“Preços Alimentam Revolta no Brasil, País da Pizza de 30 Dólares”

Eu acho que, para toda gente,
o que é necessário haver num pais são os três S:
S número um, sustento;
S número dois, saber;
S número três, saúde.
Só a seguir ao sustento é que vem o saber.

Não te satisfaças com o programa de um partido:
inventa melhor.
Agostinho da Silva

Reiteradas vezes abordei o tema da inflação e de preços que não param de subir, assustando o brasileiro e os estrangeiros que aqui chegam. Fiquei impressionado, após viagens à França (2011/2013) e Portugal (2011/2012), com a barbaridade que é a confrontação de qualquer produto comercializado nesses países com os encontrados no Brasil. Traduzi minha indignação em posts contundentes. Vindos para a JMJ que se realizou no Rio de Janeiro, cinco jovens franceses que aqui chegaram e conheceram minhas netas, que também foram ao Encontro em que esteve presente Sua Santidade, o Papa Francisco, disseram-lhes que não acreditavam que o Brasil fosse tão caro.

Essa realidade é constantemente negada pelas altas autoridades do Planalto, que insistem em anunciar que a inflação está controlada e mais, que fizeram uma redução nos gigantescos dispêndios do governo que, aliás, só crescem.

Sob outra égide, o ex-presidente, ausente em momentos cruciais da vida pública e do cotidiano em  trágédias anunciadas mercê do descaso governamental, recentemente voltou a pronunciar-se e, seguindo velho refrão que vinha da época em que era oposição e se mantém após 12 anos e meses tendo o PT como partido, culpou novamente os “conservadores” pelo que presentemente ocorre no Brasil. Ausente no período mais crítico das manifestações de rua, tenta tirar dividendos de um movimento que, justamente, reclamava de todas as mazelas que estão a ocorrer. Repetitivo. Não esquecem do plebiscito, rejeitado no Congresso. Se porventura realizado, interessante seria a pergunta sobre os preços praticados no país.

Vem a propósito matéria publicada no “The New York Times” no último dia 22 de Julho sobre os abusivos preços vigentes entre nós, motivados por uma tributação descomunal para sustentar o establishment e, também, pela ganância de tantos da iniciativa privada, empresas, empreiteiras, sistema financeiro, comércio, profissionais liberais e serviços. Muitas vezes nesse espaço comparei os preços que cotidianamente nos são apresentados com os do Exterior. É que ouço as vozes nos supermercados, nas feiras livres… Pois bem, o artigo “Prices Fuel Outrage in Brazil, Home of the $30 Cheese Pizza”, assinado por Simon Romero e  publicado pelo importante jornal estadunidense, apenas ratifica o que todo cidadão não pertencente à classe política está a sentir. Alguns trechos merecem ser citados, pois demonstram realidade que a maioria desconhece. O articulista colheu também depoimentos realizados no Brasil.

“Aqui as pessoas com uma noção dos preços no Exterior têm que se preparar antes de comprar um celular Samsung Galaxy S4: o mesmo modelo, que custa $615 nos Estados Unidos, é quase o dobro no Brasil. Um choque ainda maior aguarda pais necessitando de um berço: o mais barato na Tok&Stok custa acima de $440, preço mais de seis vezes superior a um item similar na Ikea, nos Estados Unidos”. Em relação aos preços, observa: “muitos produtos made in Brazil, como automóveis, custam mais aqui do que nos países distantes que os importam”.

Tece observações sobre um dos pratos outrora mais populares, mormente em São Paulo, a pizza tão comercializada, preferencialmente aos sábados à noite:

“Para brasileiros fervendo de ressentimento com a gastança da elite política, o alto custo de praticamente tudo – uma pizza tamanho grande pode chegar a quase $30 – só põe mais lenha na fogueira”.

Sobre o transporte público:

“Moradores de São Paulo e do Rio de Janeiro gastam parte maior do salário em condução do que aqueles que residem em Nova York ou Paris”. E o salário mínimo no Brasil…

Exemplificando o preço de certos aluguéis:

“O aluguel de um apartamento em área cobiçada do Rio tornou-se mais caro do que em Oslo, capital da Noruega, país rico em petróleo”.

A respeito de um aspecto já tratado em post bem anterior sobre a ausência de uma verdadeira malha ferroviária e transporte marítimo no imenso território brasileiro, escreve o articulista:

“Os preços estratosféricos do Brasil podem ser atribuídos a inúmeros fatores, incluindo o gargalo dos transportes, que torna caro levar o produto ao consumidor”.

O drama dos tributos excessivos no país não foge ao olhar de Simon Romero que, após ouvir especialistas, comenta a causa – a política fiscal deturpada – e continua “Para piorar as coisas, para muitos brasileiros pobres ou de classe média lacunas permitem que os ricos evitem taxação de muito de sua renda; investidores ricos, por exemplo, podem fugir de impostos sobre os rendimentos de dividendos, e sócios em empresas privadas são tributados com taxas muito mais baixas do que muitos empregados”. Dessa distorção enorme resulta que “um morador de São Paulo, a capital financeira do país, tem que trabalhar em média 106 horas para comprar um iPhone, contra 54 horas de um trabalhador de Bruxelas, conforme estudo feito pelo banco de investimentos UBS. Para um Big Mac, o paulistano trabalha 39 minutos, contra 11 minutos de um morador de Chicago”, segundo o autor da matéria. É mencionado o Big Mac. E os restaurantes com certas estrelas e seus preços absurdos se comparados àqueles do Exterior!!! Os aeroportos repletos teriam uma explicação, segundo Simon Romero: “Basta entrar em qualquer aeroporto internacional no Brasil para que essas distorções mostrem-se claramente, com milhares de moradores locais voando diariamente para compras em países onde os preços são substancialmente mais baratos”.

Continuaremos a ouvir as palavras vindas do Planalto, proferindo que inflação, juros e a economia estão sobre controle. O ilustre Senador Roberto Campos sempre teve razão ao afirmar que “tudo vai mal quando tudo vai bem”.

I’ve often mentioned in my blog the incredibly expensive cost of living in Brazil in comparison with that of Europe. In this post I transcribe passages of a recent article published by The New York Times that corroborates my words. The title is self-explanatory: “Prices Fuel Outrage in Brazil, Home of the $30 Cheese Pizza”.