aquiescência. Desde 2015 já foram quatro recitais com programas contemplando compositores contemporâneos, o grande músico português Lopes-Graça e dois recitais interpretando a integral para teclado executada ao piano de Jean-Philippe Rameau, respectivamente. Sinto-me em casa e assinalo que gostava imenso de tocar no velho Blüthner, sempre bem conservado pela SBE.

Há duas semanas Carlos Augusto me telefona e novo convite surge relacionado ao novo piano recém adquirido, um Yamaha 3/4 de cauda (modelo C 7). Disse-me que seríamos seis pianistas nessa oportunidade, todos colegas que sempre respeitei. Portanto, prezados leitores, novamente estarei na Sociedade Brasileira de Eubiose, sempre com imensa alegria. Após a apresentação festiva deste sábado deverei em 2018 novamente estar presente na programação da Sociedade Brasileira de Eubiose.

O blog da semana é publicado justo no dia da apresentação, pois o da semana anterior já estava programado. Desejo longa vida às temporadas da SBE.

On Sunday, October 16, the presentation recital of a new Yamaha piano (model C7) will be held at Sociedade Brasileira de Eubiose in São Paulo. Six pianists have been invited: Eudóxia de Barros, Fabio Luz, Gilberto Tinetti, Maria José Carrasqueira, Renato Figueiredo and myself. For years I’ve been feeling the audience of classical music is shrinking. This is true in particular with solo recitals. I’ve been noticing it in my own recitals and in conversations with fellow musicians abroad. As a rule, music associations and sponsors invest on names known to the greater public – a guarantee of box-office success. That is why I have to praise Sociedade Brasileira de Eubiose, a small music association that strives to keep classical music alive by sponsoring a series of concerts with young and senior soloists throughout the year, providing quality music at affordable ticket prices.